Os dias correm, as pessoas correm, ninguém tem tempo, conversam sozinhas com um celular, as pernas não alcançam mais o mundo lá fora, o olho no olho, o abraço, a risada, os encontros. Antes podíamos chegar na casa de alguém sem avisar, mesmo porque nem todo mundo tinha telefone fixo, o meio de comunicação era apertar a campainha, se estivesse era recebido com alegria, se não estivesse ia embora sem reclamar, ficava para a próxima tentativa.
Hoje é só à base de mensagem, a pessoa responde ou não, e você fica sem resposta. Os celulares ficam sem som de tanta fraude e tentativas de golpe, é melhor nem ouvir. Chegar na casa de alguém sem avisar, é falta de educação. Passam os dias, os anos, as horas e ninguém mais se procura. Mesmo nessa modernidade toda que vivemos deixamos de ter contato.
O que aconteceu com a vida que mudou tanto e a gente nem percebeu? Agora estamos colhendo os frutos podres dessa plantação de desprezo, de tanto faz. Estamos acompanhados de um celular o dia todo, mas sozinhos.
Queria eu voltar uns quarenta anos para sentir as emoções que deixaram de existir. O telefone tocar sem saber quem era, mandar carta para quem estava longe; ou até mesmo cartão postal de viagem, quantos eu recebi. Um telegrama de parabéns, a gente ficava tão feliz! Sair de carro com o vidro aberto sem medo de assalto, fazer uma reunião de amigos no seu aniversário sem luxo nenhum, só um bolo feito pela mamãe e salgadinhos comprados a granel.
Vejo as festas luxuosas para uma criança que nem vai lembrar daquele dia, e vai querer brincar, ficar suja sem se preocupar se o papai pagou caro naquilo tudo, criança é criança, até a princesa Charlote faz birra. Todos com tudo do bom e do melhor material, mas sem o principal, atenção. Tem cartinha nos correios de criança pedindo material escolar, ou uma cadeira de rodas para alguém, enquanto outras ganhando o que nem precisa, mas todo mundo tem, não pode contrariar, não pode dar bronca, não pode educar.
Acho que as gerações passadas aprenderam muito mais sobre amor do que sobre ter, sobre ter aprendemos a batalhar, mas sobre amor é dedicação, carinho, presença e respeito. Não que os pais de hoje não o façam, mas as distrações de hoje separam até mesmo dentro de casa.
O tempo está passando e não estamos vivendo, estamos indo sem saber para onde, sem rumo. E o que será de nós se isso não parar? Fica a reflexão.