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Misoginia é crime.

É engraçado como ainda enxergam as mulheres. “Mulher não serve para comandar, tem filho, falta para cuidar do filho ou ir em reunião escolar, é muito sentimental, fica na TPM, é instável.” Primeiro, por que o pai não precisa ter essa responsabilidade de sair para ir à reunião escolar? Não pode faltar para levar o filho doente ao médico? A irritabilidade dele no trabalho é coisa de homem, se faltar por causa de uma gripe ninguém fala que é frescura, mas mulher faltar porque está com cólica é frescura; mal sabem o que é uma cólica, e ainda tem a andropausa, sabia? Quantos homens tratam da andropausa? Fazem reposição hormonal? Pois é, não fazem. Mas a menopausa na mulher é motivo de chacota e “brincadeirinhas” bastante desrespeitosas, como: ficou insuportável, que tanto calor você sente, engordou, sua pele não é mais a mesma, resseca tudo. A andropausa no homem ninguém fala, perdem também muita coisa, ficam chatos, perdem os hormônios, mas está tudo bem, afinal, a falta de paciência, irritabilidade e grosseria é normal.

A mulher chega em casa após um dia de trabalho exaustivo com a normalidade de um homem irritado, e ainda faz comida, cuida dos filhos, da casa, administra os gastos, ajuda na tarefa de casa dos filhos, da educação, e ainda é sensível. Fora ser mulher.

Enquanto isso, o homem que trabalhou o dia todo, assim como a mulher, espera a janta sentado, fica na sala enquanto a mulher arruma a cozinha, prepara o lanche do filho do dia seguinte, cuida dos últimos detalhes, toma seu banho e vai dormir. Mas é o sexo frágil.

Ganha menos, trabalha mais, cuida de tudo sozinha, e muitas ainda são maltratadas pelos seus maridos, psicologicamente, moralmente, sexualmente, diminuídas, mal faladas, simplesmente por ser mulher. Enquanto isso, é tudo muito normalizado para a raça chamada homem.

Se tantas coisas mudaram ao longo do tempo, se as mulheres já conquistaram sua liberdade, já provaram que resistem muito mais, sem precisar ter força física, e ainda aguentar tudo e um pouco mais… Por que dói tanto o machismo?

Mulheres têm direitos, opções de vida, ser ou não ser mãe, casar-se ou ficar só, trabalhar, escolher sua própria vida. Liberdade não tem sexo, liberdade é direito, não opção. Também pode ser mais inteligente, mais forte, mais resistente. Não à toa foi dado à mulher o parto. Resiste e vive após o parto, e cuida, e ponto.

O ato de bater, humilhar ou até matar uma mulher é covardia, ou inveja de não ser igual. Agora será crime misoginia. Hostilidade, violência ou aversão à mulher, somente por ser mulher. Hoje temos lei a nosso favor. Cuidem das palavras e postura contra uma mulher, o efeito não será nada agradável.

Num mundo onde o machismo predomina, toda luta e esforço é feito na raça. Fomos silenciadas por anos, aprendemos que o homem é o provedor da casa, aprendemos a sofrer calada. Infelizmente isso ainda acontece de uma maneira menor, mas o medo e a opressão continuam, tanto que muitas mulheres sofrem abuso sem perceber, e ainda acham que são felizes ao lado de seus parceiros, o momento que acende a luz do perigo é quando o abuso físico chega.

Faz muito tempo que o feminismo alerta, mas são poucas as que levantam a bandeira para lutar pelos direitos de gênero, sofrer somente por ser mulher, não é aceitável, temos nosso espaço na sociedade como ser humano, trabalhando, estudando e vivendo. A união faz a força. Mulheres, deixem de ser machistas e apoiem mais nossos direitos. Homem também tem que ter responsabilidades dentro de casa e com os filhos, nem tudo é culpa da mãe, tem muito mais culpa do pai ausente, do que da mãe que dá conta de tudo e falha, às vezes, por pura exaustão. Pai também é responsável pela educação dos filhos. Como dizem alguns, que lugar de mulher é na cozinha, então, lugar de homem também é dentro de casa ajudando, cuide da sua família.

A mulher tem proteção contra o abuso. Mas o que fazer com o abusador?

