O Brasil está na UTI


Nunca passamos por uma situação tão triste como essa, nunca tivemos tanto controle de liberdade como agora. De repente a vida ficou triste, nada mais podemos fazer, até quando? Enquanto não param de crescer os números de mortos, não vemos nenhuma solução. Onde vamos parar, ou aonde querem que paremos? O poder virou uma doença, contagiosa destrutiva.

Nunca achei que felicidade fazia parte de bens materiais, do ter, isso é transitório e não traz sentimento, mas traz orgulho, apego, soberba, coisas que não fazem nada de útil para sua missão nesta vida, não preenche o vazio que muitas pessoas sentem, apesar de toda riqueza, fama e acúmulos. Morrem nesse vazio e não fizeram nada do que deviam ter feito.

A verdadeira felicidade está nas coisas que não têm preço, como a natureza, a risada gostosa, fazer carinho num bichinho, ouvir uma música que te remete a um tempo que não volta mais, um beijo em quem se ama, um abraço. Não podemos mais nem nos nossos pais. Triste.

Levaram embora nossa felicidade, nossos encontros, confraternizar com a família e amigos, comemorar, brindar a vida. Viajar, ter liberdade, planejar, sonhar, contar com o dia seguinte. Agora tanto faz.

Eu não ligo mais a televisão, não tenho nada para ver que me faça bem. Notícias? Morte, número de mortos, enganações, roubo, malandragem; eu quero ver sobre a vida. Novelas? É tudo o que está acontecendo lá fora, brigas, armações, falsidade, ‘esperteza’, violência. Não quero ver isso, quero ver o amor, o passeio, as risadas, as coisas boas da vida.

Hoje tenho vontade de ter tudo o que tinha no passado, recuperei meu aparelho de som com toca disco, CD e rádio, Ô coisa boa que é trocar de CD, colocar vários LPs para ouvir na caixa acústica antiga. Leio muito livro, compro novos e releio antigos, pego receita no meu caderno de receitas que minha mãe e minha avó me passaram. Eram (e são) tão boas, com glútem, lactose e vida; hoje não tem mais vida a comida, tudo é proibido em nome do corpo perfeito. Cuido sim da minha saúde, mas não deixei de ter prazer no que eu gosto.

Ouço Cazuza, Tim Maia, Caetano, Chico, Bethânia, Paralamas, Queem, Barry White, Michel Jackson, Steve Wander, Ray Coniff, Burt Bacharach e tantos outros do passado, que nunca morreram, são músicas eternas, de qualidade que não acaba; no CD ou LP.

Vivo hoje com a felicidade de ter minha família viva, pois laços não se perdem. Sou feliz porque tenho dois filhos, são a minha vida, meus companheiros, meu marido, que está ao meu lado para o que der e vier, meu neto, que faço tudo por ele, meus pais, minha irmã e sobrinhas, e amo todos. Por fim, por mim, que apesar do que querem destruir na vida do ser humano, não conseguirão destruir quem você é, sua história, seu caráter, sua família e principalmente, o que é meu ninguém tira.

Esse recado quero deixar como um alento para as pessoas que, assim como eu, estão cansadas de tanta barbárie aos nossos olhos e não ter como findar. Mas uma coisa temos, a certeza de que não estamos sozinhos, tem alguém muito maior cuidando de nós, eu creio.

Em oração pelo Brasil e pelo mundo, dias melhores virão!

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