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Quem pode saber da sua vida é só você.

Quem de nós não temos uma lembrança tão boa que até dói de saudade? Que vontade de que tivessem inventado um botão para retroceder o tempo, quanta coisa gostosa teríamos para reviver. Certamente não sentiríamos mais a mesma sensação de antes, o que passou, passou, aquele momento ficou só na lembrança. Por isso, não devemos ter pressa de nada, viver o momento intensamente é o que vale para uma vida.

Desperdiçamos momentos, lugares, pessoas por pura bobagem, aquilo nunca mais vai voltar ou ser igual. A moda volta, mas nunca aquela roupa que você guardou é igual àquela de agora, um detalhe aqui, outro lá e a sua roupa é ultrapassada. Reviver a saudade é bom, faz bem para a alma, não se deve viver do passado, corre-se o risco de não aceitar o presente, e muito menos o futuro.

A nossa vida é cheia de surpresas e um deslize pode deixar marcas profundas para sempre. O melhor é olhar para trás e não sentir vergonha nem arrependimento, é ter certeza de que, mesmo tendo errado, não foi por maldade, falsidade ou por ego exagerado, mas porque vamos amadurecendo com o tempo, com o que a vida nos ensina.

Uma pessoa muito querida me disse uma vez. Tem quem aprende no amor e tem quem aprende na dor. Nunca mais esqueci dessa frase, mas vejo que a maioria prefere aprender na dor, somente para não parecer bom demais, ou bobo. Imagina, bobo é quem deixa de viver o melhor da vida por pouco.

A vida passa em minutos, e não sabemos quantos minutos ainda teremos, talvez sejam incontáveis, ou estejam no fim. Quem sabe? O coração pulsa a vida, mas o que te faz ser alguém é sua mente. Como anda a sua, funciona para o bem ou para o mal? Não dizem que tudo o que se faz volta em dobro? Então, prefira o bem, assim tudo de bom receberá também, já o contrário. Todo mundo sabe.

Amadurecer não é a idade, mas sim a vivência e a maneira como se enxerga a vida que antes não via, parar para pensar antes de agir ou falar besteira, se autovalorizar; e isso não é egoísmo, é aprender a ser respeitado. Saber sair de um ambiente que não lhe agrada sem ser deselegante, falar o necessário, se valer a pena. Ser dono da sua vida, mas sem desrespeitar o outro, somente saber o que quer e aprender a dizer não.

Ter seus direitos e deveres, saber seus limites e dos outros também, ouvir o seu coração, trabalhar com o que gosta e não para ganhar mais dinheiro, não se expor demais, e tampouco se preocupar com o que falam sobre você, se falam é porque incomoda. Viva sua vida no silêncio, ninguém precisa saber dos seus planos, isso é entre você e Deus. Só ele sabe o seu caminho, para onde vai. E tenha certeza. O que é seu já estava escrito, e ninguém vai tirar, a menos que você permita.

Acho que não vai fazer isso, ou vai?

Por Maristela Prado

Tudo passa, tudo muda o tempo todo.

Tudo está mudando a passos largos, parece que cada dia estamos vivendo num outro mundo. As pessoas mudam, os lugares, as fases se encerram e outras começam. Tudo tem começo, meio e fim.

Começamos a vida sem saber nada, não conhecemos ninguém, olhamos aqueles vultos de humanos adultos, e vimos como se fossem fantasmas, sem saber quem são. Não sei se sentimos medo, mas deve ser assustador olhar ao seu redor e, ao invés de útero e sangue, vimos aqueles gigantes chegando perto de nós e falando como criança. “Quem será?” Conhecemos somente as vozes do papai e da mamãe.

De repente, começamos a entender os sons, as imagens, aos poucos vamos tomando consciência do que são cada uma dessas novidades, inclusive a vida. Tudo muda, o tempo todo, aprendemos, perdemos, conhecemos, crescemos e as coisas continuam a mudar, diferente de antes, com consciência de tudo ao nosso redor.

Começamos a entender que perdemos pessoas, objetos, amizades, a infância, a adolescência, a vida cercada de cuidados. Crescemos e viramos adultos, e os pais não são eternos, nem nós. E temos que aprender que a vida é uma passagem, às vezes rápida, outras vezes longa. Temos momentos de felicidade e momentos de tristeza. Perdas e ganhos, decepções e alegrias. Nada é perfeito, e nem para sempre.

