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A autora Maristela Prado, formada em Letras, revisora de textos, biógrafa, crítica literária, casada, dois filhos adultos. Meu sonho era ser jornalista mas o destino mudou meus planos e, para não ficar longe da escrita, fui cursar a Faculdade de Letras. Mas a vida me trouxe um marido jornalista e hoje também uma filha jornalista. Para mim a escrita sempre foi a maneira mais marcante da comunicação, é através dela que conseguimos transmitir mensagens capazes de eternizar um fato ou sentimento. As letras me fascinam.

Solte para a vida

Uma mulher quando se torna mãe nunca mais é a mesma pessoa. Um filho traz consigo uma fragilidade tão doce, mas ao mesmo tempo a força do amor incondicional; na minha opinião o único Ser que conseguimos amar dessa forma.

Esse amor começa quando desconfiamos que estamos grávidas, e naquele momento já começam os cuidados, a preocupação com aquele ser que começa a se desenvolver dentro de nós. A cada surgimento da barriguinha tão esperada é uma alegria; a única barriga que a mulher gosta de mostrar, afinal lá está o grande amor da sua vida.

O parto é o momento mais incrível, onde mãe e filho acabam por reconhecer aquele rosto, porque o amor já existe há nove meses. É uma mistura de alegria, emoção de um momento no qual tudo se transforma dali para frente.

Essa ligação entre mãe e filho se estende por toda vida. Comemoramos cada conquista, os primeiros passos, as primeiras palavras, o sorriso de um bebê. Lutamos por aquele ser em todas as fases da vida, defendemos, brigamos, ensinamos; ah! como ensinamos, mas nem sempre seguem nossas orientações, são seres humanos únicos e com escolhas próprias, e seguem seu caminho, errando e acertando, mas sempre com a certeza de que têm para onde recorrer, para onde voltar, um colo onde chorar de alegria ou tristeza.

Tenho a certeza de que nossos filhos nos são enviados para que não só eles, mas principalmente nós possamos aprender muito, aprender que são nossos, sim, pois temos o compromisso de criá-los para o mundo e não para nós. São nossos até irem, e eles devem ir.

Não podemos ser egoístas nem possessivos, pois eles também vêm para a vida com o propósito de aprender, de ter suas próprias experiências, seus sonhos. Deixe que tropecem, pois precisam aprender, não terão nossa presença para sempre. Nós também aprendemos a caminhar e estamos aqui para contar.

Deixem ir, eles sabem que tiveram alguém que os ensinou o que era a vida; nós também não sabíamos e acho que nem sabemos ainda, mas viver é assim, a gente vai e se der certo continua; se não der, começa tudo de novo, diferente, mas começa.

Liberdade e passar confiança para seu filho é o melhor que se pode fazer, quem não tem confiança em si não consegue nada, sempre vai precisar de um empurrão e nada dá certo, sabe por quê? Não aprendeu a andar sozinho, e quando perder para sempre essa mão não saberá qual direção seguir.

Ver seu filho ir e dando certo é a resposta de Deus de que você cumpriu a sua missão com responsabilidade, não decepcionou quem acreditou em você. Sinta-se feliz com o Ser que você cuidou, é um pedacinho seu que deu certo aqui na Terra e vai levar a sua história para outras pessoas saberem quem foi você.

A misteriosa vida   

Quantas vezes você já parou pra pensar o que está fazendo aqui? Às vezes fico pensando o quanto é misteriosa a vida. O desenvolvimento da gravidez já é um enigma, uma célula que se junta ao esperma, e ali tudo começa.

Nasce, cresce, passa por muitas etapas na vida para aprender a viver, e já está tudo preparado. Cada adulto tem a cartilha pronta e só passa as informações adiante, e assim aprendemos o que nos ensinaram. Espera, por que precisamos fazer as mesmas coisas, por que não podemos mudar a forma de pensar que acompanha geração após geração? As coisas não podem mudar?

Alguém precisa parar essa involução, se é sempre igual não tem evolução, são ciclos repetitivos, incansáveis e atrasados. Por isso é necessário parar, mudar as regras para alcançar aquilo que as outras gerações não conseguiram mudar. De tanta repetição, a sociedade carrega crenças que não combinam mais com o mundo atual.

