Em 1988 foi quando chegou a internet no Brasil. Uma realidade totalmente desconhecida para muitos, curiosidade, espanto e até mesmo falta de interesse por alguns, afinal era tudo muito novo e estávamos acostumados a uma vida reservada. Fazíamos pesquisas nas bibliotecas ou em enciclopédias, que quase todas as famílias tinham. Era tudo muito normal, usávamos orelhão quando estávamos nas ruas ou telefone fixo em casa, até que tivemos que aprender a conviver com aquela tal de internet.
Já nos anos 1990 grande parte da população começou a integrar na decoração da casa ou escritórios os computadores. Eram grandes e tomavam muito espaço, a conexão era feita por linha telefônica e o tempo era curto, não dava pra ficar horas sem o telefone, até que também no fim deste mesmo ano chegou o celular, o tijolão, apelido carinhoso pelo tamanho do telefone móvel.
No mesmo ano a internet tomou uma projeção muito grande e logo os hábitos antigos começaram a desaparecer, mensagens e sites de amizades, como o Orkut, começaram a surgir. Mas foi nos anos 2000 que tudo mudou de verdade, de internet discada passou a banda larga, conexão direta. O número de computadores e celulares começou a crescer desordenadamente. Hoje é praticamente impossível conhecer alguém que não tenha um smartphone, nem celular mais se pode dizer, quem não tem um smart está fora do mundo virtual.
Só que o que deveria ser um aliado na vida, e é de fato em alguns momentos, tornou-se uma dor de cabeça psíquica mundial. Hoje não só crianças e adolescentes, mas adultos também, são completamente reféns deste aparelho, consequentemente da internet, essa que chegou para ajudar, e no mundo atual leva as pessoas para fora do mundo real da vida de cada um, cada vez mais ligados neste pequeno aparelho, mas com capacidade de armazenar sua vida.
A partir de toda a evolução, com a passagem dos anos fomos totalmente reprogramados a esquecer a vida lá fora e ficar a maior parte do tempo conectados no nosso pequeno grande amigo, que consome horas do nosso dia, pesquisando, relacionando, conectando com o mundo virtual de uma forma que, se hoje dissessem “acabou a internet”, teríamos milhões de pessoas precisando de tratamento psicológico, para a felicidade dos profissionais da área, por abstinência tecnológica.
Convivemos com um inimigo diário que nos passa também notícias falsas para disseminar o ódio e a discórdia entre as pessoas. O monitoramento é feito sem cerimônia, você chega em casa e é surpreendido com a pergunta: “O que você achou de tal lugar?” ou ainda, “Seu amigo tal acabou de postar. Chegamos ao big brother real sem a nossa permissão, vigiados o tempo todo. Nada diferente do que praticamente previu o escritor britânico George Orwell no livro “1984”, publicado no longínquo ano de 1949.
Agora eu pergunto, como ficam as crianças que adoram jogar? Além de estarem viciadas em jogos, não conhecem a vida real, o mundo deles é totalmente virtual e são monitorados, para nossa tristeza. Precisamos urgentemente voltar a ter privacidade, a viver sem ser achado, sem ser julgado ou ainda ter liberdade de pensar e não ter que expor. Olhar-se no espelho e se achar bonita(o) sem ter curtidas, não precisar ouvir “você merece”, pois você sabe disso, ninguém precisa te dizer. São tantas coisas desnecessárias que acontecem neste mundo virtual, que estão deixando as pessoas doentes, que queremos apenas saber. Quando isso vai acabar?
A internet é importante, mas o que não é bom é exatamente os perigos que proporciona, como invasão de privacidade, contas hackeadas, exposição, a necessidade de aparecer e ser o melhor. Porém passaram a usar como arma, discursos atrás de um teclado, só não percebem que estão sendo engolidos por uma máquina que sabe mais de você do que você mesmo.