Palavra de mãe dói?

“Ser mãe é padecer no paraíso.” Qual será o sentido dessa frase? Quem será que inventou? Uma mãe desorientada, um psicólogo, um filósofo? 

É, a maternidade é o maior aprendizado do amor, do cuidado, da proteção, mas também ensina o quão difícil é ter que falar duras palavras para quem se ama incondicionalmente; ferir aquele pedacinho seu. 

Ao mesmo tempo que uma mãe se sente plena com a maternidade, sente-se tolhida, como se não fosse só uma pessoa, pois vive dois, três, quatro; quantos for necessário. O mais difícil é se fazer entender que não importa o número, o amor sempre será o mesmo, a proteção, o cuidado, tudo se multiplica num coração materno; todos são um pedacinho nosso. 

Mas esse paraíso tem alguns espinhos no caminho, e às vezes pisamos neles, e daí vem a dúvida, errei muito ou pouco? Feri? Sim, feriu, mas nunca é por mal, é sempre por excesso de amor. Mas os filhos não entendem, e aquela palavra, aquele conselho, doem como um punhal, ecoam na consciência para sempre, como se sua mãe vivesse na sua mente. Pior é que carregamos essas palavras como uma herança. E mesmo que um dia tenha nos feito mal, quando menos esperamos, repetimos com nossos filhos. Carregamos esse paraíso por gerações, e as palavras passam e continuam a doer. 

O que você fez com a criança que já foi um dia?

Já parou para pensar onde está a criança que você foi um dia? Se olhar para o mais profundo do seu íntimo, ainda encontrará qual foi o seu encantamento com a vida?  

A criança nasce pura, não tem maldade nem sentimentos de ódio ou inveja, traz consigo o mais nobre dos sentimentos, o amor. Mesmo que ao crescer comece a se deparar com situações de conflito, ainda assim sonha, ama e consegue viver em harmonia. A infância é o primeiro contato que se tem com os sentimentos, por isso sofrem quando são repreendidas brutalmente ou incompreendidas; claro, estão aprendendo. 

Mas é o período em que se adquire os traumas para a vida, por excesso ou falta. O excesso pode ser de cuidado, de castigo, de proteção, de palavras que jamais deveriam ser dirigidas a uma criança. Nada disso é levado em conta pelos adultos, que já são deteriorados pelo tempo. Criança não pode e não deve ser tratada como adulto, nem em gestos e muito menos em palavras; machuca, sangra por dentro. E assim vai se perdendo lentamente a pureza, o olhar sem maldade de uma criança. A falta pode ser de amor, de presença, de carinho ou até de repreensão, na medida certa. Repreenda, mas dê carinho; proteja, mas mostre os erros também; seja firme, mas seja doce também. 

Feche os olhos, imagine que está no seu quarto de criança. Você chega como adulto que é hoje, abrace a criança que foi um dia. O que você diria, qual conselho pediria a ela(o)? Sim, é a criança que tem o mais valioso para ensinar, não é o adulto. E o que você diria a ela(o), pediria desculpas por quem se tornou ou agradeceria pelo mesmo motivo? Em qual momento você teria mudado tudo, não deixar que a vida te rasgasse e deixasse de ser quem você era? 

Lembre-se da sua infância, do que você gostava de fazer, com quem gostava de ficar. Tente resgatar o que está no seu íntimo, quem você é de verdade está lá ainda, guardado. Talvez hoje apenas seja quem as pessoas querem que seja, mas o seu Eu interior está aí, e só você pode resgatá-lo. Não tente se enganar, viva o que quer viver, do jeito que quer. Não se preocupe em excesso com os padrões que a vida nos impõe. Somos seres diferentes uns dos outros, é só olhar para trás e ver que cada um viveu de uma maneira. As alegrias e os traumas não são os mesmos. Vamos respeitar mais a nós mesmos, a partir do momento que você se respeita e se aceita, a vida fica mais fácil. Faça como a criança que você foi um dia, viva; não agrade a ninguém, agrade você. 

Pensamento e intuição

O pensamento é uma massa que vibra, logo tudo o que se pensa é vibrado na mesma proporção, seja medo, raiva, insegurança, felicidade…

Cuidado com seus pensamentos, ele pode transformar a sua vida no pior significado, alimentar os sentimentos em realidade. Aprenda a ter o autodomínio, você é quem determina o que entra e o que sai da sua vida, seja seletivo, aquilo que se pensa é o que te define, é o que você faz, o que você mostra. Não adianta tentar esconder atrás da cortina a sua verdade se o que se mostra é tão simplesmente aquilo que se pensa e acaba sendo colocado em atitude.

