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Tudo passa, tudo muda o tempo todo.

Tudo está mudando a passos largos, parece que cada dia estamos vivendo num outro mundo. As pessoas mudam, os lugares, as fases se encerram e outras começam. Tudo tem começo, meio e fim.

Começamos a vida sem saber nada, não conhecemos ninguém, olhamos aqueles vultos de humanos adultos, e vimos como se fossem fantasmas, sem saber quem são. Não sei se sentimos medo, mas deve ser assustador olhar ao seu redor e, ao invés de útero e sangue, vimos aqueles gigantes chegando perto de nós e falando como criança. “Quem será?” Conhecemos somente as vozes do papai e da mamãe.

De repente, começamos a entender os sons, as imagens, aos poucos vamos tomando consciência do que são cada uma dessas novidades, inclusive a vida. Tudo muda, o tempo todo, aprendemos, perdemos, conhecemos, crescemos e as coisas continuam a mudar, diferente de antes, com consciência de tudo ao nosso redor.

Começamos a entender que perdemos pessoas, objetos, amizades, a infância, a adolescência, a vida cercada de cuidados. Crescemos e viramos adultos, e os pais não são eternos, nem nós. E temos que aprender que a vida é uma passagem, às vezes rápida, outras vezes longa. Temos momentos de felicidade e momentos de tristeza. Perdas e ganhos, decepções e alegrias. Nada é perfeito, e nem para sempre.

As pessoas morrem, por isso precisamos aprender a perdoar, a controlar nossos sentimentos, a não pensar somente em si. A empatia é uma virtude que está cada vez menos em prática, a compaixão também faz parte da vida, saber que tem quem esteja precisando mais do que você, ajudar sem querer nada em troca, um dia é um precisando, no outro pode ser você.

Se as crianças aprenderem a partir de agora que somos todos iguais e precisamos ser gentis e decentes com os outros, chegaremos certamente a ter civilização sem preconceitos, sem arrogância, somente a entender que um ser humano é somente um ser humano, nada mais.

Nascemos e vivemos as mesmas coisas, a fisiologia é igual aqui e no pacífico, a fome, as necessidades são as mesmas. Tanto faz se é indígena, negro, branco, amarelo, europeu, brasileiro, somos humanos. As mudanças são sociais e culturais, mas não existe país no mundo que não tenha suas diferenças, seus problemas, desequilíbrios e desilusões.

Aprender que um dia não terá mais aquela casa que você cresceu, anos depois pode ser um estacionamento, um parque ou nada mais. Que seus pais não vivem mais neste Planeta, e não ouvirá mais a voz dando bronca ou a carícia, o beijo. Seus amigos se perderão pelo mundo, seus filhos formarão suas próprias famílias.

A vida é esse vai e vem, perde e conquista, encerra e começa; ou recomeça, equilibra e volta a desequilibrar, o coração bate pulsando a vida, e para de bater levando também a vida. Aproveite enquanto pode, não deixe rancores, não tenha ódio de ninguém. No fim, o trem de volta vem buscar todo mundo, e nem sempre vai dar tempo de dizer aquele, ‘Eu te amo’ por puro orgulho.

Por Maristela Prado

A falta de empatia que vivemos

A falta de empatia das pessoas é algo a ser estudado. Falamos em ensinar às crianças, e isso é urgente, porque os adultos, nunca generalizando, não sabem sequer o significado da palavra, e muito menos incluí-la no seu dia a dia.

E não estou falando de um assento de cadeira de avião que virou notícia, sem comentários. Estou falando de compreender a situação, a dor, o momento, os problemas que enfrentamos.  Acontecem coisas na vida que não esperamos, não temos um calendário de acontecimentos, quando alguém vai morrer, se você está passando mal no dia marcado, que terá uma intoxicação alimentar, e tantas outras coisas.

Mas como sempre em primeiro lugar o dinheiro, nunca a pessoa. Cada um por si e os outros que se virem. Empatia significa se colocar no lugar do outro, entender a situação e usar aquilo que se chama de humano, que está em extinção, para compreender. Em vez disso, ‘Eu’ me preocupo comigo. Sempre o ‘Eu’.

Se convivemos com tantas pessoas ignorantes em lidar com outro ser humano, como teremos crianças empáticas e capazes de viver num mundo em sociedade que só se vê briga de poder? Estão aprendendo o individualismo, o narcisismo, e é muito mais difícil de se colocar essa virtude em questão no cotidiano das crianças.

