Outro dia assisti a uma entrevista com crianças dos anos 1960 sobre como elas achavam que seria o ano 2000, e imaginaram desde computadores que dominariam o mundo, robôs, superpopulação e até o aquecimento global. A profecia foi feita com sucesso.
Agora poderíamos fazer o mesmo com as crianças dos anos 2000, ou seja, como elas acham que será o mundo daqui a 50 anos? Talvez um pouco previsível, já que a tecnologia não para de avançar.
É preocupante ver que robôs estão dominando o ser humano, e até que ponto isso pode ser positivo? O que será do futuro, se já estamos vivenciando o quase sedentarismo mental? Sem qualquer esforço, o ser humano será imprestável, já que um robô o está substituindo aos poucos em tudo, tomando conta.
Se conhecimento e cultura se adquirem lendo, escrevendo, estudando, como tudo isso será sem que haja interesse e disposição em aprender? Só será necessário dar comandos. Será que seremos servos dos robôs? O ser humano está sendo tragado por máquinas e nem percebe o tamanho do buraco.
Dizem até que os robôs vão se rebelar contra nós. Não acho que chegará a tanto, mas é fato que o humano, e modo geral, está se deixando dominar, ficando tudo mais fácil, sem muito trabalho. E se isso se tornar tão confortável ao ponto de não sermos mais capazes de agir sozinhos? Quanto pode ser destrutivo? Afinal, corremos o risco, inclusive, sobre o que podem fazer com nossa imagem, voz e até com nossa vida.
Essa nova geração de crianças já nasceu num mundo tecnológico, pois o primeiro contato com as telas começa muito cedo. É comum ver bebês que já ficam distraídos vendo imagens e joguinhos no celular ou tablet. O estrago começa mesmo antes do desenvolvimento cognitivo, e os equipamentos fatalmente serão os passatempos prediletos.
As telas invadiram as escolas, a princípio com um bom propósito, nas quais as crianças faziam pesquisas em sala especial, montada com computadores, mas aos poucos foi permitido o uso de tablets nas salas de aula para facilitar o processo. Mas por que isso seria importante no aprendizado, visto que já utilizam em casa na maior parte do tempo? Não sou contra a informatização das escolas e do processo de ensino apenas acho que as crianças já passam tempo demais em frente às telas, e as escolas colaboraram para que não se desconectem. Os livros didáticos e a escrita com as próprias mãos não podem deixar de existir, são ações que servem como estímulo ao cérebro e também à memorização do que se escreve. É assim que se aprende.
Na Suécia já voltaram ao processo dos livros didáticos e aboliram o uso de telas nas escolas. Isso porque, de acordo com pesquisas, os alunos suecos tiveram uma queda no aprendizado, que estaria relacionada ao fato de a tela tirar a concentração, enquanto em livros de papel é mais fácil a memorização. Esse exemplo deveria ser seguido, visto que as crianças e jovens brasileiros passam um tempo muito grande do dia focados nas telas.
Agora mesmo, aqui no Brasil, em São Paulo, o governador Tarcísio de Freitas disse que iria digitalizar as escolas em 100% em 2024, mas como a notícia não teve boa repercussão, ele voltou atrás e disse que irá encadernar esse material para quem assim preferir. Esse assunto é um tanto polêmico e não vou discutir, apenas quero chamar a atenção do que essa tecnologia desenfreada pode repercutir negativamente com o futuro dessa geração.
Nossas crianças não conheceram a infância de verdade, como foi com as gerações anteriores. Não existe mais programa infantil, músicas e nem mesmo desenhos compatíveis com a ingenuidade de uma criança. Não tem mais fantasia, o mundo real faz parte dos pequenos muito rápido, o excesso de informação acelerou a puberdade, e a melhor fase da vida acaba muito cedo.
Espero que tudo seja diferente, que essas crianças sejam adultos inteligentes e mais humanos do que temos hoje. Que possam mudar o mundo com a tecnologia que nasceu com eles e fazer um lugar melhor para se viver.