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A autora Maristela Prado, formada em Letras, revisora de textos, biógrafa, crítica literária, casada, dois filhos adultos. Meu sonho era ser jornalista mas o destino mudou meus planos e, para não ficar longe da escrita, fui cursar a Faculdade de Letras. Mas a vida me trouxe um marido jornalista e hoje também uma filha jornalista. Para mim a escrita sempre foi a maneira mais marcante da comunicação, é através dela que conseguimos transmitir mensagens capazes de eternizar um fato ou sentimento. As letras me fascinam.

Inteligência artificial, não precisa mais pensar?

Dia desses me surpreendi quando entrei num site de língua portuguesa e lá estava: ‘Digite aqui seu texto que nossa inteligência artificial corrige pra você’. Eu nem tinha a intenção de escrever nada, apenas uma pesquisa que estava fazendo. Mas aí pensei: como será o aprendizado dos jovens a partir de agora?

Desde que o antigo celular passou a ser smartphone deixamos muita coisa de lado. Quase não se liga mais para as pessoas, pois é só passar uma mensagem escrita ou de voz que conversa do mesmo jeito, ou ainda as fotos postadas que indicam onde você está, mapas de localização – até o Google manda todos os lugares que você esteve no mês!

Meu Deus! Somos todos encontrados, quer você queira ou não. Então, adeus privacidade. Mas agora os tempos mudaram, e as inovações não param, com a IA não precisa mais pensar nem tentar aprender, o robô faz por você. Já estava fazendo até a limpeza da sua casa, mas agora pode também pensar por você, caso queira.

Como será que estaremos daqui a dez anos? Sentados no sofá com o smartphone na mão pedindo comida, esperando o robô escrever pra você, trocando canal de TV e colocando as músicas que quiser no streaming de sua preferência, jogando, conversando, trabalhando, o que mais?

Será que vamos dirigir? Acho que não, o carro vai te levar por meio de computador programado. Escola não existirá, afinal algumas profissões não existirão mais, e eu estou correndo perigo, logo mais o robô vai escrever livros, artigos. Vamos continuar a existir?

As máquinas estão invadindo nosso universo já faz um tempo. O ruim disso é que estamos ficando cada vez mais sem movimento, usando quase tudo pelo comando de voz, sem que seja necessário levantar para acender a luz, ligar o som, colocar o relógio para despertar e outras coisas mais. Agora a evolução chegou ao cérebro também, é só um clique e esperar o cérebro artificial fazer por você. O quão importante isso será?

Ou seja, não tem mais volta, a tecnologia tomou conta e só nos resta seguir junto, nos adaptando nesse mundo louco. Nos disseram que seria assim, com robôs e tudo muito futurista. Não é exatamente como fantasiamos ou como certos desenhos mostravam, mas tá bem parecido, e hoje é real.

Daqui a dez anos a gente volta a falar nesse assunto, se ainda existir o ser humano. E, se existir, não faço ideia de como vamos conversar, talvez por chips telepáticos. Aguardemos. Até lá.

Àquele diário!

Lembra daquele diário que era segredo absoluto trancado a sete chaves? Era uma forma de desabafo para colocar pra fora os mais secretos desejos, acontecimentos e mesmo raiva de alguém ou da gente mesmo. Te fazia muito bem escrever tudo aquilo que não queria contar pra ninguém. Fazia mesmo e você nem sabia. Escrever sobre você te faz compreender as verdades que não quer enxergar, pois nesse momento não dá para mentir, só você está lendo e sabe o que sente.

É a forma mais sábia de se conhecer, o autoconhecimento. As palavras têm força tanto na escrita quanto na fala, mas escrevendo está gravando tanto na mente quanto no papel. A maneira de se fazer um diário é boa porque não vai ter o julgamento de ninguém, é só pra você mesmo, e isso traz segurança para colocar todo o seu sentimento, e a partir daí consegue desvendar seus medos e inseguranças.

Será que é por isso que hoje existe tanto problema emocional? Ninguém mais tem um diário, nem mesmo os adolescentes. Quantos suicídios acontecem, e não tem idade para isso. O número de problemas emocionais só aumenta, principalmente depois da pandemia. Nunca se ouviu falar tanto em terapia, ansiedade e depressão como agora. Acho que éramos mais inteligentes e não sabíamos.

Hoje o diário são as redes sociais, aquilo que não era pra ninguém saber agora é escancarado, e ainda precisa ter likes. Mas o estranho desse diário virtual é que só se mostra a felicidade total, todo mundo se ama, está sorrindo, em lugares maravilhosos, amigos, roupas, lugares, um luxo! Será?