No meu primeiro episódio do podcast sobre abuso contra a mulher, falamos muito sobre os casos que mais aparecem e como a mulher pode procurar ajuda. Uma coisa que sempre falei sobre esse assunto é o porquê de a mulher nunca achar que está numa relação abusiva quando está passando pelo abuso psicológico, sendo um dos piores. Acha que é o jeito dele, sendo ciúme, cuidado com você, mas, na verdade, é abuso.

Nenhum abuso começa com violência, claro, seria demais. Normalmente, são pessoas muito agradáveis com os outros, mas um tormento para quem vive. E o pior, isso é só o começo, depois pode passar para todos os outros, e se não souber identificar os primeiros sinais, pode ser mais uma vítima do feminicídio.

A psicóloga Solange Ferreira e a Assistente social Janaina Costa, da casa de assistência à mulher em situação de risco de morte, Vem Maria, em Santo André, falou muito sobre os casos que chegam e o estado em que a mulher se encontra, e em alguns casos mais graves, são levadas para casas de acolhimento à mulher e seus filhos, para poderem sair da zona de perigo.

Temos muitos canais de atendimento no país, cada região tem o seu, mas também existem os canais nacionais, de emergência, inclusive um aplicativo com botão de emergência para mulheres que estão com medida protetiva e o sinal com as mãos, caso esteja em lugar público e não tenha como falar. Todos foram falados.

Pois bem, temos que avisar as mulheres, orientá-las e falar muito para não permitirem que sejam abusadas, ou que cheguem a um estado de que não sabem como sair, podendo chegar ao feminicídio.

Chegamos a um momento em que falamos. ‘O que fazer com os abusadores’? Avisamos às mulheres como identificar os sinais, como se proteger, mas e como acabar com isso? Quais medidas devem ser tomadas para que os homens que se qualificam ‘machos’ entendam que a mulher é um ser humano como todos, com sentimentos.

Por que acontece tanto, qual o motivo para tanta agressão? A independência da mulher atual, a qualificação profissional, a inteligência que não fica nada atrás de um homem? Não sei a resposta, mas sei que é preciso ser feita alguma coisa. Talvez uma reeducação dos pais para criarem filhos mais humanos que valorizam suas mães, elas também são mulheres.

Honrar a sua origem, sua avó, bisavó, tataravó, a geração da árvore genealógica da qual você veio, senão nem existiria.  Todos estão ou já estiveram no mundo por uma mulher. O mínimo seria sermos respeitadas, e não agredidas.

Já existe muita mulher não querendo mais se relacionar, preferem ficar sozinhas a ser agredida, afinal pode sair de uma relação e entrar em outra igual ou pior, são tantos os casos que não dá para descartar. Se continuar desse jeito, ou acaba a população nativa, ou os homens serão apenas doadores, e descartáveis. Triste fim da sociedade humana.

Não deixe de assistir o primeiro episódio do podcast “Abuso contra a mulher”

Acesse o canal Maristela Prado escritora – YouTube

Por Maristela Prado

Abuso contra a mulher é crime.

Outro dia li uma frase que dizia: “Até o rio tem limite”. Os animais, embora sejam irracionais, agem por instinto, têm inteligência e sabem quando estão errados, se chateiam com as broncas, mas não sentem raiva do dono por isso, continuam amando e esquecem em seguida o que aconteceu, e aprendem o seu limite. Por que então o ser humano, criado com inteligência e racional, não aprende seu limite? A sua superioridade o faz considerar esperto demais, ou tão covarde que foge dos seus próprios erros como um animal irracional fugindo de uma predação. 

É para se pensar nessa racionalidade que se acredita ter, parece mais uma criança desobediente do que um adulto. Não tem limites, mas exige limite do outro, não controla sua própria vida, mas quer controlar a do outro, não dá conta da responsabilidade adulta e quer que o outro seja totalmente responsável por sua vida, erra o tempo todo, mas a culpa é sempre do outro. Esse é o narcisista, que acha que tem tudo na mão, mas, na verdade, não tem nada, vive de jogo, afeta o mental do parceiro(a) para sair bem das burrices que comete. Enquanto a vítima acha que está com problema, ou que está errada, é o abuso psicológico começando a dar os primeiros sinais, mas que normalmente a pessoa não percebe. Esse é o perigo.

Dificilmente nessa fase se percebe a dimensão do abuso que está sofrendo, a sua psiquê é tão afetada que a dúvida começa na sua cabeça, o outro está sempre com a razão. Te repreende por tudo, chantageia, faz pouco caso na frente dos outros, arruma uma atitude banal sua para mostrar que tem razão, é uma pessoa adorável socialmente, mas detestável como parceiro. E quem vai acreditar? Quando esse abuso passar a ser visto, a deixar marcas. Caí da escada, bateu a cabeça no armário, não sabe que mancha roxa é aquela, e por aí vai.