As pessoas morrem, por isso precisamos aprender a perdoar, a controlar nossos sentimentos, a não pensar somente em si. A empatia é uma virtude que está cada vez menos em prática, a compaixão também faz parte da vida, saber que tem quem esteja precisando mais do que você, ajudar sem querer nada em troca, um dia é um precisando, no outro pode ser você.

Se as crianças aprenderem a partir de agora que somos todos iguais e precisamos ser gentis e decentes com os outros, chegaremos certamente a ter civilização sem preconceitos, sem arrogância, somente a entender que um ser humano é somente um ser humano, nada mais.

Nascemos e vivemos as mesmas coisas, a fisiologia é igual aqui e no pacífico, a fome, as necessidades são as mesmas. Tanto faz se é indígena, negro, branco, amarelo, europeu, brasileiro, somos humanos. As mudanças são sociais e culturais, mas não existe país no mundo que não tenha suas diferenças, seus problemas, desequilíbrios e desilusões.

Aprender que um dia não terá mais aquela casa que você cresceu, anos depois pode ser um estacionamento, um parque ou nada mais. Que seus pais não vivem mais neste Planeta, e não ouvirá mais a voz dando bronca ou a carícia, o beijo. Seus amigos se perderão pelo mundo, seus filhos formarão suas próprias famílias.

A vida é esse vai e vem, perde e conquista, encerra e começa; ou recomeça, equilibra e volta a desequilibrar, o coração bate pulsando a vida, e para de bater levando também a vida. Aproveite enquanto pode, não deixe rancores, não tenha ódio de ninguém. No fim, o trem de volta vem buscar todo mundo, e nem sempre vai dar tempo de dizer aquele, ‘Eu te amo’ por puro orgulho.

Por Maristela Prado

A guerra dos povos no mundo está acabando com a vida na Terra.

A guerra armada já é quase um detalhe nesse mundo insano que estamos vivendo, uma consequência da insanidade de pessoas que anseiam pelo poder, não apenas o poder de um cargo, mas querem o poder do mundo, da Terra, de tudo o que compõe a nossa vida.

São tantos os absurdos que nem sei por onde começar. A cada dia é um acontecimento novo a favor de quem acha que comanda. É, sim, acha. Tudo é transitório, nada é permanente, portanto, ninguém manda em nada e em ninguém, certo? Somos donos apenas da nossa vida, do que fazemos dela e com ela. Hoje posso estar no pedestal, e amanhã olhando para cima. Parece que a inteligência deixou de existir, olham só para o que lhes interessa, mas o que interessa mesmo é a vida e não o que você tem ou junta, não é nada seu.

Quantos humanos já vimos em ascensão, sorrindo, debochando de quem não estava, e acabou na miséria, numa cama, sem memória, ou tão doente que todo o dinheiro acumulado não comprou sua saúde ou sua vida de volta? Quantos morreram de forma trágica; alguns deixaram história boa, mas nem todos.

Estou vendo o mundo se desfazer, pessoas enlouquecidas tomando atitudes completamente fora do normal, cada um pensando em seu próprio prazer, até em ser protegido por atitudes criminosas! Como se o resto da população fosse lixo. Me desculpe, mas um dia seus ossos serão um monte de lixo, independente da sua casa, do seu poderio, do seu cargo.

Intervenções descabidas entre países, por território, minérios, dinheiro, dinheiro, dinheiro. Pessoas aclamando um país em detrimento de acabar com seu próprio; ainda se dizem patriotas, golpes de cima e golpes de baixo. Quando os militares deram o golpe de 1964, o povo nada podia fazer, mas hoje é o próprio povo querendo dar golpe, é briga entre pessoas da mesma pátria. País dividido é país sem lei.

Crianças estão sendo criadas nesse mundo insano, o que podemos esperar desta geração? Os exemplos vêm de cima, e quer dizer, de poderes, de pais, mães e responsáveis legais de uma criança que nasce pura e torna-se corrompida. Aprende a barganhar, a conseguir fácil. Não existe o pai que mostra a vida como ela é, mostra que o coitadinho do filho pode tudo, só que esse pode tudo acaba virando para quem ensinou, até matam.