A vida real atrás de tudo isso ninguém quer mostrar. Lembra daqueles medos e inseguranças, os problemas familiares, amorosos e com os amigos? Isso não existe no novo diário, e onde resolvem? No consultório do terapeuta e do psiquiatra, porque a vida é de mentirinha.

Não precisa ficar mostrando todos os seus passos, todas as suas conquistas, isso causa sofrimento porque a necessidade de mostrar que tá tudo lindo te angustia. Aquilo que é importante pra você pode não ser para quem vai ver. A felicidade é sua e não precisa de aplauso. Nós vivemos como somos por dentro e não como somos por fora. Viva mais off do que on, no fim das contas é só com você mesmo.

As relações humanas e a falta de humanidade.

De acordo com a história da humanidade, fomos divididos em clãs, vivíamos em grupo. Desta forma a população de cada nação se formou e cresceu. Até que naquele período uns ajudavam os outros, mas, e agora, o que é que aconteceu que não existe mais essa ligação entre as pessoas? Talvez a individualidade, o querer ter razão, ser melhor em tudo, ou o faço por mim, mas não faço pelos outros.

Podemos dizer que o que mais existe hoje de tóxico é a intolerância com as diferenças, ninguém quer saber de lidar com aquilo que não gosta. Mas não podemos e nem devemos ser todos iguais, mesmo porque viemos de famílias diferentes, não só pelas pessoas que nela habitam, mas principalmente por valores, crenças e costumes que cada família carrega.

Somos todos iguais por estarmos inseridos na mesma sociedade, da qual nos são apresentados desde muito pequenos os mecanismos existentes. Se parar para pensar tem um ritual, regras que estão estabelecidas que são incorporadas por todos sem questionamento nenhum.

As religiões são parte dessas diferenças, mas isso não invalida aquela ou outra pessoa apenas por ter aquela crença, continua sendo da mesma sociedade em que você está também. Mas não é assim que acontece. Existe uma competição insana pelas crenças, o que gera verdadeiros conflitos, sendo que basta entender e aceitar o que cada um é ou prefere ser.

Os conflitos nada mais são do que a insuficiência do ser humano para lidar com aquilo que não aceita no outro, precisa atacar para se sentir melhor. Mas será que isso é o suficiente? Afinal, o que se ‘ganha’ com isso? Angústia, o vazio que forma dentro daquele que atacou e tudo continua da mesma forma. Não temos o controle de tudo, apenas de algumas coisas da nossa própria vida, algumas coisas. Da morte, por exemplo, não temos.

Essa angústia gera conflitos consigo mesmo, vai sempre de encontro com aquilo que não se consegue mudar, é um monstro criado por você mesmo que briga constantemente com a sua insuficiência de querer mudar o que não lhe compete.

As relações humanas estão à beira da loucura, ou já se tornaram loucura? Todos os dias sabemos de notícias de absurdos que acontecem por intolerância, por desprezo e egoísmo. O egocentrismo prevalece de uma forma assustadora, sem ressentimento. Vale a pena viver para ser o melhor, o certo, o mais bonito, o mais inteligente, ou não deveríamos voltar a querer de fato viver o aqui e agora sem essa exposição toda e sermos de verdade quem somos?

Não esqueça que sua vida começa e termina um dia. Se não estiver disposto a enfrentar os altos e baixos, correr riscos e não aprender a lidar com os finais, então não vale a pena viver. Concentre-se mais em você, esquece os outros, temos prazo nessa passagem. Se perde tempo em querer brigar para vencer, vai acabar sem tempo para viver.

 Costela de Adão 

Já escrevi muitos textos sobre mulher, seus direitos e seu lugar nesse mundo machista, um mundo cada vez mais crescente. É incrível que isso ainda aconteça em pleno século XXI, ano 2023, que nem acreditávamos que existiria. Aprendemos que quando chegasse o novo milênio o mundo acabaria, não aconteceu e o machismo continua por aqui, triste realidade. O mundo não acabou, mas acabou o encanto, a simplicidade da vida que vivíamos – hoje, se não for pra mostrar aos quatro cantos, não tá valendo.

Como podemos ter alguém do sexo feminino à frente do mundo dominado por homens? Mulher ter opinião, posicionamento em discussões, liberdade, autonomia? Afinal, se nos contaram que fomos feitas pela costela de Adão é porque somos submissas aos homens, por isso eles mandam. Ah!! agora tá explicado. Não, não devemos obediência nem somos seres a servir um homem só por um pedaço de costela. O que é uma costela perto do que é uma mulher de corpo e alma? Tanto é que a responsabilidade de colocar um Ser no mundo foi dada à mulher e não ao homem.

