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Prazer em conhecer

Sou mulher, escritora, mãe, avó, curiosa e observadora. Às vezes tenho a impressão de que enxergo além do que estou vendo no comportamento das pessoas, às vezes vejo naquela atitude a criança que cresceu, mas os medos, e os gestos, ainda guardam aquela infantilidade que não acompanhou o tamanho daquele adulto, bem ali na minha frente.

Sou apaixonada pelo comportamento humano, por como funciona a mente, e o porquê de cada ser reagir da mesma forma em situações que a gente acha que aquilo é só nosso, mas não é. Todo mundo faz tudo igual, mudando apenas uma coisinha aqui e outra acolá. Por isso estudei muito; ainda estudo, li muito sobre o assunto. Fiz cursos e hoje escrevo sobre isso, das mais diversas formas.

O ser humano é esquisito, tem sentimentos de soberania como se fosse único na Terra, mas na verdade é só mais um, aquele pontinho no meio de tantos outros iguais, que sente dor, angústia, solidão, tristeza, alegria, que passa mal, precisa de um médico, corta as unhas, escova os dentes, e outras coisinhas tão comuns dos seres humanos, que o mais soberbo faz também.

A sociedade do mundo nunca entendeu que somos todos a mesma coisa, mudando apenas as fases da vida, um dia lá em cima e outro embaixo, um dia sem nada e em outro conquistando tudo que deseja, e vice-versa. Um dia alguma coisa me preocupa, me entristece, mas passa, como tudo passa, como tudo tem prazo de validade, até nós.

Aprendi com minha maturidade que nada tem mais valor do que a vida, a família e o amor. A vida porque é sua, é única, e só você pode cuidar e dar um sentido a ela, um caminho. Mas se errar não adianta culpar ninguém; lembra que a vida é tua? As consequências do que você é, também. Já a família é a única certeza que temos de pessoas que sempre estarão ao nosso  lado; salvo raras exceções, e que te amam de verdade. E o amor? É o sentimento mais nobre que podemos ter, traz paz, não te deixa doente, acumulando tensão, somatização de raiva, e se transformar na vítima da vida. O amor é leve.

Viver para você e por você, seja feliz como queira, desde que não prejudique ninguém, pois isso não é ser feliz, é ser incapaz. Família, a que nascemos, a que formamos, somos todos membros desse núcleo, ligados pelo sangue que nos une. Cuide, acolha, esteja sempre presente, tudo começou com eles, também termina com eles. Ame, ame muito e de verdade. Não fale para todo mundo que ama, não é verdade, afinal esse é um sentimento nobre e não uma palavra, apenas. Use-a com cuidado, apenas com quem te faz sentir o amor verdadeiro.

Por fim olhe por você, estamos aqui por nós e não pelos outros. Se preocupe com suas atitudes, com o que fala, como trata os outros, isso é o que faz de você um ser único, jamais existirá outro como você. Não decepcione quem te ama. Se seguir cuidando da sua vida, do seu caminho e dos seus sonhos terá cem por cento de chance de ser feliz. O que fica é o que fomos, e não o que acumulamos. Viva, ame e permaneça com sua família. Isso é a vida.

As crianças do mundo pedem socorro

Criança no meu tempo brincava na rua, gostava de brinquedo, de pular corda, brincar de roda. Criança respeitava adulto, se vestia como criança, passava de fases (da vida), se sentava à mesa nas refeições, assistia TV com a família, e nada disso resultou em problemas. Traumas, quem não tem? Não me lembro de meus pais fazerem coisas para me ver quieta, quando saíam com os amigos eu ia junto. Ninguém se distraia com telas, jogos eletrônicos, amigos virtuais, a vida era em família, de verdade.

Daí chega alguém e vai falar, ‘que papo mais careta, o mundo mudou, evoluímos, estamos nos anos 2000’, e eu digo: Que pena, não imaginava que evoluir era chegar nesse caos que vivemos hoje, nos mesmos anos 2000 que você exalta tanto. Crianças viciadas em jogos e precisando de tratamento psicológico, com doenças que antes acometiam basicamente adultos, e agora elas carregam o fardo dos anos 2000. Comida fácil, embrulhada e quentinha, que chega em casa, mas não foi a mamãe quem fez, foi a lanchonete famosa que produz em massa lanches e mais lanches, sem o cuidado do que contém ali. Mas e daí? Temos remédios para tudo, equipamentos hospitalares de última geração, dietas.

E os joguinhos da internet que tiram os pequenos do mundo real por horas? Não têm hora para entrar em casa, tomar banho, colocar pijama e jantar. Depois a cama arrumada e ouvir historinhas ou rezar pro anjo da guarda. Não, vão se deitar lembrando do jogo que perderam pro amigo, ou pior ainda, pro desconhecido que joga junto; se é criança, adulto, quem sabe? Mas está em casa, no quarto, pois então está seguro. Será mesmo?