Brigam pelos erros dos filhos, a favor deles, ameaçam, enganam, mas não ensinam. A culpa é do professor, da escola, do sistema. Mas o filho é criado por pessoas e não pelo sistema. Nunca se teve tanto problema de saúde mental como agora. Será o acaso? Ou será a ausência de limites, de pais poderosos na palavra, na educação?

“Caminhando e cantando, somos todos iguais, braços dados ou não”. Frase da música de Geraldo Vandré nos anos 60 na época da ditadura. Foi hostilizado, exilado, torturado por estar do lado do povo. Hoje vivemos o contrário, estamos sendo exilados pelo próprio povo dividido, por um país que tem dois lados, não existe uma pátria, existe o que eu quero que seja. Não estou sozinho para que minha palavra seja a certa. Ou vivemos em paz, ou seremos destruídos pelo ódio.

“A língua é minha pátria

E eu não tenho pátria, tenho mátria

E quero frátria”

(Caetano Veloso, música Língua).

Análise da frase: A língua é nossa pátria, a mátria vem de maternal, acolhe. Frátria é fraternidade, união. Entendeu? E não tem cor.

Por Maristela Prado

Lealdade e fidelidade

Ser leal é ser verdadeiro, suas palavras e atitudes devem ser iguais. É uma virtude do ser humano não trair sua integridade moral. Demonstrar dedicação às pessoas e não trair a confiança, seja em relações amorosas, amizades e trabalho, mas está ficando cada vez maior o número de deslealdade na vida. Vencer e ser destaque passou a ser mais importante do que ter moral. E tanto faz se for aceito.

A fidelidade diz mais sobre estar junto, companheirismo, estar lado a lado com as pessoas que se ama. Ser fiel não é ser trouxa, é ser moralmente transparente e não ser mentiroso. Aquele que diz e não faz, o contraditório.

Quando se fala do outro ou difama para sair como vítima, diz mais sobre você do que do outro. Nossas atitudes revelam nossa verdadeira face. Falar é fácil, difícil é manter a postura do que se fala. Este tipo de comportamento é muito claro, mostra descaradamente o quão sua vida está bagunçada e sem expectativas, para se chegar ao ponto de se desnudar para ser aceito e visto.

Como dizia Cazuza:

“A tua piscina tá cheia de ratos

Tuas ideias não correspondem aos fatos

O tempo não para”

Embora seja uma letra mais política, está demonstrando exatamente a contradição do que se fala e do que se faz. É isso, o tempo não para, por mais que queira estar no poder para sempre, um dia a casa cai. E como está caindo, quantas pessoas estão desmoronando, por mais que queiram estar por cima, a vida é uma gangorra, nem sempre em cima, nem sempre embaixo.

Por isso, não dá para achar que o mundo gira somente no seu umbigo, somos mais um pontinho no globo terrestre, nada mais do que isso. Alguns vêm para brilhar, outros para cair e passar vergonha, outros não brilham, mas saem de cabeça erguida sem dever nada para ninguém. O que você escolhe?

Talvez tenha quem diga a velha frase: “A vida é curta para se preocupar com tão pouco, temos que aproveitar”. Nem sempre é curta, tem gente que tem vida longa para viver tudo aqui mesmo. E vamos falar a verdade, viver sem dignidade e sem moral não vale nada. Ou você vive, ou você passa. Prefiro viver.

Por Maristela Prado

Família e escola. A conclusão para a mudança

Depois da série ‘abuso’, chego à conclusão de que as famílias precisam mudar urgentemente. Educação começa em casa, entre quatro paredes, pais e filhos. Não sabemos ao certo o que acontece nas casas, mas sabemos que é o que acontece que forma um indivíduo, e pelo visto estão acontecendo coisas muito sérias, senão não teríamos tantos problemas com abusos de todos os tipos.

Nas escolas, as crianças costumam contar coisas inocentemente, mas falam e revelam para professores causas que estão fazendo a escola mudar o olhar para essas crianças e adolescentes, incorporando na educação escolar a educação emocional. Precisam aprender o significado de empatia e resiliência, já que os exemplos estão sendo completamente opostos a isso, ou seja, preconceito e agressão.