Será que precisará de mais mil anos para que a mulher seja compreendida como um Ser livre em suas ações, com capacidade para ser e fazer o que quiser? Sem que haja machistas colocando lugares, restringindo e menosprezando só por ser mulher? Como ainda pode ter quem fale que a mulher passa dificuldade por não ter um marido, um companheiro, seja qual for a palavra usada, como pode isso?

A violência contra a mulher para ser considerada uma violência precisa ter morte, ficar desfigurada? A maldade contra a mulher não tem limites, e muitos por aí estão sossegados por não terem matado, ainda. Para os ignorantes é preciso explicar que violência não é apenas física, mas verbal, psicológica, cárcere, escravidão, todas são violências. Portanto, para quem acha que por não bater não está praticando um ato violento, fique atento, muita coisa acabou com a chegada do ano 2000, mas as mulheres ficaram mais atentas a quem são de fato.

Não podemos e não devemos aceitar insultos e desprezos. Grandes mulheres fizeram história de lutas e de conquistas, e vamos continuar mostrando que podemos mais do que nos é ofertado. O mundo não existiria se não fosse o homem e a mulher, por isso não existe o melhor. É preciso aprender a ouvir, podemos transformar, somar, dividir. Precisamos do olhar humano, do amor, do respeito daqueles que um dia chegaram ao mundo pela força de uma mulher.

Prazer em conhecer

Sou mulher, escritora, mãe, avó, curiosa e observadora. Às vezes tenho a impressão de que enxergo além do que estou vendo no comportamento das pessoas, às vezes vejo naquela atitude a criança que cresceu, mas os medos, e os gestos, ainda guardam aquela infantilidade que não acompanhou o tamanho daquele adulto, bem ali na minha frente.

Sou apaixonada pelo comportamento humano, por como funciona a mente, e o porquê de cada ser reagir da mesma forma em situações que a gente acha que aquilo é só nosso, mas não é. Todo mundo faz tudo igual, mudando apenas uma coisinha aqui e outra acolá. Por isso estudei muito; ainda estudo, li muito sobre o assunto. Fiz cursos e hoje escrevo sobre isso, das mais diversas formas.

O ser humano é esquisito, tem sentimentos de soberania como se fosse único na Terra, mas na verdade é só mais um, aquele pontinho no meio de tantos outros iguais, que sente dor, angústia, solidão, tristeza, alegria, que passa mal, precisa de um médico, corta as unhas, escova os dentes, e outras coisinhas tão comuns dos seres humanos, que o mais soberbo faz também.

A sociedade do mundo nunca entendeu que somos todos a mesma coisa, mudando apenas as fases da vida, um dia lá em cima e outro embaixo, um dia sem nada e em outro conquistando tudo que deseja, e vice-versa. Um dia alguma coisa me preocupa, me entristece, mas passa, como tudo passa, como tudo tem prazo de validade, até nós.

Aprendi com minha maturidade que nada tem mais valor do que a vida, a família e o amor. A vida porque é sua, é única, e só você pode cuidar e dar um sentido a ela, um caminho. Mas se errar não adianta culpar ninguém; lembra que a vida é tua? As consequências do que você é, também. Já a família é a única certeza que temos de pessoas que sempre estarão ao nosso  lado; salvo raras exceções, e que te amam de verdade. E o amor? É o sentimento mais nobre que podemos ter, traz paz, não te deixa doente, acumulando tensão, somatização de raiva, e se transformar na vítima da vida. O amor é leve.

Viver para você e por você, seja feliz como queira, desde que não prejudique ninguém, pois isso não é ser feliz, é ser incapaz. Família, a que nascemos, a que formamos, somos todos membros desse núcleo, ligados pelo sangue que nos une. Cuide, acolha, esteja sempre presente, tudo começou com eles, também termina com eles. Ame, ame muito e de verdade. Não fale para todo mundo que ama, não é verdade, afinal esse é um sentimento nobre e não uma palavra, apenas. Use-a com cuidado, apenas com quem te faz sentir o amor verdadeiro.

Por fim olhe por você, estamos aqui por nós e não pelos outros. Se preocupe com suas atitudes, com o que fala, como trata os outros, isso é o que faz de você um ser único, jamais existirá outro como você. Não decepcione quem te ama. Se seguir cuidando da sua vida, do seu caminho e dos seus sonhos terá cem por cento de chance de ser feliz. O que fica é o que fomos, e não o que acumulamos. Viva, ame e permaneça com sua família. Isso é a vida.

