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Misoginia é crime.

É engraçado como ainda enxergam as mulheres. “Mulher não serve para comandar, tem filho, falta para cuidar do filho ou ir em reunião escolar, é muito sentimental, fica na TPM, é instável.” Primeiro, por que o pai não precisa ter essa responsabilidade de sair para ir à reunião escolar? Não pode faltar para levar o filho doente ao médico? A irritabilidade dele no trabalho é coisa de homem, se faltar por causa de uma gripe ninguém fala que é frescura, mas mulher faltar porque está com cólica é frescura; mal sabem o que é uma cólica, e ainda tem a andropausa, sabia? Quantos homens tratam da andropausa? Fazem reposição hormonal? Pois é, não fazem. Mas a menopausa na mulher é motivo de chacota e “brincadeirinhas” bastante desrespeitosas, como: ficou insuportável, que tanto calor você sente, engordou, sua pele não é mais a mesma, resseca tudo. A andropausa no homem ninguém fala, perdem também muita coisa, ficam chatos, perdem os hormônios, mas está tudo bem, afinal, a falta de paciência, irritabilidade e grosseria é normal.

A mulher chega em casa após um dia de trabalho exaustivo com a normalidade de um homem irritado, e ainda faz comida, cuida dos filhos, da casa, administra os gastos, ajuda na tarefa de casa dos filhos, da educação, e ainda é sensível. Fora ser mulher.

Enquanto isso, o homem que trabalhou o dia todo, assim como a mulher, espera a janta sentado, fica na sala enquanto a mulher arruma a cozinha, prepara o lanche do filho do dia seguinte, cuida dos últimos detalhes, toma seu banho e vai dormir. Mas é o sexo frágil.

Ganha menos, trabalha mais, cuida de tudo sozinha, e muitas ainda são maltratadas pelos seus maridos, psicologicamente, moralmente, sexualmente, diminuídas, mal faladas, simplesmente por ser mulher. Enquanto isso, é tudo muito normalizado para a raça chamada homem.

Se tantas coisas mudaram ao longo do tempo, se as mulheres já conquistaram sua liberdade, já provaram que resistem muito mais, sem precisar ter força física, e ainda aguentar tudo e um pouco mais… Por que dói tanto o machismo?

Mulheres têm direitos, opções de vida, ser ou não ser mãe, casar-se ou ficar só, trabalhar, escolher sua própria vida. Liberdade não tem sexo, liberdade é direito, não opção. Também pode ser mais inteligente, mais forte, mais resistente. Não à toa foi dado à mulher o parto. Resiste e vive após o parto, e cuida, e ponto.

O ato de bater, humilhar ou até matar uma mulher é covardia, ou inveja de não ser igual. Agora será crime misoginia. Hostilidade, violência ou aversão à mulher, somente por ser mulher. Hoje temos lei a nosso favor. Cuidem das palavras e postura contra uma mulher, o efeito não será nada agradável.

Num mundo onde o machismo predomina, toda luta e esforço é feito na raça. Fomos silenciadas por anos, aprendemos que o homem é o provedor da casa, aprendemos a sofrer calada. Infelizmente isso ainda acontece de uma maneira menor, mas o medo e a opressão continuam, tanto que muitas mulheres sofrem abuso sem perceber, e ainda acham que são felizes ao lado de seus parceiros, o momento que acende a luz do perigo é quando o abuso físico chega.

Faz muito tempo que o feminismo alerta, mas são poucas as que levantam a bandeira para lutar pelos direitos de gênero, sofrer somente por ser mulher, não é aceitável, temos nosso espaço na sociedade como ser humano, trabalhando, estudando e vivendo. A união faz a força. Mulheres, deixem de ser machistas e apoiem mais nossos direitos. Homem também tem que ter responsabilidades dentro de casa e com os filhos, nem tudo é culpa da mãe, tem muito mais culpa do pai ausente, do que da mãe que dá conta de tudo e falha, às vezes, por pura exaustão. Pai também é responsável pela educação dos filhos. Como dizem alguns, que lugar de mulher é na cozinha, então, lugar de homem também é dentro de casa ajudando, cuide da sua família.