Aquilo com que se compromete é o seu mais profundo interior, é o seu segredo em forma de conquista, de coragem de ser verdadeiramente aquilo que vive no seu pensamento, mas não havia se revelado. Pensar fala muito mais de você do que sua boca.


Intuição

É um pressentimento, uma sensação de que algo vai acontecer, pode ser bom ou ruim, algo que te incomoda te deixa inquieto. É um sentimento que atordoa, que te deixa ansioso. Uma confusão sentimental, um ato de importância para alcançar o mais alto nível de conhecimento da sua alma. Uma intuição jamais deve ser desprezada, sempre que achar que deve fazer algo, faça, pode ser a sua chance de alcançar o sonho desejado, ou talvez aquilo nunca volte a acontecer, pode não haver a segunda chance. Esteja sempre muito conectado com o que sente, apenas você é capaz de saber com clareza se algo que está na sua frente pode ser bom ou não.

É bom ressaltar que deve estar sempre consciente das situações, não confunda copiar todo mundo, ir na onda da moda com a sua realidade, a sua verdade, os seus princípios e ideais. Nem tudo o que se apresenta é o que se esperava, ou o que está de acordo com sua vida. Seja consciente e sério com você, não caia em armadilhas, ilusões que não te levarão ao seu lugar, atente para a sua ideologia, para o que você acredita e no que quer. Siga sua intuição, não ao que te sugerem o tempo todo. Ouça o seu Eu falando, você vai sentir que vem de dentro, e não de fora.

O Brasil está na UTI


Nunca passamos por uma situação tão triste como essa, nunca tivemos tanto controle de liberdade como agora. De repente a vida ficou triste, nada mais podemos fazer, até quando? Enquanto não param de crescer os números de mortos, não vemos nenhuma solução. Onde vamos parar, ou aonde querem que paremos? O poder virou uma doença, contagiosa destrutiva.

Nunca achei que felicidade fazia parte de bens materiais, do ter, isso é transitório e não traz sentimento, mas traz orgulho, apego, soberba, coisas que não fazem nada de útil para sua missão nesta vida, não preenche o vazio que muitas pessoas sentem, apesar de toda riqueza, fama e acúmulos. Morrem nesse vazio e não fizeram nada do que deviam ter feito.

A verdadeira felicidade está nas coisas que não têm preço, como a natureza, a risada gostosa, fazer carinho num bichinho, ouvir uma música que te remete a um tempo que não volta mais, um beijo em quem se ama, um abraço. Não podemos mais nem nos nossos pais. Triste.

Levaram embora nossa felicidade, nossos encontros, confraternizar com a família e amigos, comemorar, brindar a vida. Viajar, ter liberdade, planejar, sonhar, contar com o dia seguinte. Agora tanto faz.

Eu não ligo mais a televisão, não tenho nada para ver que me faça bem. Notícias? Morte, número de mortos, enganações, roubo, malandragem; eu quero ver sobre a vida. Novelas? É tudo o que está acontecendo lá fora, brigas, armações, falsidade, ‘esperteza’, violência. Não quero ver isso, quero ver o amor, o passeio, as risadas, as coisas boas da vida.

Hoje tenho vontade de ter tudo o que tinha no passado, recuperei meu aparelho de som com toca disco, CD e rádio, Ô coisa boa que é trocar de CD, colocar vários LPs para ouvir na caixa acústica antiga. Leio muito livro, compro novos e releio antigos, pego receita no meu caderno de receitas que minha mãe e minha avó me passaram. Eram (e são) tão boas, com glútem, lactose e vida; hoje não tem mais vida a comida, tudo é proibido em nome do corpo perfeito. Cuido sim da minha saúde, mas não deixei de ter prazer no que eu gosto.

Ouço Cazuza, Tim Maia, Caetano, Chico, Bethânia, Paralamas, Queem, Barry White, Michel Jackson, Steve Wander, Ray Coniff, Burt Bacharach e tantos outros do passado, que nunca morreram, são músicas eternas, de qualidade que não acaba; no CD ou LP.