Nem sempre se há tempo para consertar o erro, antes achava que era amor, de repente está afastada da família, sua aparência, seu sorriso já não são mais iguais, e os problemas começam a surgir. O medo toma conta e, quando percebe, está somente obedecendo quem te usa, fazendo seu joguinho psicológico, mas quem está dentro não enxerga. Nem tudo é perfeito, nem tudo dá certo, um dia a casa cai.

Por que é tão difícil uma mulher entender que está vivendo uma relação abusiva? O autor escolhe sua vítima porque viu alguma fragilidade emocional em você, como medo de ficar sozinha, romântica demais, cede demais. Nenhuma relação tem só um lado, quando há amor de verdade os dois cedem, os dois relevam, senão não há relação que sustente.

Tudo tem limite, se o seu relacionamento chegou nisso ou está começando assim, preste atenção, a paixão um dia acaba, mas o abuso não. Eles dão sinais, não se iluda com alguém muito especial, logo a máscara cai, e o que era especial vira um filme de horror. Não acredite em mudanças, em lágrimas de crocodilo, é cena para mexer com seus sentimentos, não vai mudar, depois de um tempo só piora. Não existe conto de fadas, existe a dura realidade do machismo disfarçado de delicadeza.

As fases para se chegar no feminicídio são muitas, mas visíveis. Ninguém começa uma relação agredindo fisicamente, primeiro é o psicológico, moral, sexual, parental, patrimonial até chegar ao feminicídio. Procure ajude se precisar, existem casas de acolhimento às mulheres vítimas de agressão. Não se cale, sua vida vale mais.

Abaixo deixo alguns telefones de emergência. Abuso é crime.

Número 180 – Central exclusiva que presta atendimento à mulher. A vítima registra a denúncia, recebe orientações e informações sobre leis e campanhas. A ligação é gratuita, funciona 24 horas todos os dias da semana.

Número 181 – É o número de apoio para denunciar de forma anônima o abuso sexual.

Número 190 – É p número da Polícia Militar, que pode ser conectado nos casos de flagrante ou quando o abuso sexual está ocorrendo naquele momento.

 Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos. Funciona por meio do serviço disque 100 

             Gratuitos e sigilosos, não precisa se identificar.

Também pode registrar a ocorrência nas DEAM (Delegacias Especiais de Atendimento à Mulher). Funciona 24 horas.

• Casas-Abrigo: oferecem local protegido e atendimento integral (psicossocial e jurídico) a mulheres em situação de violência doméstica (acompanhadas ou não de filhos) sob risco de morte. Elas podem permanecer nos abrigos de 90 a 180 dias.

• Casa da Mulher Brasileira: integra, no mesmo espaço, serviços especializados para os mais diversos tipos de violência contra as mulheres: acolhimento e triagem; apoio psicossocial; delegacia; juizado; Ministério Público, Defensoria Pública; promoção de autonomia econômica; cuidado das crianças – brinquedoteca; alojamento de passagem e central de transportes.

• Centros de Referência de Atendimento à Mulher: fazem acolhimento, acompanhamento psicológico e social e prestam orientação jurídica às mulheres em situação de violência.

• Órgãos da Defensoria Pública: prestam assistência jurídica integral e gratuita à população desprovida de recursos para pagar honorários de advogado e os custos de uma solicitação ou defesa em processo judicial, extrajudicial, ou de um aconselhamento jurídico.

Procure na sua cidade ou região.

Por Maristela Prado

Sobre os perigos da vida de hoje

Onde começou o machismo? Lembra quando estava na escola e aprendeu sobre os Paleolíticos? Foi aí que começou o humano, viviam de caça e pesca para se alimentar, começaram as famílias, e quem ficava nas cavernas cuidando da comida que o homem trazia e cuidava dos filhos? A mulher, claro, faz muito tempo. Como dizia Raul Seixas, “Eu nasci há dez mil anos”. É realmente uma frase verdadeira, tudo isso começou há mais de dez mil anos. Muita coisa mudou, mas o machismo não. Engraçado, não é? Tudo evoluiu, menos isso. Até hoje as mulheres tentam ser respeitadas, e não é sobre cargo, salário, é sobre ser mulher, e tudo o que nos envolve.