Ridicularizar é engraçado. Viva a liberdade de expressão

A cada dia vimos mais absurdos acontecerem, e ainda com pessoas aprovando e defendendo criminosos. Crime é tudo aquilo que viola a integridade do outro, e na maioria das vezes são pessoas que circulam em torno de nós, ninguém que você olhe e sinta medo, como nos ensinaram. Pode ser um ator famoso, cantor, alguém da Hay Society, seu vizinho, parente, amigo, enfim, vivemos numa sociedade em que não sabemos mais quem é quem.

Claro que todo mundo leu, ouviu falar sobre a polêmica acusação a um humorista que desdenhou de uma raça, mas imagina é humor falar mal dos outros, ridicularizar, humilhar, ofender uma raça já massacrada desde séculos e séculos; e não foi só essa ‘piada’ desrespeitosa, acham que democracia é falar e fazer tudo o que pensa, existe lei, e deve ser respeitada. Vamos pensar como pessoas adultas e civilizadas, ter Liberdade de expressão é poder opinar, colocar suas ideias e ideais em debate, e mesmo assim, não se tem o direito de humilhar ou desqualificar alguém, se achar o dono da verdade. Tudo o que ofende diretamente é preconceito, que gera assédio moral, que é crime.

Será que existe alguém que se sinta feliz quando assiste a um bombardeio explodindo residências, hospitais, matando crianças e acha graça ou concorda com tanta maldade? Você acharia engraçado seu filho ou um parente, amigo, morrer numa guerra? Ou ser motivo de chacota por qualquer outro motivo? É humor, não é mesmo?

Ferir a integridade de alguém não é brincadeira, podemos ter algumas diferenças, mas no fim somos todos iguais, feitos da mesma matéria, ou será que a cor ou a condição diferente da sua muda os hábitos do corpo? A aparência bonita é mais importante do que a cabeça de quem sabe pensar e entender que há diferenças aparentes, mas não existe dinheiro que pague para não morrer. Deus não aceita suborno. Não adianta fazer um espaço protegidíssmo debaixo da terra, se vier um terremoto, vai ser o primeiro a sumir.

Será que algum dia aprenderão que não existe nenhum semideus na Terra? Não adianta fazer vídeos em defesa de quem não tem defesa, não adianta estar do outro lado do mundo e ainda falar mal do país que te enriqueceu. Só foi embora depois que ganhou muito aqui, porque lá nem um bom dia recebe. As novelas ou filmes não cometem crimes quando retratam uma realidade, estão prestando um serviço à sociedade, não estão ridicularizando ninguém. Palco não é para falar o que bem entende, palco é ter responsabilidade do que fala. Mas a vida virou uma comédia, não é mesmo? Então, para que vamos viver em paz se é melhor desestabilizar tudo? Afinal, enquanto perdemos tempo falando de criminosos famosos, o que é importante de se questionar e tomar atitude está esquecido, é para tirar o foco mesmo. Enquanto isso….

Você já olhou o jornal de hoje e viu alguma notícia sobre o que está sendo feito para a segurança das mulheres que sofrem violência todos os dias? Não é só em casa, é na rua, no trabalho, na escola, claro que não, isso não dá engajamento, mas garanto que muitas pessoas já viram o dia lindo da vida de milhares de influencers que nem terminaram o fundamental II. Assim como muitos não vão ler esta crônica, é muito longa e o assunto não interessa, afinal quantos são a favor do humor negro, assim que chamam né?

Por Maristela Prado

Entre o bem e o mal

A triste realidade de constatar que a polarização deixou uma parte da humanidade extremamente ruim, destilando o ódio, e a outra do bem, que não consegue viver em paz. Como podemos ver, o mau tenta a qualquer custo destruir o bem. Por quê? Valores que antes eram importantes, como o caráter – que já não tem mais tanta importância –, deixaram de existir, ou de ser valorizado. A “modernidade” distorcida criou um desvio que não tem remédio, não tem tratamento, apenas vai, sem rumo e sem preocupação com as consequências que podem trazer, mesmo porque arruma-se outras saídas para se defender.

Enquanto uns lutam pela paz, outros querem mais a desordem, a briga, o poder físico de espaço, lugar, dinheiro. Destruir as virtudes ou a honra, reputação moral, são tantos os maus feitos que nem dá para enumerar, só sentir. Perdemos o controle de tudo, não há mais nada que possa ser feito, esses atributos são mundiais.