Vivo hoje com a felicidade de ter minha família viva, pois laços não se perdem. Sou feliz porque tenho dois filhos, são a minha vida, meus companheiros, meu marido, que está ao meu lado para o que der e vier, meu neto, que faço tudo por ele, meus pais, minha irmã e sobrinhas, e amo todos. Por fim, por mim, que apesar do que querem destruir na vida do ser humano, não conseguirão destruir quem você é, sua história, seu caráter, sua família e principalmente, o que é meu ninguém tira.

Esse recado quero deixar como um alento para as pessoas que, assim como eu, estão cansadas de tanta barbárie aos nossos olhos e não ter como findar. Mas uma coisa temos, a certeza de que não estamos sozinhos, tem alguém muito maior cuidando de nós, eu creio.

Em oração pelo Brasil e pelo mundo, dias melhores virão!

Fazemos parte desta história da humanidade

Tenho ouvido alguns comentários do tipo: “Não tem nada pra comemorar este ano”. Oi? Como não? Tá certo que o ano de 2020 foi bem conturbado, mas também foi um marco na história e nós, que estamos aqui, fazemos parte desta história da humanidade. Independentemente de pandemia e afins, estamos historiando esse marco. 

Agora, falando do assunto que me trouxe a escrever sobre isso. Se eu e você chagamos até aqui, depois de ter passado por toda essa turbulência, com saúde e vivos para entrar num novo ano, não temos nada pra comemorar? É sério? E como temos! 

Você pode dizer: “Mas você não perdeu ninguém da sua família para a Covid”. Não é uma questão de desrespeito, muito pelo contrário. Sei muito bem o que esse vírus fez e significou para a humanidade, mas falo sobre superação, independentemente de tudo que possa ter causado o ano de 2020. Este ano fez com que as pessoas parassem, desligassem o motor automático e passassem a reconhecer a sua família, a si próprio como um ser vivo e não uma máquina que tudo faz sem parar, em busca constante por mais coisas do que para você, de olhar para seu lar e não para sua casa dormitório, que ocupa espaço com outras pessoas; essas pessoas são a sua família. Parar de falar “não tenho tempo”, todos encontraram tempo para sentir saudades, lembrar do pai e da mãe, fazer uma chamada, mesmo que de vídeo, mas falar com as pessoas. 

Então chegamos no fim do ano depois de tudo o que pudemos aprender com o tempo, com os sentimentos, com as perdas. Perdemos pessoas queridas, emprego que muitos já se arrastavam para continuar, mas encontraram outras saídas. Encontraram dentro de casa o que é o amor, e o melhor lugar do mundo de estar, em casa. 

Estamos a menos de dois dias da passagem do ano, vivos, com saúde, com comida na mesa, um teto para morar, família e chegamos até aqui, e isso não é motivo para comemorar? Somos seres que tivemos o privilégio de estar aqui neste momento, mesmo que alguns não achem o mesmo, mas estamos aqui. Agradeça ao invés de reclamar, comemore sim a sua passagem. 2020 tem muito mais a ser comemorado do que qualquer outro ano. Celebre sua vida com alegria, não perca essa oportunidade. Olhe para a vida com olhos de águia, faça seu voo mais alto e agradeça tudo o que passou, tudo o que superou. Você foi um vencedor! 

Diferenças Sociais

Século XXI e os anos dois mil chegaram, um século esperado ansiosamente pelos relatos que crescemos ouvindo, de ali acabaria o mundo. Mas não aconteceu. Muita coisa mudou nesses 21 anos que se passaram, muita evolução tecnológica na medicina, nas carreiras e no modo de vida, mas nada disso ajudou na evolução humanitária, salvo algumas pessoas que ainda têm olhar para os seres que não fazem parte dessa ‘evolução’ tão sombria e tão cheia de ódio espalhada pelo mundo.

Do que valeu chegarmos até aqui, sendo que o homem foi corrompido pela ganância e orgulho? Do que vale tanta evolução se não serve para o crescimento da pessoa, do Ser que habita em cada um?

O trabalho dignifica o homem, sim, mas desde que tenha a sensibilidade de entender que nada do que conquistar é seu de verdade, que se souber dividir com aqueles que necessitam mais do que você não estará perdendo nada, mas sendo um humano com capacidade de entender que ninguém domina nada, que não é dono de nada, mas é responsável pelo o que faz ou deixa de fazer. Sua vida não depende do que você tem ou juntou, mas de quem você é.