O machismo, por exemplo, só continua porque alimentamos com as diferenças impostas em meninos e meninas; eles podem, elas não podem. Mulher é responsabilizada por tudo de ruim que aconteça com ela; claro, a mulher quer ser estuprada, desrespeitada, preterida no trabalho, no trânsito, na vida. Os homens, ah, eles são assim mesmo.

Ainda temos o preconceito, racismo, homofobia, gordofobia, xenofobia e, resumindo, a ignoranciafobia, a melhor palavra pra definir tudo isso. Então por que não mudar se a ‘evolução’ humana começou há tantos anos?

Daí a gente para pra pensar e se pergunta: O que eu vim fazer aqui? É tão estranho prestar atenção na rua e ver tanta gente circulando e fazendo as mesmas coisas, só são diferentes na aparência, mas não na formação humana. Pra onde vai essa gente? Todo dia fazemos a mesma coisa, sentimos sono, fome, frio, calor, dor, tomamos banho, saímos, voltamos, nada muda.

Somos crianças, jovens, adultos, idosos e, nesses intervalos de tempo, se morre, acaba tudo, e choramos pela perda e voltamos a viver mesmo sem as pessoas. O que é isso? E nada muda? E vamos em busca do quê se nada é nosso? Tanta briga a troco de nada.

Será que tudo isso é um sonho, um instante que passa ou viver é isso mesmo, essa busca incessante por nada e por tudo sem saber quem somos? Será o Universo as flores, os animais, o mar, rios, riachos e montanhas e nós estamos apenas vendo tudo isso? Se parar pra pensar, as únicas criaturas que vão embora e viram pó são os ditos Seres humanos, o resto continua intacto, recebendo os próximos humanos que vêm e vão.

O mundo está imundo

As principais notícias que se ouve nos dias de hoje sobre o mundo são aterrorizantes. É difícil acreditar que não acontece mais nada de bom, é briga, guerra, doença, manifestos, crimes, parece que a humanidade retrocedeu alguns séculos. Vejo acontecerem fatos que, sinceramente, hoje nem deveriam mais ser lembrados, mas que voltaram com muita intensidade.

Desde a minha infância ouvia que o mundo acabaria no ano 2000, não era exatamente naquele ano, mas neste milênio. Vinte e dois anos depois nos vemos numa imersão tão suja, com tantas revelações, máscaras caindo, acontecimentos tão improváveis com o que imaginávamos – lembro-me dos filmes ultra avançados com seres evoluídos; que ilusão, não há evolução nenhuma. Apesar de todas as mudanças, que, assim como eu, muitos de vocês que estão lendo também viram as transformações, o que deveria ser para o bem transformou-se para o mal, para destruição.

Sentimos que o mundo começou a acabar a partir deste milênio, pouco a pouco. É triste ver o abismo chegando cada vez mais perto, e sentindo que não temos força para lutar contra, estamos cercados, precisamos unir forças para não permitir que o mundo seja (mais) destruído.

A natureza está cada vez mais nos dando alertas de que está tudo errado e precisamos parar. A Terra precisa de paz, precisa de amor, precisa repartir. Por que tanta discórdia se a solução não é essa? O capitalismo tomou conta, tornou-se uma guerra. O que mais precisamos que aconteça para aprendermos que podemos lutar contra o que não queremos?

Estamos atravessando um mar de lama e, se não houver nada para que isso pare, não sobrará ninguém para contar, tanto  pela destruição feita através das  armas de fogo quanto pela destruição humana. Nosso clima, de tanto desmatar, construir arranha-céus, mexer no habitat de animais e da natureza, o homem conseguiu destruir o Planeta, e continua.

Além desta destruição ainda temos a da mente humana que corrompe, que mata, que desafia as leis da natureza, que manipula, cria o medo, o ódio, a desunião, a competição, como se alguns tivessem o privilégio de mandar e desmandar na população do mundo.