E quando a velhice chegar?

Se nos preparássemos para envelhecer não teríamos tantas expectativas. Ficar velho não é apenas rugas, pele flácida, dificuldade para andar, limitações. Envelhecer é missão cumprida no trabalho, nos propósitos que você carregou. Na família que você nasceu, na família que você construiu e, se assim foi, nos filhos – se os teve, nos netos, nas outras gerações.

Mas e essas gerações que vieram após você ter iniciado essa família, estão juntas acompanhando o seu envelhecer? Pois é, nem sempre o seu legado é reconhecido e respeitado, depara-se com a ingratidão e o interesse pelo que você vai deixar para as gerações que vieram. Triste realidade, mas ela existe.

Não ser mais ativo e independente é, na maioria das vezes, um símbolo de não se ter mais utilidade, ser esquecido e, quando não, entregue a mãos desconhecidas, pois sua família está ocupada demais para cuidar de você. Mas não para brigar pelo que lhe pertencerá um dia.

Por mais que apresente às pessoas sobre o que realmente faz sentido nesta vida, não muda nada, os bens materiais são mais importantes do que o amor e reconhecimento, o acolhimento que tanto é necessário nesse momento. Nascemos criança e no final voltamos a ser crianças crescidas, enrugadas por cansaço, por tanta batalha, só resta mesmo esquecer de tudo e não fazer mais nada, assim a alma não sofre mais, não temos mais nada a fazer, a nos preocupar – chega o Alzheimer.

A saúde mental não é preparada para esse esquecimento, seja ele seu ou dos entes queridos. A alma prefere esquecer de tudo, apaga a mente. As expectativas de uma ‘melhor idade’, como chamam, deixa uma interrogação. Isso é a melhor idade? Melhor para quem? Apenas se tiver saúde física, saúde mental e independência; sim, muitos têm.

Viver na solitude é o melhor remédio, depois de tudo, ainda poder ser dono de si, viver em paz. E quando fechar os olhos saber que foi muito bom cumprir a sua estadia aqui com louvor, e deixar saudades

As crianças do mundo pedem socorro

Criança no meu tempo brincava na rua, gostava de brinquedo, de pular corda, brincar de roda. Criança respeitava adulto, se vestia como criança, passava de fases (da vida), se sentava à mesa nas refeições, assistia TV com a família, e nada disso resultou em problemas. Traumas, quem não tem? Não me lembro de meus pais fazerem coisas para me ver quieta, quando saíam com os amigos eu ia junto. Ninguém se distraia com telas, jogos eletrônicos, amigos virtuais, a vida era em família, de verdade.

Daí chega alguém e vai falar, ‘que papo mais careta, o mundo mudou, evoluímos, estamos nos anos 2000’, e eu digo: Que pena, não imaginava que evoluir era chegar nesse caos que vivemos hoje, nos mesmos anos 2000 que você exalta tanto. Crianças viciadas em jogos e precisando de tratamento psicológico, com doenças que antes acometiam basicamente adultos, e agora elas carregam o fardo dos anos 2000. Comida fácil, embrulhada e quentinha, que chega em casa, mas não foi a mamãe quem fez, foi a lanchonete famosa que produz em massa lanches e mais lanches, sem o cuidado do que contém ali. Mas e daí? Temos remédios para tudo, equipamentos hospitalares de última geração, dietas.

E os joguinhos da internet que tiram os pequenos do mundo real por horas? Não têm hora para entrar em casa, tomar banho, colocar pijama e jantar. Depois a cama arrumada e ouvir historinhas ou rezar pro anjo da guarda. Não, vão se deitar lembrando do jogo que perderam pro amigo, ou pior ainda, pro desconhecido que joga junto; se é criança, adulto, quem sabe? Mas está em casa, no quarto, pois então está seguro. Será mesmo?

Os esperados anos 2000 chegaram, e tudo mudou. O mundo virou de ponta cabeça, surgiram as pessoas que não têm medo de nada, xingam, humilham, enganam, trapaceiam, iludem crianças com armadilhas, um verdadeiro show de horrores. O que era para ser um espaço importante para a evolução do mundo, transformou-se em desespero. Nossas crianças estão sendo mortas por pessoas que usam a internet para o mal. Desafios que matam, coação.

O que de pior ainda tem para acontecer? Chegar a esse ponto de matar crianças que jamais, no mundo do século passado, se tornavam alvo; a não ser pelo pior da história em que crianças foram alvo, mas isso não poderia se repetir. Criança tem que ter o direito de viver sua infância. É preciso que se defenda, que seja garantido que crianças vivam como crianças.