Tenho visto e vivenciado tantas coisas difíceis de engolir que não pensei que um dia aquele mundo que eu sempre admirei se tornaria tão sujo e com pessoas tão pobres de espírito para com os outros. Acho que o descaso, ou o tanto faz, tornou-se uma forma de vida para algumas pessoas. Somos como descartes, não gostou? Joga fora.

Tenho uma amiga que de tempos em tempos ela faz uma limpa nas redes sociais dela, diz que tem gente que só olha, não conversa, não procura, não comenta, não curte, está fazendo o que lá? Ela tem razão, tem gente com milhares de ‘amigos’, será que fala com todos? Ou quer mostrar que é pop? Antes a gente falava que a inveja mora ao lado, agora mora dentro da palma da sua mão também. Por que não fazer isso com pessoas reais? Estão jogando fora também sem piedade nenhuma. Alguns até por utilidade, outros por interesse, e ainda o tanto faz.

Esse comportamento crescente está afastando as pessoas que se reaproximaram quando surgiram as redes sociais, que gente achava que poderíamos conviver novamente como antes, mas não durou. Nos comunicamos por meio de mensagens, e deixamos de nos comunicar pelo mesmo meio. Interessante isso, e, ao mesmo tempo, desagradável.

Seguimos a vida cada vez com menos pessoas que nos amam e amamos de verdade, sinto que cada um está vivendo como pode e como dá. A crueldade e a falsidade são sinônimos de como se vive no mundo de hoje, por isso sentimos tantas saudades do mundo de ontem. Não era perfeito, mas a vida era mais bonita.

Por Maristela Prado

As emoções nas crianças

Já ouviu falar em educação socioemocional? É um programa para implementar nas escolas para crianças e adolescentes. Mas o que é isso? É um processo de ensino e aprendizagem no âmbito social, comportamental, pensamentos e emoções, aprender a ter resiliência, empatia com os outros, no caso da escola com amigos, professores, funcionários, para a vida.

Estamos num mundo onde as crianças estão expostas a todo tipo de informação, como a violência, a falta de controle de adultos sendo exemplo para crianças, palavreado inadequado, valores, educação e respeito deixados de lado.

Nunca tivemos tantas crianças com ansiedade, depressivas e consumistas, é comum vermos as exigências mais absurdas pelo consumo, pelo simples fato de ter. O consumo e o descarte de coisas por outras que dizem ser mais avançadas, mas que na verdade é um ponto aqui ou nada apenas para vender, para ganhar, para enlouquecer.

Daí os problemas emocionais em crianças! Vivem como adultos sedentos pelo novo, desfazem de colegas que não têm o objeto de desejo do momento, praticam o bullying, seus valores é o quanto custa, não o que vale a pena. Precisam de ajuda.

Este artigo estava pronto ontem (21 de agosto), quando li uma matéria sobre um garoto negro, gay, da periferia de São Paulo e bolsista do colégio Bandeirantes, um dos mais caros da cidade. O garoto de 14 anos sofria bullying há um ano e meio, desde que conseguiu a bolsa através de um processo seletivo rigoroso para alunos de baixa renda acessarem colégios de classe alta. Avisou a mãe o que estava acontecendo, sofria com a situação, e ela tentava acalmá-lo, mas o garoto deixou de falar no assunto. O gesto desesperado do garoto aconteceu no dia 12 de agosto, quando ele saiu de casa para ir à escola, mas não chegou, tirou a própria vida no caminho.

A escola aderiu ao programa ‘convivência positiva’ depois de muitos fatos ocorridos na unidade em relação a comportamento. A escola não pode ajudar sozinha, tem que haver a colaboração da família para que a disciplina seja alcançada, senão nada disso surtirá efeito. A educação começa em casa, e a família não pode deixar nas mãos da escola a educação dos bons modos e respeito. O adulto de amanhã será exatamente o que aprendeu em casa, e não na escola.

Resgatar a educação não é careta, é necessidade social, é saber que não se pode tudo e nem falar tudo o que pensa, a resiliência é que ajuda a criança a se transformar ou superar traumas. A empatia, saber se colocar no lugar do outro, ‘o que você não quer pra você não faça para o outro’. Ou seja, aprender a lidar com suas próprias emoções e a dos outros também, não achando que o problema do outro não lhe diz respeito, e desta forma sentindo-se mais importante e valorizada.

A escola não educa, a educação vem de casa, mas a escola pode nutrir esses valores, além de instruir didaticamente. São pequenas atitudes no dia a dia que transformam, mas os pais também precisam participar, isso é parceria, e principalmente para seu filho.