O mundo está perigoso, não só para as mulheres, mas para as crianças e os adolescentes. Estamos cercados de pessoas perversas que manipulam, enganam, ameaçam, fingindo que apenas estão por aí brincando com vidas, testando até onde uma pessoa suporta. Atender a uma chamada é perigoso, abrir uma mensagem é perigoso, colocar seu filho na escola também é perigoso, acontecem atrocidades inimagináveis, deixar seu filho em casa é perigoso, os criminosos estão em todos os lugares, principalmente nas redes da internet. Mulher nem chamar um carro de aplicativo com segurança pode mais, é visada por todos os lados. A atenção de crianças sendo chamada por joguinhos criminosos, por trás tem alguém prejudicando a infância do seu filho. Quem está por nós?

Deveríamos ter uma proteção mais eficaz, mas não temos, até nestes casos vimos brigas de autoridades e lados políticos. Isso é sério, não tem lado, tomos somos responsáveis pelas nossas crianças, pelos nossos direitos, pela nossa proteção. Apoio, respeito e ter uma vida verdadeira, uma vida sem medo. Chega! Já deu tudo isso. A pandemia não fez as pessoas melhores, fez as pessoas enlouquecerem.

Ninguém está longe de tudo o que está acontecendo, somos todos do mesmo lugar, estamos na mesma situação em qualquer região do nosso país e no mundo, não temos para onde correr. E o ódio continua a ser destilado pelas redes, como se os caçadores de vulneráveis, sendo elas crianças, adolescentes ou adultos, que só repetem o que ouvem sem nenhum conhecimento, não terão o seu dia de azar. O seu lado político não diz nada quando o assunto é vida, se não nos movimentarmos nada mudará, chegará o tempo em que tudo será normalizado, e nós seremos obrigados a aceitar toda essa catástrofe enquanto tomam conta como querem. Quando todos se forem não terá separação de lado, terá separação do que se fez aqui, da índole, do caráter, da capacidade de fazer o mau, ou o bem. A escolha é sua, a vida da sua família depende das suas escolhas, famílias destruídas têm alguém que começou, e tem que haver alguém para parar, que seja por você. Não é na divisão, é na união que somos mais fortes, quando todos querem a mesma coisa, a não ser que goste de sofrer. Acho que não.

O sexismo cresce entre os machistas

Por que a cada dia cresce o número de machistas no mundo? Já falei sobre a regressão do Ser humano em outras crônicas, e essa é uma que está perigosa. A internet está sendo usada para criar machistas, grupos sexistas que incentivam outros homens a se convencerem de que a mulher é fraca, não sabe de nada, e precisa de um homem. Não, nós não precisamos de um homem, precisamos ser respeitadas. A esses machistas de plantão, que não têm nada mais o que fazer, apenas formarem grupos para criarem a imagem de macho escroto, nós, mulheres, dizemos que vivemos muito bem sozinhas, pois tudo o que fazemos vocês não fazem. É aí que mora o ódio contra a mulher, a capacidade que eles não têm.

O grande problema é que está ao alcance de crianças e adolescentes que acabam caindo em grupos, ou até mesmo em jogos online, se deparando com esses tipos influenciando a violência contra a mulher. Fica cada vez mais claro que a criação é o principal fator para crescerem assim. Pois é dentro de casa que temos os primeiros exemplos, como somos tratados e como os pais tratam suas mães.

As crianças estão indo para a escola violentas, se indispondo com colegas, professores, com a sociedade. Como aconteceu recentemente numa faculdade de alto nível em São Paulo, com futuros ‘médicos’ mostrando uma faixa com alusão à violência. Que tipo de criação estão dando para se tornarem tão sarcásticos? De onde vem tanta intolerância, ódio, preconceito?

A formação de um humano é muito mais importante do que qualquer bem adquirido. Formar alguém não é dar tudo o que deseja, tampouco incentivar à maldade, ao deboche, ao ponto de agredir uma pessoa como se fosse natural. “Ter paz é melhor do que ter razão”. Já ouviu essa frase? Mas como tudo, isso é totalmente o contrário do que existe, muitos não querem paz, querem é ter razão.

Não se esqueçam que podem ter uma filha, e isso que hoje você defende, agredir achando que isso lhe torna mais macho, pode ter um adolescente vendo isso e vai fazer exatamente o que você fala com sua filha, imagina que legal!

