O sexismo cresce entre os machistas

Por que a cada dia cresce o número de machistas no mundo? Já falei sobre a regressão do Ser humano em outras crônicas, e essa é uma que está perigosa. A internet está sendo usada para criar machistas, grupos sexistas que incentivam outros homens a se convencerem de que a mulher é fraca, não sabe de nada, e precisa de um homem. Não, nós não precisamos de um homem, precisamos ser respeitadas. A esses machistas de plantão, que não têm nada mais o que fazer, apenas formarem grupos para criarem a imagem de macho escroto, nós, mulheres, dizemos que vivemos muito bem sozinhas, pois tudo o que fazemos vocês não fazem. É aí que mora o ódio contra a mulher, a capacidade que eles não têm.

O grande problema é que está ao alcance de crianças e adolescentes que acabam caindo em grupos, ou até mesmo em jogos online, se deparando com esses tipos influenciando a violência contra a mulher. Fica cada vez mais claro que a criação é o principal fator para crescerem assim. Pois é dentro de casa que temos os primeiros exemplos, como somos tratados e como os pais tratam suas mães.

As crianças estão indo para a escola violentas, se indispondo com colegas, professores, com a sociedade. Como aconteceu recentemente numa faculdade de alto nível em São Paulo, com futuros ‘médicos’ mostrando uma faixa com alusão à violência. Que tipo de criação estão dando para se tornarem tão sarcásticos? De onde vem tanta intolerância, ódio, preconceito?

A formação de um humano é muito mais importante do que qualquer bem adquirido. Formar alguém não é dar tudo o que deseja, tampouco incentivar à maldade, ao deboche, ao ponto de agredir uma pessoa como se fosse natural. “Ter paz é melhor do que ter razão”. Já ouviu essa frase? Mas como tudo, isso é totalmente o contrário do que existe, muitos não querem paz, querem é ter razão.

Não se esqueçam que podem ter uma filha, e isso que hoje você defende, agredir achando que isso lhe torna mais macho, pode ter um adolescente vendo isso e vai fazer exatamente o que você fala com sua filha, imagina que legal!

Imagina sua mãe ser agredida, sua irmã. Não é só com os outros, acontece com qualquer um, inclusive você. Mulher nenhuma precisa se posicionar na crueldade para ser mulher, simplesmente é. Mulher estuda como um homem, trabalha e, não raro, com capacidade maior do que de um homem, e sabe por quê? Mulher não perde tempo querendo mostrar quem é, não precisa fazer grupinhos para falar mal de homens, vocês mesmos já fazem esse serviço, por isso cada vez mais tem mulher preferindo ficar sozinha. Não precisa mesmo de ninguém. Já os machos…

Infelizmente, sei bem o que estou falando, e acho também que os pais deveriam repensar suas posturas, pois defender filhos quando estão errados só gera ego inflado e vencedor, e quando se torna um adulto nunca aceitará a realidade da vida. Lá fora a vida é pedra sobre pedra, e nem sempre se ganha, aliás mais se perde do que se ganha. E papai e mamãe não vivem para sempre, quem vai cuidar e aguentar esse serzinho que você criou?

A biografia da minha família

Hoje vou falar de algo que mexeu muito comigo nos últimos cinco anos, a biografia que escrevi sobre minha família. Sim, levou cinco anos para ser escrita, nenhum trabalho feito com amor fica pronto em pouco tempo. Não basta contar uma vida apenas com fatos, tem que ter história, e isso leva tempo, pesquisa, entrevista com pessoas do passado, poucas ainda vivas. Os vivos ainda guardam lembranças preciosas, e ficarão registradas para sempre.

A ideia começou a partir do orgulho que tenho dos meus pais (ainda vivos), têm uma linda história para contar, mas só saberá quem ler o livro. Como podem perceber, comecei a escrever quando ainda estava finalizando o primeiro livro, “Sob a sombra do amor”, coisa que só um escritor entende. Assim como ler dois livros ao mesmo tempo, ou comprar livros que você sabe que não vai ler agora, mas não aguenta e compra. Ler e escrever é minha vida, e vou continuar a contar histórias, isso me faz feliz.

