As dores e angústias de Ser

Será que todo sorriso é de alegria? Quantos dramas cada um carrega na alma, quantas vezes precisamos mostrar um sorriso, mas estamos chorando por dentro? Cada Ser sabe das dores e angústias da sua vida.

Somos julgados pela postura, por um dia que não estamos bem para conversar, por uma palavra mal interpretada; são tantos os motivos, e dificilmente o real motivo é percebido, aquele que está guardado no fundo do peito, mas ninguém sabe, aquela lágrima que ninguém vê, o pedido de ajuda está nos olhos, mas quem enxerga?

Imagino como deve ser difícil para uma pessoa pública ser e parecer estar bem todos os dias, mas não está. E, sem dúvida, aquelas pessoas que falam e desfazem de alguém não se colocaram no lugar do outro para saber se está tudo bem. Não, não está tudo bem todos os dias, não se é feliz todos os dias; aliás, felicidade já se sabe que não é permanente, mas sim um estado.

Tem dias que não estamos bem fisicamente, mentalmente, ou simplesmente não estamos bem e ponto. Seres humanos são assim, então por que não respeitar essa condição? Se todos somos iguais, como pode haver tanta falta de sensibilidade com o outro? Precisamos nos aprimorar para as pessoas ou para nós mesmos?

Cada passo na vida e cada evolução que temos é nossa, portanto, viver para agradar não é o que devemos fazer, já que todas as consequências do que faço, somente eu vou arcar. Então, a pessoa mais importante sou eu mesma.

Isso não é egoísmo nem arrogância, é pura e simplesmente a lógica da vida, ou alguém já viu uma pessoa pagar pelos erros do outro? Não me venha com ‘Eu passei por isso por causa de fulano’. Não foi isso, passou porque aceitou estar junto, aceitou a situação, se estava lá foi por escolha. Nossos erros são pagos por nós mesmos, se não aprendo uma lição o problema é meu.

Antes de julgar alguém, pense em você primeiro, provavelmente não é o dono da verdade, mesmo porque se fosse já nem julgaria. Cada um de nós carrega mágoas, traumas, sonhos não realizados, não dá pra sair falando dos outros se a vida é igual pra todos. A única diferença são as pessoas com quem convivemos, família e endereço, mas os sentimentos são os mesmos.

Da próxima vez que pensar em falar desse ou daquele, pense primeiro em você, pode ser que você mesmo não esteja bem e queira apenas aliviar a sua angústia mostrando que o outro está pior do que você. Pense nisso.

Dia da consciência Negra. Qual é a sua cor?

A Lei Áurea foi criada já há muitos anos — 13 de maio de 1888 –, mas ainda há quem rejeita o outro pela cor da pele. O que diferencia as pessoas umas das outras é o caráter, e isso não tem cor ou cheiro; está no Eu interior de quem manipula, rouba, engana, nutri nas pessoas uma falsa esperança apenas para se dar bem; mas isso tem cor?

Acho que não é coincidência o Brasil ter sido o último país independente a dar liberdade aos escravos, pois nesse próprio país ainda é necessário ter um dia de ‘consciência negra’, para que as pessoas tomem conhecimento de que somos todos iguais, necessitamos de respeito igualmente. Uma nação que ainda trata a sua população preta com xingamentos pejorativos realmente não está preparada para liderar. Talvez no próximo século as pessoas venham mais preparadas para as diferenças e nasçam sabendo o que é respeito.

É inaceitável que não se contrate uma pessoa por causa da cor da pele, que não aceite em determinados lugares, que trate com indiferença, até mesmo uma criança, como se a cor fosse sinônimo de honestidade, bons costumes ou passaporte para ser aceito.

Chegamos ao século XXI sem evoluir nada, pois não precisa ser bom em tudo como muitos querem, se for apenas uma pessoa que vale a pena já está ótimo. Tem muito branco articulando as piores situações e ninguém usa um termo pejorativo para aquela cor. Até quando viveremos na miséria de ser tão insignificantes de dar valor ao que não tem valor, e ao mesmo tempo, desfazer da sua própria origem. Sim, origem, ou os brancos vieram de outro mundo?

Resenha crítica: Ninguém pode com Nara Leão

A garota tímida nascida em Vitória/ES, em 1942, foi para o Rio de Janeiro com a família quando tinha apenas um ano de idade para morar no bairro de Copacabana. Filha de pai advogado e mãe dona de casa, Nara teve uma criação bem diferente da cultura da época, pois seu pai tinha ideias muito avançadas e criou as filhas, Nara e Danuza Leão, para serem independentes, serem o que escolhessem.

Aos doze anos, Nara foi incentivada pelo pai a fazer aulas de violão, sendo esse seu primeiro contato com a música. De maneira despretensiosa, nascia a cantora Nara Leão. Passou a ter aulas particulares de violão com Roberto Teixeira, ex-integrante do grupo Oito Batutas de Pixinguinha, muito requisitado na época pelos artistas das rádios. Nara se deu tão bem com o instrumento que em duas semanas já sabia tocar alguns chorinhos e maxixes.

O livro mostra a trajetória da carreira da cantora com leveza, contando histórias da época, envolvendo a ditadura, o movimento tropicalista, a Bossa Nova e o samba, no começo de uma geração da música popular brasileira com nomes de peso e inesquecíveis, os quais fizeram história.

 Fala sobre a rixa entre a cantora e Elis Regina, bem como sua amizade com Chico Buarque e Roberto Carlos. São muitas as passagens e nomes da música durante o período da carreira da cantora. Uma época de censura, em que jovens artistas lutaram contra, desafiando a perseguição que existia no mundo da música daquela época. Um livro para quem gosta de música, da Bossa Nova eternizada na voz de Nara Leão e outros grandes artistas lembrados na biografia.

A vida de Nara Leão terminou cedo, mas não sem uma intensa bagagem de conhecimento e superação. De menina tímida e que sofria com tudo vivendo em seu próprio casulo, passou a ser uma mulher corajosa; não tinha meias palavras, falava o que pensava. Destemida, enfrentou críticas na carreira, vários relacionamentos, autoexílio e a doença que a levou à morte precoce, aos 47 anos, com câncer no cérebro.

Foram muitas músicas gravadas, muita história para contar, uma carreira que começou em 1959 e foi interrompida em 1989, trinta anos vividos intensamente, mas marcados para sempre. Será impossível ouvir a Bossa Nova sem lembrar de Nara Leão. Será impossível ler e não admirar a história de um dos maiores nomes que o Brasil já teve.

“Quando digo música popular brasileira, digo música de raiz brasileira. […] A Bossa Nova foi uma evolução enorme que serviu para o nosso movimento de agora, mas espelhou-se na música norte-americana, fugindo das nossas raízes. […] Alguns compositores têm preconceito contra o que é nosso e querem logo pensar em termos de música desenvolvida lá de fora sem procurar evoluir o que realmente temos.”

Nara Leão

“Foi símbolo da reação à ditadura de 1964, sem nunca pretender coisa alguma.”

Paulo Francis