Precisam aprender que vivemos num mundo de diferenças, as pessoas são diferentes e as situações, também. Cada país tem sua própria cultura, cada Estado que compõe um país também tem cultura diferente, e precisamos entender e respeitar, ou você chega em um país não aceitando a cultura deles?

As crianças estão crescendo em ambientes completamente violentos, com palavras e gestos, com preconceito, ódio, e soberania, ensinando que o outro nunca será melhor do que você, somente por algum motivo preconceituoso, principalmente de etnia, gênero e condição social, os principais pilares da discriminação. Ser um cidadão branco, hétero e rico já é o suficiente para estar protegido de quaisquer condições discriminatórias. Será?

Uma pessoa nessas condições nasceu com RG de honestidade e santidade? A falta de caráter não tem nada a ver com isso, como já disse, tudo começa em casa, portanto, tanto faz a condição, o que importa é o caráter, e ele não tem condição financeira, nem cor e nem gênero.

Ainda há muito a se fazer para que esta situação mude, muitas leis precisam ser revistas, professores mais preparados, mudanças na legislação escolar; nosso ensino ainda continua antigo e monótono, é preciso mais participação fora da sala de aula, interação e convivência. Mudanças e controle das redes sociais, que estão acabando com a saúde mental de toda a população mundial, não somente de crianças e adolescentes, mas adultos também. Maior rigidez e controle sobre influencers que usam e abusam da ingenuidade, ou até mesmo da ganância obsessiva das pessoas em ganhar dinheiro, poder, posição. Pais e responsáveis mais atentos aos filhos, conversar mais, estar a par com quem falam, o que fazem. Ser pai e mãe de verdade, sem preguiça de educar, dá trabalho, mas no final vale a pena.

Criar cidadãos é muito mais do que criar pessoas, colocar filho no mundo não é dar a responsabilidade para os outros ou para a escola, a responsabilidade é sua. Deu vida? Agora dê educação. Não espere que a rua faça o seu trabalho, ao contrário, o seu trabalho será o dobro e decepcionante. Não ponha no mundo uma criança para ser infeliz, já basta você.

Por Maristela Prado

Semear a vida demora

O estresse, a ansiedade, a pressa, a falta de paciência, a frustração, o não ser o que queria. São tantos os problemas emocionais que fazem mal à saúde e que nos levam a um esgotamento mental perigoso e invisível aos olhos das pessoas, mas muitas vezes está matando alguém por dentro sem que se perceba. Aquele coração acelerado, dor de cabeça que não passa, pensamentos repetitivos, inquietação. Você sabia que tudo isso pode dar um infarto, AVC, pode elevar sua pressão arterial? Quantos jovens estão apresentando doenças que até então eram consideradas em pessoas mais velhas? Cigarros ou cigarros eletrônicos que acabam com os pulmões, bebidas em excesso, vida desregrada, pressa de ter, caminhos desviados.

A morte chega sem aviso, embora o corpo dê sinais, mas raramente se preocupam, sou jovem. Os excessos matam, mesmo porque não somente o corpo adoece, a mente também adoece, é onde tudo começa. Estamos convivendo com uma sociedade doente e que não sabe mais esperar, não sabe perder, as informações via internet são inverossímeis, tem muita mentira elaborada para destruir o mental das pessoas, para ver o circo pegar fogo, e está pegando, mas os responsáveis também vão se queimar.

 É semeando, dia após dia, que conquistamos nossos anseios. Nada acontece de repetente. Na vida é preciso ter paciência, perseverança e acreditar em você. A paciência é uma habilidade que está em extinção, querem tudo para ontem. A vida não é assim. Demora nove meses para nascer, e uma vida toda para aprender e seguir o seu caminho.

Vivemos uma vida louca, a hora que passa voando, o consumismo só aumenta, o imediatismo. Nunca ouvi falar tanto em câncer como se fala hoje, sempre existiu, mas garanto que era bem menor a incidência, tanto que ficávamos assustados quando sabíamos de alguém doente. Pode ser que a comida que consumimos esteja cada vez mais envenenada, tudo faz mal, até mesmo os alimentos saudáveis são contaminados por agrotóxicos, outros veganos, os quais são fabricados e levam ingredientes para conservar, queijos que não são queijos, sucos com excesso de açúcar, é lactose, é glúten. Como vamos sobreviver? Será que só mesmo a comida é que mata?