Toda família tem uma história para contar, não importa se é grande ou pequena, mas todos vieram e se juntaram num mesmo sangue que lhes pertence para a eternidade. Pode ter aqueles que você nem sabe por onde andam, porque tem um tempo que a família se dispersa, cada um segue sua vida, mas os laços jamais terminam. Temos saudades de um tempo que passou tão rápido, mas na época não pensávamos sobre isso, como não pensamos agora, mas vai passar e sentiremos saudade.

Durante a escrita, fui lembrando de coisas que estavam adormecidas na minha mente, era uma janelinha que não abria há muitos anos, e de repente comecei a reviver momentos de muita felicidade. Quanta história, quanta alegria, e como os tempos mudaram. A gente não percebe, mas muda não só aparência, muda a forma de pensar, a vida te traz desafios que te transformam sem que se perceba. As pessoas morrem! E isso não tem aviso prévio. Por isso devemos viver intensamente todos os dias, para não ter arrependimentos, brigas sem razão, não deixar a vida passar como se não pudesse, de uma hora para outra, perder alguém.

Na minha família muita gente já partiu, pessoas queridas, pessoas que a gente achava que seriam imortais, mas se foram; e tenho certeza de que muitas delas me ajudaram nessas lembranças, e de onde estiverem estão felizes em saber que estou eternizando toda nossa alegria, toda nossa história, nossa trajetória. E as próximas gerações saberão quem fomos, quais são as raízes e amores, dons que passam de geração a geração. Como foi bom contar tudo isso.

Agora parece que ficou um vazio, não tenho mais que falar nada, tudo foi aos poucos se tornando um livro. Chegou o fim desse livro, mas não dessa família. Agora é esperar chegar da maternidade, e se tornar páginas de uma biografia de família, contada em verso e prosa, na qual deixo exaltado todo o sentimento que vivemos durante todos esses anos, definido por uma única palavra, amor.

Em breve terá o lançamento, e assim como a história que conto, esse dia será muito especial e com muitas surpresas. Quem viver verá.

Por Maristela Prado

O que é ser mulher no Brasil hoje?

O que é ser mulher no Brasil de hoje? Eu, como mulher, sinto e vejo que a cada dia a mulher se destrói em sua verdadeira aparência e essência, para ser aceita, mas, ao mesmo tempo, isso tem um efeito contrário àquilo que se quer. Não apenas nas relações amorosas, mas consigo mesma.

São tantos os procedimentos estéticos para induzir à beleza fascinante, mas por trás tantas pessoas desonestas se aproveitando descaradamente, justamente para ganhar dinheiro, enganando, ludibriando mulheres que muitas vezes não têm nenhuma imperfeição a ser corrigida, mas são convencidas a acreditarem que têm.

No caso de muitas jovens, é impressionante as buscas pelas suas supostas imperfeições, que são apenas sua perfeição, sua origem natural; querer ser igual a todo mundo é falta de amor-próprio, a menos que seja um defeito corrigível, fora isso cada mulher tem sua própria beleza. No caso das mais velhas parece pior ainda, pois a falta de aceitação da idade e de suas consequências naturais está causando um impacto perigoso na saúde mental. Pode ter quem não acredite e ache que está ótima, o grande problema é quem não faz nada em nome da beleza. E eu pergunto: Do que vale a aparência de jovem se a cabeça não anda ou trabalha como jovem, se o corpo por dentro está velho? Do que vale se orgulhar dos seus cinquenta mais, se, na verdade, é só por fora?

O que você faz com a sua vivência se nitidamente está de lado para viver o bonito, o fascinante, que não traz nada além de elogios, muitas vezes falsos, invejado quando te falam. ‘Não aparenta a idade que tem’. Como assim, isso não é um elogio, no mais das vezes é uma maneira de te provocar. E por fim, qual a satisfação que há sendo que o que você sente não é o que aparenta? Como diz aquele ditado: ‘Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço’. Porque tudo aquilo que se fala e se faz ao contrário não vale nada. Então, o que você é por fora, não é por dentro.

Os casos de procedimentos que estão dando errado é um absurdo, feitos por pessoas desqualificadas, sem conhecimento algum. Colocam depoimentos de pessoas que “já” fizeram falando super bem. Será que ainda não entenderam que isso é estratégia? Por que só teria dado errado para você? Dentista cuida da saúde bucal, não é esteticista, se não gosta do que faz, faz o curso, aprende, mas seja honesto. ‘Não faça com os outros o que não gostaria que fizessem com você”.