Imagina sua mãe ser agredida, sua irmã. Não é só com os outros, acontece com qualquer um, inclusive você. Mulher nenhuma precisa se posicionar na crueldade para ser mulher, simplesmente é. Mulher estuda como um homem, trabalha e, não raro, com capacidade maior do que de um homem, e sabe por quê? Mulher não perde tempo querendo mostrar quem é, não precisa fazer grupinhos para falar mal de homens, vocês mesmos já fazem esse serviço, por isso cada vez mais tem mulher preferindo ficar sozinha. Não precisa mesmo de ninguém. Já os machos…

Infelizmente, sei bem o que estou falando, e acho também que os pais deveriam repensar suas posturas, pois defender filhos quando estão errados só gera ego inflado e vencedor, e quando se torna um adulto nunca aceitará a realidade da vida. Lá fora a vida é pedra sobre pedra, e nem sempre se ganha, aliás mais se perde do que se ganha. E papai e mamãe não vivem para sempre, quem vai cuidar e aguentar esse serzinho que você criou?

O que é ser mulher no Brasil hoje?

O que é ser mulher no Brasil de hoje? Eu, como mulher, sinto e vejo que a cada dia a mulher se destrói em sua verdadeira aparência e essência, para ser aceita, mas, ao mesmo tempo, isso tem um efeito contrário àquilo que se quer. Não apenas nas relações amorosas, mas consigo mesma.

São tantos os procedimentos estéticos para induzir à beleza fascinante, mas por trás tantas pessoas desonestas se aproveitando descaradamente, justamente para ganhar dinheiro, enganando, ludibriando mulheres que muitas vezes não têm nenhuma imperfeição a ser corrigida, mas são convencidas a acreditarem que têm.

No caso de muitas jovens, é impressionante as buscas pelas suas supostas imperfeições, que são apenas sua perfeição, sua origem natural; querer ser igual a todo mundo é falta de amor-próprio, a menos que seja um defeito corrigível, fora isso cada mulher tem sua própria beleza. No caso das mais velhas parece pior ainda, pois a falta de aceitação da idade e de suas consequências naturais está causando um impacto perigoso na saúde mental. Pode ter quem não acredite e ache que está ótima, o grande problema é quem não faz nada em nome da beleza. E eu pergunto: Do que vale a aparência de jovem se a cabeça não anda ou trabalha como jovem, se o corpo por dentro está velho? Do que vale se orgulhar dos seus cinquenta mais, se, na verdade, é só por fora?

O que você faz com a sua vivência se nitidamente está de lado para viver o bonito, o fascinante, que não traz nada além de elogios, muitas vezes falsos, invejado quando te falam. ‘Não aparenta a idade que tem’. Como assim, isso não é um elogio, no mais das vezes é uma maneira de te provocar. E por fim, qual a satisfação que há sendo que o que você sente não é o que aparenta? Como diz aquele ditado: ‘Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço’. Porque tudo aquilo que se fala e se faz ao contrário não vale nada. Então, o que você é por fora, não é por dentro.

Os casos de procedimentos que estão dando errado é um absurdo, feitos por pessoas desqualificadas, sem conhecimento algum. Colocam depoimentos de pessoas que “já” fizeram falando super bem. Será que ainda não entenderam que isso é estratégia? Por que só teria dado errado para você? Dentista cuida da saúde bucal, não é esteticista, se não gosta do que faz, faz o curso, aprende, mas seja honesto. ‘Não faça com os outros o que não gostaria que fizessem com você”.

E nada disso muda o abuso contra a mulher, ao contrário, os números só aumentam e cada vez mais cruéis. Ser linda, ‘perfeita’, fazer todos os procedimentos, nada disso faz diferença, os abusos estão aí para provar, sabe por quê? Não é o externo que faz diferença, é ser mulher. Independente, inteligente, multifacetada e, principalmente, não precisar de ninguém. Cuide-se por você, sem se preocupar em mostrar para os outros, mas cuide da sua mente, das suas habilidades. Esteja sempre por dentro de tudo, não se permita ser enganada. Quem se aceita e sabe o que quer, se ama como é. O tempo? Mostra o quanto você já sabe, o quanto é importante nessa vida, tudo o que já vivenciou. Se chegou na terceira idade, se dê por feliz, agradeça, tem quem não chega. E vamos falar a verdade, ainda tem muito o que fazer e aprender. A gente vive e aprende, e morre sem saber tudo. Aproveite sua vida e seja feliz como é, cante, dance, ouça muita música, saia e deixe a vida levar. Mais vale uma vida bem vivida do que acabar com seu mental por uma promessa que jamais será cumprida. No fim, todos que envelhecem vão sofrer com os anos que seu corpo ainda suporta. As jovens de hoje também irão chegar nessa idade, e sempre haverá mais jovens, e não podemos nos comparar mais. Viva a maturidade sem medo. O etarismo só existe porque há quem não aceite.