Tente viver sua vida sem excessos, sem exposição. Não se queime na intenção de mostrar o que você não é, a sua vida só interessa a você. Se você adoecer, ninguém vai te socorrer, a não ser quem te ama de verdade, e isso está ficando cada vez mais difícil; até o amor está desaparecendo. A vida é dura, mas se souber esperar, e tiver um amor ao seu lado, tudo fica mais fácil. Um dia vai perceber que toda sua pressa nunca fez sentido, apenas atrapalhou tudo. O gostoso da vida é o lado simples, estar em paz e escrever as páginas da sua vida sem ninguém saber, e se possível no melhor lugar do mundo, na sua casa. Como dia a música de Gilberto Gil. “O melhor lugar do mundo é aqui, e agora”. Viva o seu presente.

Os ventos que derrubam

Um dia desses acordei com uma enorme ventania, às quatro e meia da manhã. Todas as janelas balançavam, e o vento fazia muito barulho. Levantei e fechei todas as janelas num ato de proteção à minha casa e à minha família. Parou e voltei a dormir, mas o dia continuava com ventos fortes. Refleti sobre quem está dormindo nas ruas e não tem como fechar as janelas para se proteger, como e porque as pessoas que lutam para comandar uma cidade, um Estado e um país chegam a esse lugar e não fazem nada para que essas pessoas tenham um lugar na vida. Seja qual for o motivo por que foram parar na rua, não interessa, a vida interessa.

O lugar do poder é cobiçado, disputado como se um fosse melhor do que o outro, mas, no fundo, querem somente o mesmo, enquanto nós estamos sempre à margem, pagamos pelos interesses de rótulos, nada muda. Será que teria tanta disputa se não tivesse salário? Se fosse um cidadão comum, somente com interesse em manter leis e vida digna para a sua pátria? Acho que não, senão estaríamos vivendo num mundo sem guerras por territórios, por riquezas, homens querendo ocupar o lugar de Deus. Que blasfêmia! Todos terão seu lugar garantido na terra, um pedacinho de terra, todos terão um dia, está prometido desde o nascimento, e quem manda você para lá é Deus, não um homem qualquer.

Será que esse vento que acomete o mundo não está varrendo a sujeira que o homem está fazendo? Talvez esses sejam os ventos da limpeza, da ordem, de cada um no seu lugar. E todos temos nosso lugar, é só prestar atenção nos seus atos, nos seus pensamentos. Não adianta falar manso e agir demonstrando satisfação. Os atos falam mais do que as palavras, lembre-se sempre disso.

Uma vez ouvi de alguém muito sábio que as máscaras iriam cair, e quantas máscaras estão caindo e surpreendendo. Devem ser os ventos que estão derrubando tudo pela frente, as máscaras já não se sustentam, vão caindo todas. Como dizia a música que Elis Regina cantava, do compositor e cantor Ivan Lins.

 “Cai o rei de espadas

cai o rei de ouros

cai o rei de paus

cai não fica nada”.

Está caindo tudo, até a cara de quem pensava ser sublimado, quem achava ou acha que está acima de tudo, quem manipula, quem controla, quem esquece que mentiras e boas marés acabam. A vida acaba. Caminhamos sem saber aonde vamos chegar, qual o próximo golpe, a próxima decepção, se surpreender com mais alguma coisa que não esperávamos acontecer. E sabe por quê? As expectativas que temos pelas pessoas, acreditamos no mal disfarçado de bem, nas palavras ditas com ar de verdade, mas que são mentiras. Descobrimos nos atos de cada um as mentiras faladas, ninguém sustenta uma máscara por muito tempo, na primeira oportunidade cai tudo e vai para o ralo.

Os ventos estão levando muita coisa embora, a natureza está dizendo quem é que manda, quem tem o poder, e não é qualquer mortal, porque está mudando tudo por causa dos ventos, as queimadas pelo calor excessivo do aquecimento global, derretendo as geleiras que controlavam as temperaturas e davam vez a cada estação, a devastação das matas tirando nosso oxigênio, os poluentes jogados ao ar, a revolta das águas invadindo cada vez mais seu espaço.