Qual a razão de ter a sagacidade de tirar privilégios de um ser igual a você? Destruir vidas em nome de tomar posse de um lugar, de uma terra que não pertence a nenhum de nós? Tirar a liberdade de Ser como se o outro não fosse como você? Tirar vidas, colocar pessoas em situações de obediência a alguém que veio e vai embora sem aviso prévio, assim como você? Desculpe, mas esse retrocesso no tempo, nos esperados anos 2000, no século XXI não dá pra encarar mais. Ou o mundo muda e as pessoas se conscientizam que todos somos iguais e sem privilégios, sem posses, sem ser melhor do que ninguém, ou seremos engolidos por algumas centenas de loucos que pensam que mandam e comandam o mundo como querem. Esse não é o mundo que queremos.

Lutar por um mundo melhor é um direito de quem não está nesta sintonia, nesta energia do mal. Somo muitos na energia do bem, e por isso sentimos o que acontece mesmo que longe de nós, isso é compaixão. Estão querendo acabar com a humanidade, querem dominar, mandar, exercer força sobre nós, e podemos impedir. Diga não à guerra, diga não à violência, diga NÃO.

Você sabe o que é empoderamento feminino?

Empoderamento feminino. Afinal, o que significa isso? A palavra no dicionário quer dizer poder, estar no poder, possuir poder, autoridade, domínio sobre. Ouve-se muito essa expressão sobre as mulheres, mas estar no poder é só cargo, autoridade sobre algo ou alguém, dominar? Não concordo plenamente com isso. Em primeiro lugar, mulher empoderada é qualquer uma que esteja à frente, seja na família, na criação dos filhos, aquela que trabalha e chega em casa e ainda tem o segundo turno; ser dona de casa, sim, é essa mesma a palavra, ou será que hoje assumir o lar é vergonhoso, é pejorativo?

Quando se pronuncia essa palavra já vem à cabeça aquela mulher vestida social, poderosa, com seu look intelectual, independente financeiramente, dona da sua própria vida. Ok, é de fato, mas e as outras que cuidam e administram uma casa, às vezes até uma família toda fazendo papel de pai e mãe, além de trabalhar fora, não conta?

A sociedade passou a abominar a mulher que não trabalha fora e optou por cuidar ela mesma dos filhos, como se todas as mulheres tivessem que passar a fazer a mesma coisa, se descompromissar da sua vida particular e viver apenas na versão poderosa socialmente, sendo que seu maior poder é ser mulher.

Trabalhar fora e dentro de casa, administrar uma casa, ser mãe, mulher e ainda ter que ouvir maledicências de um machismo antigo e preconceituoso, inclusive de mulheres, ser assediada pela sua roupa, se fuma, se bebe, se é inteligente e capaz; isso tudo já é empoderamento mais do que qualquer cargo ou vantagem (que são poucas), e ainda assim é chamado de frescura.

Parabéns às mulheres de todos os patamares, de empresária a dona de casa, não existe empoderamento significativo no dicionário que classifique qualquer uma, o poder está nas mãos delas. Perceba que apenas as mulheres são capazes de fazer tudo e ainda sair plena. A força da mulher não está no músculo, está no comprometimento que assume em cada situação da sua vida, e isso só as mulheres têm. Precisa provar mais?

Arte na ponta dos dedos

No feriado de Carnaval estava na praia com minha família quando chegou um moço todo sujo de tinta, barbudo, bem maltratado, pediu a mim se podia mostrar seu trabalho, sem compromisso. Aceitei, tirou dois azulejos com várias cores de tinta, pegou um em branco e começou a pintar com os dedos. Era tão perfeito o trabalho que outras pessoas que estavam em volta pararam para olhar, não levou mais do que 10 minutos. Não só comprei, como outras pessoas pagaram apenas por ter visto a capacidade dele. Saiu agradecendo a Deus e abençoando o dinheiro ganho.

A foto é o azulejo que ele pintou. Por que uma pessoa com tanto talento não tem a chance de mostrar o seu trabalho? Talvez porque não tem ninguém que lhe apresente ao mundo. Existe tanto talento escondido andando nas ruas, praias e praças, e que não tem oportunidade nem ninguém que os veja. Certamente esse moço só precisa ser visto além da sua aparência. Tem tanta gente esnobando por aí ganhando muito para não agregar nada no mundo, e tantos outros que fariam diferença, mas sequer são notados.