Os esperados anos 2000 chegaram, e tudo mudou. O mundo virou de ponta cabeça, surgiram as pessoas que não têm medo de nada, xingam, humilham, enganam, trapaceiam, iludem crianças com armadilhas, um verdadeiro show de horrores. O que era para ser um espaço importante para a evolução do mundo, transformou-se em desespero. Nossas crianças estão sendo mortas por pessoas que usam a internet para o mal. Desafios que matam, coação.

O que de pior ainda tem para acontecer? Chegar a esse ponto de matar crianças que jamais, no mundo do século passado, se tornavam alvo; a não ser pelo pior da história em que crianças foram alvo, mas isso não poderia se repetir. Criança tem que ter o direito de viver sua infância. É preciso que se defenda, que seja garantido que crianças vivam como crianças.

Nunca acreditei que o mundo fosse acabar, mas hoje entendo que o ser humano é que está acabando com o mundo, acabando com a graça da vida, a liberdade, a alegria. Vivemos cada um por si, não sabemos se ao sair voltamos, sem garantia de nada, nem mesmo com nossas crianças, que estão cada vez mais expostas e jogadas ao fogo do mundo. Bem-vindos ao globo da morte, o mundo.

Amar com desejo ou com amizade?

Já dizia Rita Lee: “Amor sem sexo é amizade, sexo sem amor é vontade’

Amor sem sexo? Se há amor há desejo, sem desejo não há amor, que é a mesma coisa. São tantos os estereótipos que envolvem esse assunto, mas a verdade é uma só, o amor não é apenas uma união entre duas pessoas, é muito mais que isso, é cumplicidade, cuidado com o outro, relevância, ceder quando preciso, respeito. Mas também o desejo de estar, o sentimento, a companhia, o tato, a conexão; apesar das diferenças, que existem e precisam existir.

Se nada disso existir não é amor, pois onde não há desejo é apenas amizade, gostar de estar junto. Então por qual motivo hoje todo mundo fala que ama? Isso em casais, amigos e até mesmo com amigos instantâneos. A palavra se transformou num carinho sem sentido algum para o verdadeiro amor.

Se realmente existisse amor as relações não seriam tão perigosas e desrespeitosas, agressivas e, principalmente, individualistas. As opiniões hoje são solitárias, mas devastadoras, o EU tomou conta, eu sei, eu posso, eu quero. Não existe o acordo nem conversa, o vencedor é sempre um, o que ocorre sempre num verdadeiro desastre. O ter razão é muito mais importante do que o próprio sentimento, perde-se por orgulho.

Qual será a resistência tão forte em querer prevalecer? A vida é tão simples, não precisamos ficar o tempo todo na defensiva; todos nós erramos, só temos que ter humildade em reconhecer, pedir perdão. Mas não acontece.

O mundo já está cheio de maldade e desamor, competição, inveja, então por que não viver em paz com a sua consciência? Abra o seu coração e deixe o amor fluir, se entregue, mas não saia por aí amando todo mundo, isso não existe, amar é um sentimento muito nobre. Cuide do seu amor, tá difícil um amor de verdade.

As máscaras caem

Quando todos estão distraídos com seus atos é o momento em que caem as máscaras. O politicamente correto derrapa dando sua opinião, não raramente em alguma coisa já falada anteriormente, a tal contradição.

O ser humano é mascarado, e usa isso de acordo com a situação, lugar e não por que com uma pessoa? Ou será que todos são extremamente sinceros quando o assunto é falar de atos que enobrecem, situações nas quais jamais seria o vilão, mas sempre o mocinho? Em um grupo que seria o único diferente, mas para agradar mascara sua verdadeira opinião para inserir-se, ou ainda, a pessoa chata que não te deixa opção, e aí você faz o quê? Agrada.

O comportamento humano é curioso, as reações são inesperadas, se está sendo real ou não é improvável que identifique no momento, mas as contradições sempre chegam, e o quebra-cabeça começa a ser montado. O esforço para inserir-se na sociedade pode levar uma pessoa ao caos pessoal, tornando-se outro indivíduo, perdendo sua essência para ser reconhecido.

Nem tudo o que já foi falado um dia permanece igual para sempre, mas, nesse caso, é o que foi falado hoje e amanhã já não é mais. Essa situação parece estar mais ativa do que nunca. Há quem se esconde debaixo de uma máscara e não consegue ser mais quem realmente é. Perder a identidade não faz parte da vida, ter que utilizar de meios para enfrentar uma situação é aceitável, mas tornar-se outro para viver, além de deixar de existir, a sua vida será um personagem, e quando chegar ao fim ninguém vai saber que atrás daquela máscara existiu alguém que não se mostrou e perdeu a própria vida antes mesmo do personagem morrer.