Mas as pessoas não aprendem, não percebem o que está acontecendo, continuam agindo como se não houvesse nada nem ninguém que possa parar tudo isso. A ganância virou doença mental, o mundo está doente. Tem gente na rua, tem gente doente, gente dando voz para enganar e se fartando de quem acredita, gente jogando comida fora, enquanto outros não têm o que comer. Mas esses eram os anos 2000 que tanto esperávamos, que o mundo iria acabar assim que chegasse. Está acabando, todos os que estão destruindo, povos, lugares, países e até mesmo continentes. Jogando tudo pela riqueza pelo ego de ser. E quando tudo acabar para onde vai essa fortuna, esses bens arrancados a todo custo? Quem sobrará para se fartar? Provavelmente os que não tiveram nada, os que sofreram pelos ‘soberanos’, a quem teve dignidade, não matou, não enganou, não iludiu.

Não se contentaram em destruir a natureza, agora querem destruir tudo. Estamos à beira do caos, olhe mais com quem você anda, olhe o que está fazendo para seu futuro. Conheça melhor as pessoas, pense mais em você, não acredite em todo mundo, filtre quem entra na sua vida. Colega não é amigo, conhecemos muita gente na vida, mas nem todas são para ficar, vem e vão. Filtre, olhe, e faça da sua vida o melhor lugar do mundo, sem precisar provar nada para ninguém. Se recolha, as redes sociais matam as amizades e os relacionamentos. Viva no anonimato e seja muito mais feliz.

O fim é para todos, e as escolhas também

Piscou o olho, a vida acabou. E tanta gente desperdiçando a vida, as oportunidades, desviando do caminho, brigando por tudo e, ao mesmo tempo, por nada. Preta Gil foi uma mulher que conviveu com críticas ao seu corpo, que não estava dentro dos padrões de produção de fábrica, tudo igual, sua cor, suas escolhas, mas sempre foi ela mesma, uma mulher de personalidade, inteligente, talentosa, alegre e que lutou bravamente contra sua doença até o fim.

São pessoas assim, como ela, que deixam uma história para ser lembrada. Nunca se deixou levar pelos comentários maldosos sobre sua aparência, levantava a bandeira e falava, doa a quem doer. O que pensar de uma pessoa que relega o outro pela aparência? A própria infelicidade de não ser aquela pessoa precisa diminuir para se sentir superior. Mas tirar o chapéu para a inteligência e a cultura não fala, mesmo porque quem olha por fora não se interessa pelo que o outro tem por dentro. Filha de um dos maiores compositores e cantores desse País, membro da Academia Brasileira de Letras (ABL), um título para poucos, importante para quem conhece a cultura das letras, e não da aparência, do vazio.

Os grandes artistas estão indo embora, mas deixam um legado para nossa história, mesmo que alguns não gostem, critiquem, mas são os verdadeiros artistas. Estamos ficando órfãos da boa cultura, dos poetas, dos artistas que viam o mundo com os olhos de quem vê a vida, aprendizes de um tempo passageiro, e se não aproveitar, vai-se como uma nuvem que passa e ninguém percebe. Pois esses foram percebidos e sempre serão lembrados pelo legado e inteligência, mas infelizmente muitos não entendem.

Esta semana assisti a uma palestra que falava sobre o vazio das pessoas depois das redes sociais. Todos acham que têm o direito de fazer o que querem, falar o que querem, e podem mesmo, só esquecem de que as palavras ou atitudes ferem, e para tudo há consequência. Será que alguém se importa com isso? Tive a resposta para esta reflexão na série sobre Raul Seixas, que também assisti nesta semana. Ele dizia ter o direito de fazer tudo o que quisesse, e ninguém iria impedir. Foi avisado de que estava no caminho errado, mas ignorou, foi ao fundo do poço e de lá não saiu mais, ou melhor, saiu morto.

São as consequências das nossas ações, fazer o que se quer é um direito de cada um, mas terá que arcar e suportar com o que vem depois. Estão começando a acordar para a vida real, o olho no olho, o abraço, o toque, o sentir. Essa é a vida de verdade, quente e responsiva, sem dramas e a falsa coragem de diminuir alguém sem olhar nos olhos. Deveríamos chamar essa forma de relacionamento de redes mortais, pois acabam com a vida real ali mesmo. Encerra os sentimentos e afetos.