Moramos num País com a maior diferença social que existe, enquanto alguns não se cansam de arrumar brechas para ganhar sempre mais, outros não têm o que comer, vivem em pobreza extrema, sem saneamento básico, sem nada. Se o Brasil é um País rico em terras, onde se planta tudo nasce, e o maior exportador agropecuário, por que tanta diferença social? Aonde ficou a solidariedade?

Recentemente minha filha, que é jornalista, fez uma matéria com uma família de comunidade com 11 filhos em extrema pobreza. Uma das crianças, com 7 anos, disse que seu maior sonho era comer bolo de chocolate. Essa declaração foi tão impactante que inúmeras pessoas se prontificaram em mandar o bolo de chocolate. Eles não só receberam mais de um bolo como cestas básicas, roupas, material de higiene e uma pequena festa de aniversário, coisa que nunca tiveram.

Infelizmente, essa situação é comum em todos os cantos do nosso País, crianças que nunca comeram muitas outras coisas, que não têm sequer um pacote de bolacha recheada para comer uma coisa gostosa fora de hora.

Em contrapartida, temos famílias e crianças consumindo um panetone de R$ 150 ou mais, e que não raro parte vai para o lixo. É comum saber de crianças obesas por comerem lanches, fast foods pedidos por aplicativos, ou ainda muitas delas passando por terapia porque não comem, não vão bem na escola particular, mas recebem os presentes que querem, as viagens, jogos e afins, sem sequer saber que existem outras crianças iguaizinhas a elas que nunca comeram um bolo de chocolate.

A sociedade está completamente errada, com valores invertidos, sem significado algum, sem que nossas crianças saibam das diferenças, dos absurdos que acontecem. Não é verdade esse mundo que é apresentado.

Essa nova geração também crescerá dando pouca importância para essa diferença, não aprenderam a compartilhar, mas sim acumular. Não acumulam bens, mas jogos, aparelhos, cartas, celulares e ainda aprenderam a mostrar o que têm, disputar e exigir.

Devemos olhar para uma nova forma de sociedade de direitos para todos, de ter comida na mesa não ser um privilégio de alguns, mas de todos. Ter uma casa, água e emprego, isso não é sorte, é vida. Essa vida não foi dada para uma classe social, ela é dada a todos. Ser rico ou pobre não faz diferença nenhuma no sopro da vida, afinal, quando cada um deixar esse corpo deixará tudo, os pertences, o carrão e a casa, as pessoas que ama; e assim também deixará o pobre a sua casa, os seus pertences e a quem amou. Essa foi a maior prova deixada por Deus de que somos todos iguais, chegamos sozinhos e vamos sozinhos. Deixe sua arrogância e orgulho de lado, se torne um pouco melhor, ainda dá tempo, e leve com você a luz que deixou por aqui.

Big Brother da vida real

Em 1988 foi quando chegou a internet no Brasil. Uma realidade totalmente desconhecida para muitos, curiosidade, espanto e até mesmo falta de interesse por alguns, afinal era tudo muito novo e estávamos acostumados a uma vida reservada. Fazíamos pesquisas nas bibliotecas ou em enciclopédias, que quase todas as famílias tinham. Era tudo muito normal, usávamos orelhão quando estávamos nas ruas ou telefone fixo em casa, até que tivemos que aprender a conviver com aquela tal de internet. 

Já nos anos 1990 grande parte da população começou a integrar na decoração da casa ou escritórios os computadores. Eram grandes e tomavam muito espaço, a conexão era feita por linha telefônica e o tempo era curto, não dava pra ficar horas sem o telefone, até que também no fim deste mesmo ano chegou o celular, o tijolão, apelido carinhoso pelo tamanho do telefone móvel. 

No mesmo ano a internet tomou uma projeção muito grande e logo os hábitos antigos começaram a desaparecer, mensagens e sites de amizades, como o Orkut, começaram a surgir. Mas foi nos anos 2000 que tudo mudou de verdade, de internet discada passou a banda larga, conexão direta. O número de computadores e celulares começou a crescer desordenadamente. Hoje é praticamente impossível conhecer alguém que não tenha um smartphone, nem celular mais se pode dizer, quem não tem um smart está fora do mundo virtual. 

Só que o que deveria ser um aliado na vida, e é de fato em alguns momentos, tornou-se uma dor de cabeça psíquica mundial. Hoje não só crianças e adolescentes, mas adultos também, são completamente reféns deste aparelho, consequentemente da internet, essa que chegou para ajudar, e no mundo atual leva as pessoas para fora do mundo real da vida de cada um, cada vez mais ligados neste pequeno aparelho, mas com capacidade de armazenar sua vida. 