E nada disso muda o abuso contra a mulher, ao contrário, os números só aumentam e cada vez mais cruéis. Ser linda, ‘perfeita’, fazer todos os procedimentos, nada disso faz diferença, os abusos estão aí para provar, sabe por quê? Não é o externo que faz diferença, é ser mulher. Independente, inteligente, multifacetada e, principalmente, não precisar de ninguém. Cuide-se por você, sem se preocupar em mostrar para os outros, mas cuide da sua mente, das suas habilidades. Esteja sempre por dentro de tudo, não se permita ser enganada. Quem se aceita e sabe o que quer, se ama como é. O tempo? Mostra o quanto você já sabe, o quanto é importante nessa vida, tudo o que já vivenciou. Se chegou na terceira idade, se dê por feliz, agradeça, tem quem não chega. E vamos falar a verdade, ainda tem muito o que fazer e aprender. A gente vive e aprende, e morre sem saber tudo. Aproveite sua vida e seja feliz como é, cante, dance, ouça muita música, saia e deixe a vida levar. Mais vale uma vida bem vivida do que acabar com seu mental por uma promessa que jamais será cumprida. No fim, todos que envelhecem vão sofrer com os anos que seu corpo ainda suporta. As jovens de hoje também irão chegar nessa idade, e sempre haverá mais jovens, e não podemos nos comparar mais. Viva a maturidade sem medo. O etarismo só existe porque há quem não aceite.

Por Maristela Prado

Anticultura do Brasil

 No dia 2 de março de 2025, o Brasil ganha seu primeiro Oscar de melhor filme internacional. Um filme biográfico da época da ditadura no país, conta a história de uma família que sofreu com as barbáries que eram cometidas. Rubens Paiva, eleito deputado federal por São Paulo pelo PTB, em 1962, partido do então presidente João Goulart. Com o golpe militar de 1964, seu mandato foi cassado, e teve que se exiliar na França. Quando voltou ao Brasil seguiu com sua formação de engenheiro civil no Rio de janeiro. Em 20 de janeiro de 1971, foi levado da sua casa, sem mandado de busca, acusado de manter contato com exilados políticos, e foi brutalmente torturado e morto, sem nunca terem encontrado seu corpo. Sempre foi defensor da democracia, teve sua vida e de sua família destruída.

Esta não é a única história de desaparecimento e tortura registrada no país, muitas outras famílias que sofreram e carregam essa história até hoje. Foram destruídas por um sistema brutal de repressão e censura. Como o caso do jornalista Wladmir Herzog. Sua postura jornalística, relatando acontecimentos sobre a ditadura, fez com que também fosse levado para esclarecimentos, mas foi torturado e morto nos porões da repressão, em 1975.

Cinema, literatura, jornalismo, teatro, artes em geral são sinônimo de cultura. Hoje vivemos, ou tentamos viver, numa democracia, mas não é bem o que acontece, e, apesar de termos tantas informações, tem quem ignore a verdade, como se isso fosse o correto. Mas se nas guerras pelo mundo afora nos revoltamos com mortes de inocentes, ou até mesmo quando sabemos de esquartejamentos e torturas, há quem defenda uma época em que houve tudo isso e muito mais. Por que a anticultura num caso real que deixou marcas em muitas famílias?

Infelizmente me deparei com publicações de deboche pelo filme não ter ganhado todas as indicações, como se fosse um fato político atual. O que um Oscar tem a ver com a política de hoje? Qual a relação de não ter ganhado como melhor atriz; ou o que soa estranho é terem dado o prêmio para uma jovem num papel de dançarina de poli dance? Por que não Demi Moore ou Fernanda Torres?

Ganhamos um Oscar pela primeira vez na história do Brasil, deveria ser motivo de orgulho, mas infelizmente temos brasileiros que torcem contra seu próprio país. No entanto, é aqui que fazem a vida, carreira e ganhos. Foi sim muito merecido, seremos reconhecidos pelo nosso cinema. Ela, Fernanda Torres, nunca quis sair daqui para fazer carreira internacional, e é uma grande atriz. Aos quase sessenta anos ganhou um prêmio gigantesco, mas muitos dos que estão debochando sequer ganharam na escola uma medalha ou símbolo de melhor aluno.