Os valores estão invertidos, pois há pessoas com mais do que deveriam ter e outras sem nada porque está nas mãos de quem não merece. Há pessoas trabalhando em cargos para os quais não têm capacidade, enquanto outras com tanta capacidade estão em posições abaixo daqueles que nada ou pouco sabem. Artistas que tocam, cantam, pintam nas ruas sem nunca serem reconhecidos, enquanto outros ganham os palcos e as mídias sem talento algum.

O mundo é para todos, as oportunidades também. Ninguém veio passar férias, mas algumas pessoas acham que sim. Ninguém é suficiente sozinho, vivemos em grupo e por isso precisamos uns dos outros. Ajudar é um ato de amor, muitas vezes uma pessoa só precisa de um apoio, uma atenção. Podemos mudar a vida de alguém apenas dando atenção, ouvindo e estendendo a mão. A vida é um privilégio de todos, somos todos um pontinho nessa imensidão, um do lado do outro, com uma única importância: viver

Doa a quem doer

Se valer da derrota de outro não é vitória, é incompetência. Achar que está por cima apenas porque detém de meios incompatíveis com a verdade, não faz de você o ser mais inteligente. Ao contrário do que pensam, a pessoa inteligente age com educação e respeito pelo outro, desempenha o que sabe com sabedoria; diferentemente de quem age com a prepotência, ou ainda pior, com o desprezo e o tanto faz.

A grande disputa é com o próprio ego, que não aceita saber menos ou não ter a mesma competência do outro. Então, é preciso uma estratégia, e claro que não é usando a inteligência, mas o pior lado do ser humano, a maldade.

Se ao pensar em fazer algo ruim para alguém parasse para pensar nas consequências que isso possa vir a repercutir na própria vida, acho que em sã consciência não faria. Sempre que se comete o mal, como um bumerang, a vida traz de volta. A lei da atração. Pode demorar, mas a vida traz de volta.

Não há nada melhor do que uma consciência tranquila, um agir sabendo que está fazendo o bem para você mesmo, plantando e colhendo frutos bons e não podres. Cada vez que fizer algo que gratifica não só você, mas também o outro, lá na frente terá sua recompensa.

O foco aqui é o quanto de vantagens alguns se estão valendo em detrimento a outros. Qualquer coisa que se conquiste que não seja de forma legal não é seu, não fez por merecer, enganou ou se fez parecer alguém que não é, e isso não te qualifica, te empobrece ainda mais; lembrando que pobreza não é só financeira, mas pior ainda, de espírito.

Pode estar achando que é papo careta e que ninguém mais pensa assim. Realmente muita gente hoje olha apenas para o seu próprio umbigo sem pensar em ninguém, o doa a quem doer. Agora te pergunto, você já fez doer ou já foi doído por quem pensa assim? Foi bom? Achou justo estar desse lado? Afinal, ninguém pensa mais em ninguém, não é mesmo?

Acontece que nossas conquistas dependem de nós mesmos, se não fizer a lição de casa da vida da maneira certa, se passar a vida colando do coleguinha ou dedurando para ser o primeiro da classe, um dia será descoberto e o professor vai te deixar atrás de todo mundo para começar tudo outra vez. Vai sentir vergonha, vai doer muito, mas é assim que se aprende a tarefa da vida. Ou se faz direito ou vai sofrer as consequências. No final, quando acaba o ensino, se aprendeu deixará boas lembranças, se não aprendeu terá que rever tudo e ainda será esquecido. Faça certo enquanto há tempo, não sabemos quando o ensino vai acabar.

‘Horizonte Perdido’, Muito mais do que uma ficção.

Não costumo fazer resenha crítica sobre filmes, mas esse, especialmente, me chamou a atenção. Assisti pela primeira vez nos anos 1970, ainda era criança, mas saí encantada do cinema com meus pais e minha irmã, tanto que nunca esqueci das cenas e da trilha sonora, que ouço até hoje. É claro que não compreendi, na época, a mensagem que o filme passou, apenas que ali as pessoas não envelheciam e eram felizes.