Por Maristela Prado

Como ser mulher nessa sociedade machista

Estamos esperando que a humanidade mude sua mentalidade conservadora, de um passado que não tem mais como viver, em relação às mulheres. Mas nem mesmo no segundo milênio as coisas mudam.

Ficou no passado distante que mulher não podia trabalhar, tinha que cuidar da família, cozinhar e servir ao marido, que já naquele tempo, o homem tinha total liberdade para tudo, principalmente tratar a mulher como empregada. Isso acabou faz tempo, mas parece que os jovens de hoje querem viver como velhos.

Acredito que a maioria deve ter ouvido falar ou lido uma notícia de um jovem empresário, desfazendo de uma mulher ser CEO numa empresa. “Deus me livre uma mulher CEO”. Não temos capacidade só para isso, somos muito mais. No momento de assumir cargos não pode, mas se usar determinada roupa é vagabunda, se engorda é relaxada, se não casa é solteirona, infinitas coisas falam sobre mulher, mas não sabem o que é ser mulher.

Cada vez mais temos medo de sair, a falta de respeito, a maneira como enxergam, é como se fôssemos um objeto de brinquedo, é nas ruas, no trabalho, em qualquer lugar. A mulher conquistou seu lugar de cidadã, mas não aceitam, e cada vez mais cresce esse ódio, essa intolerância, esse desrespeito.

As mulheres lutam dia após dia pela sua liberdade, pelo respeito que merecemos ter. A mulher tem outra visão de mundo, enxerga os problemas com mais sensibilidade, provisionando à frente o que pode ser feito. Mulher é forte, sabe se virar sozinha, nunca foi o sexo frágil, tem que lidar com muitas adversidades no corpo. Mas é frescura. Uma frescura que ovula todo mês e sangra, e no final, quando para, também gera problemas.

Nós não temos capacidade, realmente não temos, para lidar com homens tão imaturos e desorientados que sequer se dão conta de que precisam de uma mulher para nascer. Não queremos competir, mas se nos formarmos na mesma sala, na mesma faculdade, aprendermos a mesma profissão, qual o motivo das diferenças? Não queremos ser apenas mães, queremos ser mulheres, e respeitadas.

Precisamos falar sobre isso

O assunto ‘mulher’ sempre estará em evidência, seja positivo ou negativo. A mais recente é sobre o aborto, como todos já cansaram de escutar. Mas precisamos falar sobre isso, precisamos discutir os caminhos tortuosos a que estão levando um assunto tão sério, e de maneira incabível, um amontoado de hipócritas, que só têm um interesse, a baderna.

Mais uma vez a mulher está sendo usada para provocar um embate desnecessário, por um acontecimento que só diz respeito às mulheres, e quando o assunto for com crianças, ou adolescentes, a decisão cabe única, e exclusivamente, à família ou responsável legal, e mais ninguém. A Câmara dos deputados foi eleita para cuidar dos interesses do povo brasileiro, e não dos próprios interesses. Embora seja um assunto relevante e que necessite de regulamentação nas leis, e isso já existe, mas não colocar a mulher na posição de criminosa. Primeiro porque ela foi acometida por um crime contra seu corpo e sem seu consentimento, e levar uma gravidez indesejada ou que possa trazer danos à saúde, não tem justificativa para isso.  

Enquanto isso, discutem o absurdo de penalizar a violentada pelo ato do aborto, após vinte e duas semanas de gestação; lembrando que esse tempo só pode chegar por inúmeros motivos, dentre eles o fato de ter que entrar na Justiça para provar o estupro e, claro, esperar pela decisão. Desta forma a vítima passa a ser culpada, enquanto o estuprador recebe um afago na cabeça pelo ato cometido.

