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Os fins que enfrentamos

Tudo um dia chega ao fim, independentemente da sua vontade. A vida, uma relação, o trabalho, uma amizade. São muitos os fins com os quais dificilmente sabemos lidar, mas que, com o famoso tempo, tudo passa e descobrimos que podemos continuar sem, por mais estranho e doloroso que possa ser no início, quando sofremos e negamos, mas passa.

Por que falar no fim se a vida é linda? Por que a vida já começa sabendo que tem um fim, então como podemos carregar a ilusão de que nada acaba? Caso a dor e as situações que precisamos resolver não acabassem, jamais conheceríamos a felicidade.

A criança, quando nasce, está com o seu livro totalmente em branco, tem tudo para aprender, mas assim que começa a entender também já começa a sua vivência, e assim se apresenta o sim e o não, causando sentimentos, reações que serão trabalhados ao longo da vida, e nunca acabam.

Tudo o que aprendemos na infância terá impacto determinante na vida adulta, e se não formos bem-preparados, não aceitaremos a dura realidade que a vida nos mostra diariamente, e nisso faz parte o fim, o qual muitos não aceitam e acabam cometendo insanidades em nome da recusa.

Certo dia, fiz um comentário numa conversa informal sobre mostrar aos filhos que a vida não é cor de rosa, para que mais tarde não tenham a dura realidade jogada na cara, e não encontrem o aconchego de pai e mãe, mesmo porque a vida lá fora é uma luta diária. Fui repelida com a resposta: ‘Sempre vou dar tudo o que as minhas filhas quiserem.’ Ok, hoje são adultas e ele já não é mais um menino, será que escolheu o melhor caminho? Não sei, mas o mundo que estamos vivendo hoje não é nada cor de rosa, imagina para quem recebeu tudo de mão beijada ter que enfrentar esse ringue sem um protetor?

Eu ainda prefiro à moda antiga, quando os pais nos mostravam a vida como ela é, feliz mesmo não tendo tudo o que quer, aconchego pelo calor do abraço dos pais, não pelo jogo do momento ou do que tudo mundo tem (é momentâneo), e saber que nada dura para sempre, nem nossos pais, nem os presentes, nem nós. Crescemos, sonhamos, realizamos alguns sonhos e outros não, conhecemos a tristeza e a felicidade, o amor e o ódio, a escassez e a bonança. Sobrevivemos e, apesar de tudo, ainda somos felizes.

E quem nunca conheceu o fim chegará um dia em que terá que conhecer, e vai descobrir que o mundo não é tudo, é mais nada do que tudo, porque o tudo foram seus pais que te deram, mas lá fora tem quem insiste em tirar o seu tudo. Não tem cafuné, tem mensagem fria te colocando ao par do fim. E serão muitos os fins.