O problema, parece, é que a história contada da realidade que queremos esquecer incomoda. Um país sem cultura não tem história, não tem um povo capaz de transformar nada. A cultura traz entendimento, posicionamento e lucidez. Quem não quer saber de cultura, não tem saúde mental, vive pelo ódio, pelo contra, pela desordem. Os americanos têm orgulho da sua cultura, o que ajuda a forjar artistas de sucesso. O artista sem reconhecimento do seu povo procura fora, e o pior é que encontra. Meu avô já dizia: “Não discuta com ignorantes, eles nunca vão entender”.

Acabou o carnaval

Ah! O Carnaval. Quantas lembranças boas de uma época que não volta mais, a época das marchinhas, das bandas e dos clubes. Do Carnaval de rua, que ainda existe, mas que não era sobre corpos, era sobre diversão, cultura de um país, o samba. Vinham gringos, europeus, até o Príncipe Charles se rendeu ao Carnaval do Brasil, no Rio de Janeiro, arriscando sambar com Pinah, ícone do Carnaval daquela época; e ainda se faz presente. O Carnaval da Bahia, com seus trios elétricos, Pernambuco com o frevo e o maracatu, Paraíba e suas tradições. Manaus com os ‘bois’ Caprichoso e Garantido, conhecidíssimos no País, os desfiles de fantasia que não existem mais. A diversão de forma literal passou.

E o que temos no Carnaval de 2025? Além dos desfiles de rua e de sambódromos tradicionais de Rio, São Paulo e outros Estados, cada um com sua regionalidade e tradição, nos chamados bloquinhos e salões que ainda promovem a festa temos funk, rock e alguma coisa de Carnaval, tudo misturado. Quem inventou que trio elétrico toca Anita, Pablo Vittar, MC, sei lá o quê? Axé, Olodum, ok, fazem parte dessa festa, mas, por favor, cada um no seu espaço. Façam seus shows para quem não quer curtir o Carnaval, passam o ano todo fazendo apresentações meteóricas, e na festa de Momo vão para um trio elétrico? O trio Armandinho, Dodô e Osmar fez sucesso em Salvador muitos anos, hoje só está vivo Armandinho, mas segue a tradição com o trio.  Outros grandes nomes também apareceram, como Chiclete com banana, Asa de águia, Banda Eva, Ivete Sangalo, Daniela Mercury, artistas que consagraram o Carnaval baiano. Eu mesma fui atrás do trio elétrico, e foi uma experiência muto boa. Mas o que é o Carnaval, sempre foi assim rolando de tudo, ou era apenas uma festa que ficou famosa?

As atrações mudaram muito, e é importante que haja evolução na vida. Os amores de Carnaval sempre existiram e continuarão a existir, a alegria, as fantasias, a diversão. Alguma coisa não casa mais com a data, o contexto sexual parece ser o mais importante, não é a diversão. Talvez não se toque mais as marchinhas porque hoje seriam censuradas, como uma ditadura onde não se pode contextualizar nada que possa ser considerado como preconceito, mas antes era apenas uma brincadeira de Carnaval, e ninguém se ofendia a ponto de brigar ou até mesmo matar alguém. Não existia a intenção de ofensa; algumas faziam apologia ao racismo ou à bebida, mas a intenção não era ofender. Vivi minha adolescência nos anos 80, e os carnavais de salão eram animadíssimos, com bandas tocando as marchinhas, inclusive exaltando times de futebol, mas ninguém brigava por isso, era pura diversão. Como fazer músicas para o Carnaval sem brincar? Inventaram uma maneira que foge totalmente do original, mudaram até letras de algumas marchinhas que fizeram a alegria durante anos e anos, e Carnaval virou paradas de sucesso. É a vida seguindo acelerada e cheia de mudanças. E nós, que passamos todas essas transformações, temos de seguir, querendo ou não.

 “Quem viver, verá

Que não foi em vão

Eu quero é muito amor no Coração” (Trecho da música Amor no coração’, com Simone)

Por Maristela Prado