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Precisamos falar sobre isso

O assunto ‘mulher’ sempre estará em evidência, seja positivo ou negativo. A mais recente é sobre o aborto, como todos já cansaram de escutar. Mas precisamos falar sobre isso, precisamos discutir os caminhos tortuosos a que estão levando um assunto tão sério, e de maneira incabível, um amontoado de hipócritas, que só têm um interesse, a baderna.

Mais uma vez a mulher está sendo usada para provocar um embate desnecessário, por um acontecimento que só diz respeito às mulheres, e quando o assunto for com crianças, ou adolescentes, a decisão cabe única, e exclusivamente, à família ou responsável legal, e mais ninguém. A Câmara dos deputados foi eleita para cuidar dos interesses do povo brasileiro, e não dos próprios interesses. Embora seja um assunto relevante e que necessite de regulamentação nas leis, e isso já existe, mas não colocar a mulher na posição de criminosa. Primeiro porque ela foi acometida por um crime contra seu corpo e sem seu consentimento, e levar uma gravidez indesejada ou que possa trazer danos à saúde, não tem justificativa para isso.  

Enquanto isso, discutem o absurdo de penalizar a violentada pelo ato do aborto, após vinte e duas semanas de gestação; lembrando que esse tempo só pode chegar por inúmeros motivos, dentre eles o fato de ter que entrar na Justiça para provar o estupro e, claro, esperar pela decisão. Desta forma a vítima passa a ser culpada, enquanto o estuprador recebe um afago na cabeça pelo ato cometido.

Ora, só falta dizer que aquela menina, mulher ou criança provocou o ato, afinal mulher é o foco das insanidades de machistas que ignoram sua atitude, e que deixam a vítima em situação de completa incapacidade de se proteger, de ter a lei a seu favor. A vítima se torna culpada, enquanto o culpado se torna vítima.

A mulher não pode gerar um filho do estupro, essa criança não terá amor, será rejeitada, odiada. Não se pode criar um filho indesejado de uma pessoa indesejada, às vezes não se sabe nem quem é, como obrigar uma gravidez dessa? Alguém se preocupou com o estado emocional dessa mulher? Passar por todos os estágios de uma gravidez sem que seja da sua vontade? Ter esse filho em nome de um ato violento? Nem que entregue para adoção, estamos falando de um abuso e não de amor. Quem pensa assim só colabora para o abandono. E aí são dois crimes, o estupro e o abandono. Quem vai pagar por isso?

A verdade é que essas pessoas que concordaram com essa lei absurda também têm ou terão filhas, netas, mulher, mãe, irmã, que podem sofrer um abuso e devem entrar nessa mesma lei, ou não vai?  Jamais saberemos, vítimas sempre estarão nos noticiários policiais, jamais nas capas de revistas.