(Inspirado na crônica “Se eu fosse eu” de Clarice Lispector).
“Se eu fosse eu” (Clarice Lispector). E ela diz: “Parece representar o nosso pior perigo de viver, parece a entrada nova no desconhecido.” Se de fato fôssemos nossa verdadeira versão, certamente não seríamos aceitos. Imagine sair por aí falando tudo o que pensa? “O sábio nunca diz tudo o que pensa, mas pensa tudo o que diz” (Aristóteles).
As pessoas não aceitariam nossa versão, somos todos marionetes de uma sociedade moldada para justamente sermos aceitos. Mas então somos todos falsos e frustrados com nossas próprias vidas falsas? Talvez sim, talvez não, mas que não somos nós mesmos, ah! isso não somos.
Quando no trabalho tem que se engolir sapos bem atravessados já estamos contra a nossa verdadeira versão, nem tudo o que se pensa pode ser falado, então vamos engolir sapos. Nas relações – em todas as relações humanas –, temos pessoas das quais não gostamos, mas temos que conviver; não precisa ser necessariamente falso, bajular, no entanto, precisamos estar, apenas.
Há quem não tenha filtros, mas arruma confusão em todo canto. Ser muito sincero também não dá, temos que pensar antes de falar, quem fala demais e conta muita vantagem é arrogante. Afinal, as palavras às vezes ferem muito mais do que uma atitude, por isso é necessário pensar em tudo que se diz.
Se você fosse você qual seria o impacto que causaria em quem acha que te conhece? Até porque as pessoas conhecem o que deixamos que conheçam sobre nós, mas jamais esse conhecimento se torna tão profundo ‘às relações superficiais que temos com pessoas’.
Ainda tem quem siga os influencers, e quanta má influência tem por aí. Também não está sendo você, só que aí é cópia, é querer ser igual, quase uma inveja, sai totalmente da sua verdadeira essência, e nunca será igual, não existe essa possibilidade porque somos seres únicos, não dá para ser clone, isso é ilusão, ingenuidade, fantasia.
Você pode sim seguir o exemplo de outra pessoa em situações que vão te ajudar a crescer, a amadurecer e se tornar alguém digno de exemplo, não de inveja. Aprender com outra pessoa que te dê bons exemplos é muito válido, mas para isso é necessário o discernimento, para não cair em arapucas.
Portanto, ser nós mesmos sempre não é possível, e não porque vestimos personagens, mas porque não temos o direito de sair humilhando os outros ou de fazer o que bem entendemos. Há regras na vida, há leis a serem seguidas. Imagina se cada um saísse por aí fazendo o que bem entendesse! Antes de falar ou agir como quiser, pense: se você fosse você o que faria naquela situação? Faria para você o que faria para o outro?