 Assim fizeram com Preta Gil, tentando colocar sua autoestima no chão, fazendo com que ela tivesse que viver a sua vida, o seu sucesso, as suas escolhas em dois extremos: o feliz, quando podia falar sem que a ouvissem, e o julgado, quando pessoas covardes se tornam corajosas de longe e entram para destruir o outro. Mas o seu lugar na vida ninguém tirou, esse lugar era só dela, predestinado, dado a ela, não só por ser filha de quem era, mas por merecimento que a vida lhe propôs. E isso não é só com ela, mas com qualquer outro que sofre todos os dias com acusações, maldades e ‘piadistas’ que não enxergam a própria vida, e acham que piada é debochar até na hora da morte. Isso não é piada, é desrespeito e incapacidade de ser uma pessoa melhor. O Universo se encarrega. O tempo é o senhor das respostas, soberano da vida, e a lição de quem anda por caminhos tortuosos um dia mostra, cara a cara, qual piada será sua vida. Ninguém é mais ou menos do que alguém, somos todos iguais, e o fim será o mesmo, e as suas escolhas seguirão com o fim.

“Andar com fé eu vou

Que a fé não costuma faiar”

(Gilberto Gil)

A doce saudade de quando éramos 90 milhões em ação

A doce saudade de quando éramos noventa milhões de brasileiros, alegres, sem Burnout, ansiedade, e todos juntos de mãos dadas com o mesmo coração. É, eu nasci com a Ditadura, apesar das barbáries que aconteceram, mas o Brasil era mais unido, apesar de quase ninguém ter telefone em casa, da TV ser preto e branco e só ter onze canais que pegavam com antena em cima da casa. Eram poucas as pessoas que tinham carro, o transporte público prestava, as pessoas prestavam. E tanto fazia ser rico ou não, aliás rico era ter uma família unida, alegre e feliz, ter uma casa e pais que nos ensinavam o verdadeiro valor da vida, as pessoas e não as coisas.

Hoje, os jovens são pobres, querem tudo de marca, tudo caro. Não aceitam trabalhar e ganhar pouco, tampouco serem comandados. Aprenderam a ter tudo o que quiseram, não importa se pode ou não, pai e mãe são sinônimos de conquista, ouvir não frustra. Não sabem viver, estão perdidos na vida, querem mais a todo tempo, e não satisfazem.

Somos 200 milhões de brasileiros vagando por aí, tentando conquistas, tentando ser feliz. Que felicidade é essa se não tem fim? Ataques, brigas, intrigas, disputas, ofensas. O ego tomou conta das pessoas, alguns zeros a mais na conta já são motivo de soberania. Onde foi parar o encanto pela vida? Será que tudo mudou tanto ao ponto de não enxergarem mais o milagre da vida? Ficar feliz por alguém, admirar as pessoas, sorrir sem falsidade, sentir amor de verdade?

Os cantores que ainda restam levam milhões de fãs aos shows, e sabe por quê? Falam de amor, poesia, sentimentos, músicas que tocam o coração, não estimulam e não induzem. Fizeram sucesso na raça, no talento, na vontade de ser artista. As propagandas mais famosas saíram da cabeça de um homem que tinha talento e não tinha preguiça de trabalhar, Washington Olivetto, ficou rico, mas trabalhou. Os grandes autores de novelas e da literatura escreveram clássicos que fazem sucesso ainda hoje.

Sou da geração que viu tudo começar, da máquina de escrever manual à máquina elétrica ao computador. Do telefone de discar em casa à Internet discada para a banda larga. Messenger ao WhatsApp, carro a gasolina, álcool e elétrico. Enfim, toda a evolução, um pouco mais de meio século, mas tenho orgulho de ter esse conhecimento, ter vivido e continuo vivendo tudo isso, e poder escrever com toda certeza de que tudo o que lembro com saudade é porque hoje não existe nada que deixará essa saudade. Nada será como antes.