A partir de toda a evolução, com a passagem dos anos fomos totalmente reprogramados a esquecer a vida lá fora e ficar a maior parte do tempo conectados no nosso pequeno grande amigo, que consome horas do nosso dia, pesquisando, relacionando, conectando com o mundo virtual de uma forma que, se hoje dissessem “acabou a internet”, teríamos milhões de pessoas precisando de tratamento psicológico, para a felicidade dos profissionais da área, por abstinência tecnológica. 

Convivemos com um inimigo diário que nos passa também notícias falsas para disseminar o ódio e a discórdia entre as pessoas. O monitoramento é feito sem cerimônia, você chega em casa e é surpreendido com a pergunta: “O que você achou de tal lugar?” ou ainda, “Seu amigo tal acabou de postar. Chegamos ao big brother real sem a nossa permissão, vigiados o tempo todo. Nada diferente do que praticamente previu o escritor britânico George Orwell no livro “1984”, publicado no longínquo ano de 1949. 

Agora eu pergunto, como ficam as crianças que adoram jogar? Além de estarem viciadas em jogos, não conhecem a vida real, o mundo deles é totalmente virtual e são monitorados, para nossa tristeza. Precisamos urgentemente voltar a ter privacidade, a viver sem ser achado, sem ser julgado ou ainda ter liberdade de pensar e não ter que expor. Olhar-se no espelho e se achar bonita(o) sem ter curtidas, não precisar ouvir “você merece”, pois você sabe disso, ninguém precisa te dizer. São tantas coisas desnecessárias que acontecem neste mundo virtual, que estão deixando as pessoas doentes, que queremos apenas saber. Quando isso vai acabar?  

A internet é importante, mas o que não é bom é exatamente os perigos que proporciona, como invasão de privacidade, contas hackeadas, exposição, a necessidade de aparecer e ser o melhor. Porém passaram a usar como arma, discursos atrás de um teclado, só não percebem que estão sendo engolidos por uma máquina que sabe mais de você do que você mesmo.   

Feminicídio, a palavra do momento

Nos mais antigos relatos da humanidade, sabe-se da diferença entre homem e mulher, fêmea e macho. Mas, nunca se soube que o homem/macho poderia bater na sua mulher/fêmea, afinal deveríamos ter inteligência, já que temos raciocínio e nos comunicamos através da fala, não por latido, miado, relincho ou qualquer outra forma animal, selvagem, sem condições de ser responsável pelos seus atos.  

Pois bem, vamos ver essas duas espécies nesse texto como macho e fêmea, mesmo por que estamos tratando de selvageria e não de relação humana. Quando o animal quer se comunicar, costuma ter ruídos, mas entre eles esses ruídos são compreendidos, isso não significa que estão brigando. Em determinados momentos é usado com violência, mas qual seria a forma que teriam para demostrar um descontentamento? Matam outros animais por invasão do espaço ou por alimento, mas suas companheiras sabem mito bem quem são, não machucam, são irracionais.  

Agora o macho humano não só tem ruídos assustadores como também, avançam, machucam e humilham suas fêmeas, mais do que outras pessoas que vivem ao seu redor, e invadem sua privacidade, julgam e te dando um sorriso e apunhalando pelas costas, te difamam. Suas fêmeas não podem ter o controle da própria vida, atitudes que bem quiserem, decisões, e principalmente independência, ser quem quiser ser.   

O mundo evoluiu, tudo mudou, mas o machismo não perde a majestade. Somos julgadas pelas roupas que usamos, pela idade, pela postura diante de determinados assuntos, pelo trabalho, pelo salário, pelo sexo. Somos seres humanos pensantes, com inteligência e capacidade para ter controle da própria vida. Temos direitos e deveres como todos, independente do sexo ou escolha. De falar sim ou não! De querer e não querer, de ter segredos, sonhos, medos e repulsa.  

 Feminicídio não é apenas uma palavra, é uma arma nas mãos de alguns machos desequilibrados, ancestrais, selvagens, que acham que sua condição é ter violência contra aquela que serviu de instrumento para chegar à Terra. Contra aquela que cuida, ajuda, mas não é sua mãe, é uma mulher, que só quer ser feliz. Mas que felicidade é essa? Será que só agora descobrimos que felicidade não é dividir sua vida com ninguém? É apenas dividir suas escolhas consigo mesma. Respeite quem um dia acreditou em você.  