Ultimamente ando recordando muitos momentos daquela época tão feliz da minha vida, anos 1970 e 1980, que deixaram uma história que volta e meia retorna. Procurei o filme na internet e encontrei, na íntegra, e resolvi escrever porque fiquei impressionada com a mensagem que passa ser tão atual, parece mais uma profecia do que viveríamos hoje.

O autor, James Hilton, escreveu este romance em 1933, e em 1937 foi transformado em filme pela primeira vez, tendo seu remake em 1973. A história se passa numa fuga da guerra na China, e um dos aviões que levava um diplomata e mais quatro americanos é sequestrado e cai num deserto de neve do Tibet. Seus integrantes, todos vivos, são encontrados por um povo local, perto do acidente, e são levados para um lugar chamado Shangri-la, onde as pessoas não envelhecem e são felizes. É aí que vem toda a mensagem do filme.

Em meio a um lugar paradisíaco e uma trilha sonora lindíssima, com músicas do maestro Burt Bacharach e letras totalmente intuitivas a uma vida como deve ser vista e vivida por cada um de nós. Não estou aqui para influenciar ninguém, mas para chamar a atenção do mundo no qual estamos vivendo; como eu mesma já retratei várias vezes nas minhas crônicas, um mundo competitivo, maldoso, onde as pessoas se digladiam diariamente por um lugar, uma posição, status, poder, assuntos que são recorrentes de muito tempo, mas que só pioram.

Não quero a longevidade, mas uma vida em paz, em que cada um segue o seu caminho, olhe para sua vida com gratidão sem querer a destruição da humanidade, do nosso Planeta. Uma vida na qual se possa enxergar mais a beleza do que é viver. Cada um viver a sua vida.

No filme, o mestre do Vale fala que a loucura no mundo já existe; lembrando que esse romance foi escrito em 1933, ou seja, o caos já existe muito antes disso tudo. Diz que os comandos são obtusos, os humanos estão confusos. Que o mau se autodestruirá, o mundo chegará um dia a procurar uma nova vida. Então, pede para que sejamos gentis e pacientes, ter o amor fraternal. Um novo mundo sairá das ruinas. Isso não te lembra o que estamos vivendo hoje? Teria sido uma profecia?

Vejo que estamos vivendo esse mundo problemático que está levando o ser humano ao caos da existência neste Planeta, com discursos de ódio, intolerância, briga por poder, e nós no meio disso tudo.

O filme é uma ficção, mas a nossa realidade não, e não podemos negar o caos em que o mundo se encontra. Desta forma, vejo que há muito tempo que o ser humano está passivo na destruição, vendo e não agindo contra os desmandos e interesses que não são da maioria. Estamos vendo o Planeta sendo engolido pelas tragédias, mas parece que está tudo bem, pois apesar de tudo continuamos a viajar, a reclamar e ver as tragédias como se a culpa não fosse nossa. Afinal, não estamos fazendo nada para que isso acabe, muito pelo contrário, estamos assistindo a destruição achando que mês que vem acaba, que daqui a alguns meses chegará alguém para colocar ordem nisso tudo, que ano que vem será melhor.

Não há mais tempo para esperar um salvador, somos nós mesmos. Se cada um entender que temos o poder de mudar nossas atitudes, juntos mudaremos o mundo. Abaixo vou colocar o trecho de uma música do filme, que também é reflexiva, para pelo menos se inspirarem no que é bom e em como podemos mudar nossa vida com pouco, é só querer.

 “Quando você olha para si mesmo – você gosta do que vê? Se você gosta do que vê, você é a pessoa que deve ser. Porque o seu reflexo reflete em tudo que faz, e tudo que você faz reflete em você. Quando você acorda todos os dias, você gosta de como você se sente? Se você gosta de como você se sente, você não tem nada a esconder. Quando você se deita para dormir – você gosta dos seus sonhos? Se você gosta de todos os seus sonhos, a vida é tão feliz quanto parece. (Música: Reflections, cantada por Sally Kellerman)

Janeiro de 2022. O mês que tudo aconteceu

2022 tem apenas dezenove dias, nem completou um mês ainda, mas parece que faz um ano que entramos no novo ano, pois já aconteceu de tudo e mais um pouco nesses dias.