Os inúmeros preconceitos que estão aí só nos mostram o tamanho da insensatez das pessoas, por mais que se fale sobre o assunto mais aparecem pessoas destilando seus ódios, como se alguém nesse mundo fosse perfeito ao ponto de apontar o dedo para o outro sem se preocupar com seus defeitos e imperfeições. Afinal, quem aqui está apenas desfilando ou passeando pela Terra? Quem não tem um único probleminha na vida ao ponto de zombar de outros? Ou ainda, achar que está por cima?

Estamos vivendo o cada um por si, e tentando dar continuidade à vida à sua própria sorte. Em casos como preconceitos e diferenças sociais, vimos os acontecimentos sendo levados como se a vítima fosse culpada e o culpado fosse a vítima; ora, fatos são fatos e ponto final. Até quando teremos que assistir a essas desigualdades? Até quando?

Essa crônica é o ponto de vista de uma pessoa que vive nesta sociedade, nesse País, e acompanha os fatos com muita leitura. Não estou replicando falas de ninguém, apenas expresso minha visão, principalmente de tudo o que anda acontecendo. Sei que não existe somente a maldade, ainda temos seres humanos do bem, e são muitos, só não estão em evidência tanto quanto os maus, mas isso não importa, o que interessa é que por causa dessas pessoas (do bem) “ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais” (trecho da música “Nossos pais”, de Belchior).

Se você fosse você

(Inspirado na crônica “Se eu fosse eu” de Clarice Lispector).

“Se eu fosse eu” (Clarice Lispector). E ela diz: “Parece representar o nosso pior perigo de viver, parece a entrada nova no desconhecido.” Se de fato fôssemos nossa verdadeira versão, certamente não seríamos aceitos. Imagine sair por aí falando tudo o que pensa? “O sábio nunca diz tudo o que pensa, mas pensa tudo o que diz” (Aristóteles).

As pessoas não aceitariam nossa versão, somos todos marionetes de uma sociedade moldada para justamente sermos aceitos. Mas então somos todos falsos e frustrados com nossas próprias vidas falsas? Talvez sim, talvez não, mas que não somos nós mesmos, ah! isso não somos.

Quando no trabalho tem que se engolir sapos bem atravessados já estamos contra a nossa verdadeira versão, nem tudo o que se pensa pode ser falado, então vamos engolir sapos. Nas relações – em todas as relações humanas –, temos pessoas das quais não gostamos, mas temos que conviver; não precisa ser necessariamente falso, bajular, no entanto, precisamos estar, apenas.

Há quem não tenha filtros, mas arruma confusão em todo canto. Ser muito sincero também não dá, temos que pensar antes de falar, quem fala demais e conta muita vantagem é arrogante. Afinal, as palavras às vezes ferem muito mais do que uma atitude, por isso é necessário pensar em tudo que se diz.

Se você fosse você qual seria o impacto que causaria em quem acha que te conhece? Até porque as pessoas conhecem o que deixamos que conheçam sobre nós, mas jamais esse conhecimento se torna tão profundo ‘às relações superficiais que temos com pessoas’.

Ainda tem quem siga os influencers, e quanta má influência tem por aí. Também não está sendo você, só que aí é cópia, é querer ser igual, quase uma inveja, sai totalmente da sua verdadeira essência, e nunca será igual, não existe essa possibilidade porque somos seres únicos, não dá para ser clone, isso é ilusão, ingenuidade, fantasia.

Você pode sim seguir o exemplo de outra pessoa em situações que vão te ajudar a crescer, a amadurecer e se tornar alguém digno de exemplo, não de inveja. Aprender com outra pessoa que te dê bons exemplos é muito válido, mas para isso é necessário o discernimento, para não cair em arapucas.

Portanto, ser nós mesmos sempre não é possível, e não porque vestimos personagens, mas porque não temos o direito de sair humilhando os outros ou de fazer o que bem entendemos. Há regras na vida, há leis a serem seguidas. Imagina se cada um saísse por aí fazendo o que bem entendesse! Antes de falar ou agir como quiser, pense: se você fosse você o que faria naquela situação? Faria para você o que faria para o outro?