A história das próximas décadas

Já pararam pra pensar que ficaremos para a história? Estamos vivendo a história que as próximas gerações irão estudar. “A pandemia de 2020” como será contada? Como era a humanidade nessa época, era formada por loucos? Como viveram, como aconteceu. Enfim, terá muito o que contar, mas como será contado? 

Viviam num mundo consumista, visual e contaminado pela ganância e soberba. As pessoas consumiam todas as novidades lançadas no mundo como se fosse o último dia, as crianças aprendiam a falar depois que já soubessem mexer num celular ou qualquer outro aparelho da época. Os adultos já não aceitavam mais apenas Ser, precisavam Ter, mais e mais, tornou-se um vício, nada mais era suficiente, dinheiro, bens materiais, posição, poder. Homens e mulheres passaram a cultuar o corpo, precisavam da perfeição, das curvas e músculos para exibir o grande feito. Já não se via mais nada original nos corpos, tudo era refeito e muito elaborado, e tudo começou a ruir. 

O povo começou a perder a sensatez, o significado de viver. Não vivia, competia, quem era mais, quem tinha mais, quem tinha razão, quem podia. Começaram queimadas nas florestas, desavenças políticas, corridas atrás do poder, do dinheiro. Carros entupiam as ruas e avenidas e só crescia a poluição, os mares estavam poluídos, os peixes morriam com o lixo, as chuvas começaram a destruir cidades, já não havia mais ar para respirar. Doenças apareciam sem parar, alimentos contaminados para que a produção fosse mais rápida, mas também matava. 

Tudo começou a ser um problema mundial, começaram a adoecer o espírito, o emocional não suportava mais tanta competição, nunca estavam no padrão atual, sempre faltava o algo mais. Assim o mercado farmacêutico encontrou a mina de ouro com o número de deprimidos, lunáticos, bipolares. O corpo também adoeceu o espírito, precisavam de fortificantes para os músculos e muitas outras drogas para alcançar a perfeição. O preconceito reinou entre os povos, a violência contra a mulher só crescia, as músicas foram substituídas por palavras obscenas, consequentemente por comportamentos iguais. Os jovens não aprenderam o respeito. Tudo escureceu. 

No fim de 2019 surgiu um vírus na China, que até então não fez muita diferença para o resto do mundo. Mas a Covid-19 alcançou uma velocidade que o mundo não esperava, não ficou apenas na China, foi para todos os continentes. O mundo parou, todas as portas se fecharam; escolas, bares, shows, prédios comerciais, comércio, tudo. De repente tornou-se tudo triste, todos tiveram que parar aonde estavam, não importa se estavam no meio de um projeto, lançamento, qualquer coisa, teve que parar. O mundo se trancou em casa, mas já não havia como se proteger, pois o vírus já tinha pego muita gente. 

Começaram a contar os números de mortos, contaminados; hospitais com lotação, médicos e enfermeiros se arriscavam para cuidar de tanta gente, muitos morreram, outros continuaram sua trajetória, sua missão. Mas o vírus não parou, quem saísse era pego e levava para outras pessoas, e contaminava um, outro e mais outro e não parava. Cientistas corriam para encontrar medicamento e vacinas para a cura; mas num mundo tão doente, embora com tanta evolução, não encontravam. A medicina já não sabia mais o que fazer, muitas vidas se foram e a angústia tomava conta dos profissionais e da população da Terra. 

Mas enquanto tudo parava, a natureza começou a se recuperar, os mares sem o humano começaram a ficar limpos, o céu não tinha mais poluição, o azul era azul de verdade, às vezes rosa, noutras, laranja; todos se emocionavam em ver. Os animais tinham liberdade, voltaram a aparecer e viver. As chuvas se tornaram amenas, mas o povo continuava em casa. 

Muitos entenderam a mensagem de que o mundo tinha que parar para se regenerar, que as famílias não viviam mais unidas, viviam unidas por um celular. O consumo desenfreado não era necessário, a ganância pelo poder e ter não valia de nada, a natureza era bela sem os humanos, e que nós estamos aqui para cumprir uma missão, a Terra não é nossa, somos visitantes, e como todo visitante devemos ter respeito e saber nos comportar. 