Nunca acreditei que o mundo fosse acabar, mas hoje entendo que o ser humano é que está acabando com o mundo, acabando com a graça da vida, a liberdade, a alegria. Vivemos cada um por si, não sabemos se ao sair voltamos, sem garantia de nada, nem mesmo com nossas crianças, que estão cada vez mais expostas e jogadas ao fogo do mundo. Bem-vindos ao globo da morte, o mundo.

Amar com desejo ou com amizade?

Já dizia Rita Lee: “Amor sem sexo é amizade, sexo sem amor é vontade’

Amor sem sexo? Se há amor há desejo, sem desejo não há amor, que é a mesma coisa. São tantos os estereótipos que envolvem esse assunto, mas a verdade é uma só, o amor não é apenas uma união entre duas pessoas, é muito mais que isso, é cumplicidade, cuidado com o outro, relevância, ceder quando preciso, respeito. Mas também o desejo de estar, o sentimento, a companhia, o tato, a conexão; apesar das diferenças, que existem e precisam existir.

Se nada disso existir não é amor, pois onde não há desejo é apenas amizade, gostar de estar junto. Então por qual motivo hoje todo mundo fala que ama? Isso em casais, amigos e até mesmo com amigos instantâneos. A palavra se transformou num carinho sem sentido algum para o verdadeiro amor.

Se realmente existisse amor as relações não seriam tão perigosas e desrespeitosas, agressivas e, principalmente, individualistas. As opiniões hoje são solitárias, mas devastadoras, o EU tomou conta, eu sei, eu posso, eu quero. Não existe o acordo nem conversa, o vencedor é sempre um, o que ocorre sempre num verdadeiro desastre. O ter razão é muito mais importante do que o próprio sentimento, perde-se por orgulho.

Qual será a resistência tão forte em querer prevalecer? A vida é tão simples, não precisamos ficar o tempo todo na defensiva; todos nós erramos, só temos que ter humildade em reconhecer, pedir perdão. Mas não acontece.

O mundo já está cheio de maldade e desamor, competição, inveja, então por que não viver em paz com a sua consciência? Abra o seu coração e deixe o amor fluir, se entregue, mas não saia por aí amando todo mundo, isso não existe, amar é um sentimento muito nobre. Cuide do seu amor, tá difícil um amor de verdade.

  Aceite sua transformação

 Em meio a tanta coisa que vem acontecendo desde 2020, o que mudou para você? Não aceito que fale não mudou nada, ou a doença fez isso ou aquilo. Não, alguma coisa dentro de si mudou, pode ser que não tenha percebido ou que ache que está tudo igual ou pior, como costumamos ouvir por aí. É que vivemos no automático e não paramos um único minuto para analisar a nós mesmos.

Tenho feito isso com muita frequência e vejo que não sou mais a mesma pessoa, muita coisa mudou em mim e gosto muito mais dessa nova mulher, não tolero mais o que não gosto, me dou o direito de falar não, enxergo e sinto muito mais o que está por trás de determinados comportamentos, quem sou eu de verdade e, principalmente, o que quero e o que excluo.

É tão bom evoluir e transformar que chegamos a conclusões que nos mostram que cada um de nós é de fato um ser único na Terra, podemos transformar nossas vidas e sermos quem quisermos. Vivemos em grupo por necessidade, mas somos sozinhos, nossas necessidades não dizem respeito a ninguém. Quem somos e o que fazemos, nossos problemas ou traumas, ninguém sabe, então viva e não olhe para os lados, olhe para você e para frente.

A parada forçada no tempo que tivemos foi para nos transformar; mas tem quem ache que não, continua fazendo do mesmo jeito as mesmas coisas. A vida mudou meu bem, se ainda não percebeu, veja quanta coisa ruim tá aí na sua frente e você ainda acha que isso sempre aconteceu e que só piorou. Presta atenção em uma coisa só, tudo isso é consequência dos sucessivos erros humanos, do orgulho e da maldade, da descriminação, da soberba.

Transforme-se, comece entendendo que o mundo não gira ao seu redor e que todos estamos aqui para evoluir, nem eu nem você somos melhores, somos diferentes, mas precisamos aprender e melhorar. Se ninguém achar que precisa mudar seremos engolidos pelo egoísmo e só aumentará o sofrimento. Lembre-se, um grão de areia que se junta a outros grãos formam dunas, e assim são os seres também, sozinhos não somos nada, mas juntos podemos transformar o mundo.