Já iniciamos com as tragédias de enchentes na Bahia, que começaram em dezembro de 2021 e continuaram nos primeiros dias de 2022. Pessoas desabrigadas, famílias que perderam tudo o que tinham, ficaram só com a roupa do corpo. 26 mortos.

Quando a chuva deu uma trégua e puderam ver suas casas e tentar recuperar o que sobrou foi a vez de Minas Gerais. Chuvas, rompimento de barragem e uma rocha que se desprendeu em Capitólio, matando 10 pessoas que estavam numa embarcação.

Chuvas com enchentes no Espírito Santo, tsunami em Tonga (Nova Zelândia), meteoro que caiu em Minas Gerais, invasões de besouros na Argentina e de pássaros em um estacionamento nos EUA. Aumento dos casos de Covid, gripe H3N2. E tá tudo bem?

Será que as chuvas passaram a ser mais intensas só porque aumentou um ou dois graus na Terra, o efeito El nina é um fenômeno natural, as queimadas são perfeitamente normais, os tsunamis acontecem, a pandemia não acaba e continua matando pessoas mesmo depois de vacinas, e não conseguem dar um fim nisso? Além de tudo, chega uma gripe fora de época, grave, falta alimento na mesa de muitos brasileiros, o salário não acompanha os aumentos abusivos, a economia vai mal das pernas, o mundo está enlouquecido, enfraquecido, cansado e não se encontra solução pra nada?

Alguém te avisou que entraríamos num redemoinho no século XXI que não teria saída? Quantas tragédias serão necessárias para se perceber que o ser humano estragou tudo? E quem tem que consertar? Nós mesmos. De braços cruzados esperando que sejamos vistos continuaremos a ser mais engolidos sem saída para a vida.

Deixar a natureza em paz é o começo de tudo.

Quando tudo acabar, tudo vira pó

A vida passa e deixamos de fazer tanta coisa por não dar valor naquele momento, com a desculpa de depois eu faço, amanhã eu vou. Quanto erro, e depois tem que ter o culpado, pois raramente esse título cabe a si mesmo, mas na maioria das vezes é.

Quando vimos tragédias como estas que estamos presenciando, nos damos conta de que vivemos totalmente errado, nos preocupando com coisas pequenas, e não nos damos conta que em fração de segundos tudo pode acabar. E daí eu pergunto: valeu a pena ter deixado de fazer o que queria, ter pedido perdão ou perdoar alguém? Dizer eu te amo, dar um abraço, escancarar mesmo o coração sem pensar se está certo ou errado?

Quantas bobagens fazemos em nome do orgulho ou de não querer demonstrar um sentimento, de falar a verdade, de chorar, de concordar que está errado, que ninguém é perfeito, ninguém é invencível. É só viver e pronto, deixar fluir, ser um ser humano de verdade, sem máscaras.

Quantas tragédias estão acontecendo no mundo afora? Não é momento de parar pra pensar e sentir que a natureza está nos chamando a atenção para a vida? Está tudo errado, é muito egoísmo e egocentrismo, peito estufado e nariz empinado, aparências infladas, posições privilegiadas. Vidas vazias, orgulho pelo superficial, e a superioridade que só existe no ego de quem a carrega, porque o abismo está na frente o tempo todo, e sem perceber, se deixa de existir, e não é mais nada.

Depois de dois anos de tantas más notícias e de perdas, vamos viver a vida como ela é de verdade, contemplar a natureza do jeito que ela é, sem querer mudar ou transformar o curso natural dela. Vamos viver por nós mesmos e não para os outros, cada um faz a sua parte, o melhor que pode por você e sua família. Seja feliz, viva em paz, ninguém tem que provar nada, ninguém veio pra competir, viemos para aprimorar a nossa própria vida. Chega de malandragem e oportunismo, as melhores coisas da vida são de graça, é simples viver. Viva pra você e por você, o que você faz, conquista, tem, ou a sua opinião, só interessa a você.

Portanto, pense se vale a pena tanta competição e discussão se não levamos nada daqui, e quando acaba toda a corrida, viramos pó e não sobra nada.