Mesmo que você que esteja lendo isso e ainda não ache nada disso, um dia vai achar, o mundo precisa de paz e amor, quem não estiver disposto a viver assim vai ter que aprender. O novo mundo está aí, pronto para viver e, sem os erros do passado, todos terão seu lugar. Lembrando que não somos únicos neste mundo, pois os outros também querem ser felizes. 

Em nota: Será que esse texto nos surpreenderá daqui alguns anos ou será muito atual? Está nas nossas mãos. 
 

Nós éramos felizes, e sabíamos

Quem nasceu nos anos 50, 60 e 70 irá lembrar. Somos de uma geração que aproveitou todas as fases da vida. Brincávamos na rua, comíamos doces açucarados e não tínhamos problema, a TV era preto e branco – a em cores chegou em 1972, foi surreal. Aparelho de som era vitrola em móvel ou vitrolinha (portátil). O telefone chegou nas casas em meados dos anos 70, era muito caro e nem todas as famílias podiam ter. Nos comunicávamos com pessoas distantes por carta ou telegrama (esse era mais rápido em caso de urgência). As crianças e adolescentes tinham disciplina e respeitavam, e muito, os mais velhos. Mas éramos felizes, e sabíamos.

Crescemos na época da ditadura militar no Brasil, com censura, regras duras, violência e muita repressão, não havia liberdade, tudo era controlado. Boa parte das músicas, até pouco antes das Diretas Já, em 1984/85, eram de revolta, totalmente politizadas, tanto que muitos artistas da época, como Renato Russo – sobre o qual fiz um artigo recentemente –, que era revolucionário e revoltado com a política no país. Não só ele, mas muitos outros antes dele, como Chico Buarque, Geraldo Vandré, Caetano Veloso e Gilberto Gil. Mas éramos felizes, e sabíamos.

A juventude era reprimida, nas baladas havia juizado de menor, e quem estivesse e fosse menor era retirado mesmo. Mas, mesmo assim, foi uma época cheia de novidades, quando surgiram as discotecas com globo de luzes, gelo seco e muita música boa. E filmes como ‘Os embalos de sábado à noite’ inspirando os concursos de dança da época. Na música se destacavam Rita Lee, Bee Gees, Legião Urbana, Cazuza, Village People, entre tantos outros que ficaram na história. Mas era ditadura, e até hoje lembramos com saudosismo de uma época que, ao mesmo tempo em que tinha muitos problemas, também foi tudo muito mágico. Mas éramos felizes, e sabíamos.

Nos tornamos adultos, mas nossas lembranças estão vivas como nunca. Músicas que encantam até hoje os mais jovens, a moda que vai e volta, mas a vida que tínhamos nunca mais foi a mesma, ficou na lembrança. Mas éramos felizes, e sabíamos.

Nos tornamos adultos e tivemos que encarar um mundo muito pior do que aquele que passamos por situações de medo, mas conseguiram piorar. Hoje o que nos faz fortes e vivos são as nossas lembranças, estas sustentam a tristeza que temos que viver. Muitas vezes me pego refletindo sobre tudo o que estamos vivendo, como as pessoas se tornaram cruéis ao ponto de desmerecer alguém que nem conhece, sendo extremamente agressivos, tocando em feridas que nem sabe se aquilo pode levar aquela pessoa ao caos. Naquela época não tínhamos a internet, a evolução era menor. Mas éramos felizes, e sabíamos.

O Ser humano se transformou num Ser não identificado, porque de humano não tem nada. Assistimos diariamente pessoas agindo como se pudessem fazer o que desejarem sem que isso lhes traga uma consequência futura. O poder tornou-se uma doença mental, não conseguem mais viver sem a soberba; e agora estão tentando mandar no mundo.

Só digo uma coisa: sei que muitos não acreditam, mas não somos desse mundo, um dia voltaremos de onde viemos e lá não tem carteirada, lá não existe poder nem disputa de quem é melhor, e também toda fortuna exagerada que se acumulou aqui sem saber o que fazer também não precisa. Então para quê essa gana por dinheiro, por poder? É triste ver que o homem ficou escravo de tudo isso, ficou escravo da sua aparência, ficou escravo do seu carro, da sua casa, da sua conta bancária, das suas roupas. Nada disso fará diferença, a única coisa que precisará será o bem que fez aqui, e não é feliz quem não fez nada disso. Quem vive por um propósito já entendeu que nada disso é importante, o que nos faz importante é ser feliz, e mesmo sendo tudo diferente, ainda assim nós éramos felizes. E sabíamos.