Solte para a vida

Uma mulher quando se torna mãe nunca mais é a mesma pessoa. Um filho traz consigo uma fragilidade tão doce, mas ao mesmo tempo a força do amor incondicional; na minha opinião o único Ser que conseguimos amar dessa forma.

Esse amor começa quando desconfiamos que estamos grávidas, e naquele momento já começam os cuidados, a preocupação com aquele ser que começa a se desenvolver dentro de nós. A cada surgimento da barriguinha tão esperada é uma alegria; a única barriga que a mulher gosta de mostrar, afinal lá está o grande amor da sua vida.

O parto é o momento mais incrível, onde mãe e filho acabam por reconhecer aquele rosto, porque o amor já existe há nove meses. É uma mistura de alegria, emoção de um momento no qual tudo se transforma dali para frente.

Essa ligação entre mãe e filho se estende por toda vida. Comemoramos cada conquista, os primeiros passos, as primeiras palavras, o sorriso de um bebê. Lutamos por aquele ser em todas as fases da vida, defendemos, brigamos, ensinamos; ah! como ensinamos, mas nem sempre seguem nossas orientações, são seres humanos únicos e com escolhas próprias, e seguem seu caminho, errando e acertando, mas sempre com a certeza de que têm para onde recorrer, para onde voltar, um colo onde chorar de alegria ou tristeza.

Tenho a certeza de que nossos filhos nos são enviados para que não só eles, mas principalmente nós possamos aprender muito, aprender que são nossos, sim, pois temos o compromisso de criá-los para o mundo e não para nós. São nossos até irem, e eles devem ir.

Não podemos ser egoístas nem possessivos, pois eles também vêm para a vida com o propósito de aprender, de ter suas próprias experiências, seus sonhos. Deixe que tropecem, pois precisam aprender, não terão nossa presença para sempre. Nós também aprendemos a caminhar e estamos aqui para contar.

Deixem ir, eles sabem que tiveram alguém que os ensinou o que era a vida; nós também não sabíamos e acho que nem sabemos ainda, mas viver é assim, a gente vai e se der certo continua; se não der, começa tudo de novo, diferente, mas começa.

Liberdade e passar confiança para seu filho é o melhor que se pode fazer, quem não tem confiança em si não consegue nada, sempre vai precisar de um empurrão e nada dá certo, sabe por quê? Não aprendeu a andar sozinho, e quando perder para sempre essa mão não saberá qual direção seguir.

Ver seu filho ir e dando certo é a resposta de Deus de que você cumpriu a sua missão com responsabilidade, não decepcionou quem acreditou em você. Sinta-se feliz com o Ser que você cuidou, é um pedacinho seu que deu certo aqui na Terra e vai levar a sua história para outras pessoas saberem quem foi você.

A misteriosa vida   

Quantas vezes você já parou pra pensar o que está fazendo aqui? Às vezes fico pensando o quanto é misteriosa a vida. O desenvolvimento da gravidez já é um enigma, uma célula que se junta ao esperma, e ali tudo começa.

Nasce, cresce, passa por muitas etapas na vida para aprender a viver, e já está tudo preparado. Cada adulto tem a cartilha pronta e só passa as informações adiante, e assim aprendemos o que nos ensinaram. Espera, por que precisamos fazer as mesmas coisas, por que não podemos mudar a forma de pensar que acompanha geração após geração? As coisas não podem mudar?

Alguém precisa parar essa involução, se é sempre igual não tem evolução, são ciclos repetitivos, incansáveis e atrasados. Por isso é necessário parar, mudar as regras para alcançar aquilo que as outras gerações não conseguiram mudar. De tanta repetição, a sociedade carrega crenças que não combinam mais com o mundo atual.

O machismo, por exemplo, só continua porque alimentamos com as diferenças impostas em meninos e meninas; eles podem, elas não podem. Mulher é responsabilizada por tudo de ruim que aconteça com ela; claro, a mulher quer ser estuprada, desrespeitada, preterida no trabalho, no trânsito, na vida. Os homens, ah, eles são assim mesmo.

Ainda temos o preconceito, racismo, homofobia, gordofobia, xenofobia e, resumindo, a ignoranciafobia, a melhor palavra pra definir tudo isso. Então por que não mudar se a ‘evolução’ humana começou há tantos anos?

Daí a gente para pra pensar e se pergunta: O que eu vim fazer aqui? É tão estranho prestar atenção na rua e ver tanta gente circulando e fazendo as mesmas coisas, só são diferentes na aparência, mas não na formação humana. Pra onde vai essa gente? Todo dia fazemos a mesma coisa, sentimos sono, fome, frio, calor, dor, tomamos banho, saímos, voltamos, nada muda.

Somos crianças, jovens, adultos, idosos e, nesses intervalos de tempo, se morre, acaba tudo, e choramos pela perda e voltamos a viver mesmo sem as pessoas. O que é isso? E nada muda? E vamos em busca do quê se nada é nosso? Tanta briga a troco de nada.

Será que tudo isso é um sonho, um instante que passa ou viver é isso mesmo, essa busca incessante por nada e por tudo sem saber quem somos? Será o Universo as flores, os animais, o mar, rios, riachos e montanhas e nós estamos apenas vendo tudo isso? Se parar pra pensar, as únicas criaturas que vão embora e viram pó são os ditos Seres humanos, o resto continua intacto, recebendo os próximos humanos que vêm e vão.