A vida virou uma eleição, tudo tem dois lados, e temos que escolher qual lado ficar. A política mundial virou uma palhaçada, estão disputando quem será o melhor do mundo, quem vai mandar em tudo. É até irônico, quem vai ser dono do que se ninguém veio para ficar? Se acha dono, morre e quem herda? O próximo trem pode passar a qualquer momento, lembra que estamos de passagem?

Por isso tenho saudades sim, mas não tenho vergonha de nada. Aprendo a cada dia, e assim vou vivendo e colocando em prática aquilo que devo passar para quem desejar aprender.

“Viver e não ter a vergonha de ser feliz” (Gonzaguinha)

Se te consome, não é amor.

Quando você começa a ser coagido, impedido de ser quem você é, ou deixa de fazer coisas que gosta, viver como sempre viveu, por alguém, isso é relacionamento tóxico. O relacionamento de duas pessoas deve ser gostoso, saudável para ambos, quando não é para um, o outro está te consumindo, sugando a sua energia. Amar alguém é um sentimento, não simplesmente uma palavra. Amar é cuidar, ter carinho, querer estar junto, querer estar presente. São poucas as pessoas que sabem o que é realmente o amor.

As relações continuam em estado de choque, hoje conhecemos a casca que veste os seres, e sempre são muito agradáveis, mas a partir do momento que as atitudes começam a desmascarar a casca, junto vem a realidade, que muitas vezes não se quer ver. Vivemos num mundo, ou estamos em um momento da vida, em que tudo tem que ser tirado a limpo, você não sabe se a notícia é falsa ou verdadeira, se o produto que comprou é o que realmente tinha visto, se o trabalho que começou terá uma laranja podre que vai estragar o resto, se o seu par é perfeito como dois e dois são quatro.

São tantas as dúvidas, incertezas, decepções, que parece que estamos vivendo sem sentir o chão, apenas vamos e às vezes nem se sabe para onde. Certamente a humanidade escolheu o caminho errado, parece que desde a Roma antiga estamos vivendo o mesmo, apenas algumas mudanças nas vestimentas, armamentos, tecnologia, mas a ignorância, a guerra, a luta pelo poder, o machismo, os abusos continuam o mesmo. Chegar a essa conclusão é triste, só entendemos que nada mudou.

A realidade de hoje é dura demais para encarar, tem que ser frio para entender tantas atitudes que nem precisa de esforço para saber que está errado, mas quem aceita não ter razão? Já ouviu dizer “prefiro ter paz do que ter razão?” Pois é, eu sou essa, não vale a pena desgastar sua mente para ‘tentar’ mostrar a verdadeira realidade dos fatos, não vai adiantar. Exceto caso esta realidade seja um perigo para a sociedade, daí sim eu luto pela informação e faço o meu papel, alertar cada vez mais sobre os relacionamentos abusivos, pois deles saem as piores coisas, traumas, e muitos acabam em morte.

Por isso sigo empenhada em fazer o meu trabalho de alerta, principalmente para mulheres, são as que mais sofrem com perseguição, desrespeito, sendo inferiorizadas e vistas como objetos de desejo. Infelizmente a sociedade está cada vez mais machista, e começando mais cedo, pois com os avanços tecnológicos o acesso destes doentes que usam a internet para ensinar como destratar, usar uma mulher, está cada vez mais presente, e crianças e adolescentes tendo conhecimento de atitudes que, certamente, os levarão a um estado psíquico perigoso e devastador.

O que está faltando é amor no mundo, as crianças perdem a inocência muito rápido e acabam entrando na vida adulta antes do tempo. Pais querendo que seus filhos cresçam rápido, introduzindo falas fora de ora. Ainda há quem ensine que homem não chora, que homem tem que ser rude e usar a força. Homem precisa ser homem, ter coragem para enfrentar os desafios da vida, aprender, participar da vida em família, cuidar, amar para ser amado. Porém, se nada mudar, não teremos homens, teremos machos, e de machos não precisamos. Estes não usam o homem que carregam, se estragam e estragam quem está junto.

Depende de cada um de nós, da atitude de cada um mudar o mundo. Sozinho é claro que ninguém muda nada, mas juntos podemos entender que sem amor não existe relação, não existe respeito, e muito menos empatia. Sem amor só existe o Eu, e sozinho ninguém faz nada. Nem amor.