Ora, só falta dizer que aquela menina, mulher ou criança provocou o ato, afinal mulher é o foco das insanidades de machistas que ignoram sua atitude, e que deixam a vítima em situação de completa incapacidade de se proteger, de ter a lei a seu favor. A vítima se torna culpada, enquanto o culpado se torna vítima.

A mulher não pode gerar um filho do estupro, essa criança não terá amor, será rejeitada, odiada. Não se pode criar um filho indesejado de uma pessoa indesejada, às vezes não se sabe nem quem é, como obrigar uma gravidez dessa? Alguém se preocupou com o estado emocional dessa mulher? Passar por todos os estágios de uma gravidez sem que seja da sua vontade? Ter esse filho em nome de um ato violento? Nem que entregue para adoção, estamos falando de um abuso e não de amor. Quem pensa assim só colabora para o abandono. E aí são dois crimes, o estupro e o abandono. Quem vai pagar por isso?

A verdade é que essas pessoas que concordaram com essa lei absurda também têm ou terão filhas, netas, mulher, mãe, irmã, que podem sofrer um abuso e devem entrar nessa mesma lei, ou não vai?  Jamais saberemos, vítimas sempre estarão nos noticiários policiais, jamais nas capas de revistas.

Ser mulher

O que é ser mulher? Não dá para comparar as mulheres de séculos passados com as se hoje. Nem mesmo as do recente século XX, em que éramos criadas para estudar e casar. Aliás, muito antes disso, mulher aprendia a bordar e cozinhar, e não precisava estudar, como as mulheres do século atual. Mas, apesar de toda a evolução, ainda carregamos o peso do passado.

O salto no século XXI foi grande, as meninas são criadas para ser quem quiserem, estudar, trabalhar, ser uma chef de cozinha, modista, fazer arte remunerada, administrar uma empresa ou uma casa, ser mãe ou não, se maquiar, sair, amar, ter opinião, dar a última palavra, dizer sim ou não. Isso é ser mulher.

Não existem regras e imposições, pois se você quiser dar uma de louca pode, se quiser se calar também pode, só não pode deixar que te dominem ou ditem regras. Apesar da pressão que a mulher sofre diariamente em todos os cantos, é preciso ter força para lutar, é preciso perseverança e jamais deixar de se amar.

Temos grandes nomes de mulheres no mundo que fizeram história, deixaram um legado provando que temos muito a ensinar sobre sensibilidade, sobre amar, sobre sentimento, sobre vida… E o sexto sentido feminino existe sim, é um privilégio nosso. Pensadoras como Simone de Beauvoir, Clarice Lispector, Frida Kahlo, Patrícia Galvão (Pagu), Virgínia Woolf, Rita Lee e Zélia Duncan, todas feministas e ativistas. Cecília Meireles, Tarsila do Amaral, Cora Coralina, entre tantas outras que fizeram história.

A luta pelo espaço feminino não tem fim, muito já se conquistou, mas ainda falta. A bandeira está aí para ser hasteada e mostrar que estamos atentas, não aceitamos mais a submissão e inferioridade que nos colocaram durante séculos. Somos dois em um, somos várias ao mesmo tempo, não ficamos prontas em dez minutos, mas estamos prontas para viver.

 Costela de Adão 

Já escrevi muitos textos sobre mulher, seus direitos e seu lugar nesse mundo machista, um mundo cada vez mais crescente. É incrível que isso ainda aconteça em pleno século XXI, ano 2023, que nem acreditávamos que existiria. Aprendemos que quando chegasse o novo milênio o mundo acabaria, não aconteceu e o machismo continua por aqui, triste realidade. O mundo não acabou, mas acabou o encanto, a simplicidade da vida que vivíamos – hoje, se não for pra mostrar aos quatro cantos, não tá valendo.

Como podemos ter alguém do sexo feminino à frente do mundo dominado por homens? Mulher ter opinião, posicionamento em discussões, liberdade, autonomia? Afinal, se nos contaram que fomos feitas pela costela de Adão é porque somos submissas aos homens, por isso eles mandam. Ah!! agora tá explicado. Não, não devemos obediência nem somos seres a servir um homem só por um pedaço de costela. O que é uma costela perto do que é uma mulher de corpo e alma? Tanto é que a responsabilidade de colocar um Ser no mundo foi dada à mulher e não ao homem.

Será que precisará de mais mil anos para que a mulher seja compreendida como um Ser livre em suas ações, com capacidade para ser e fazer o que quiser? Sem que haja machistas colocando lugares, restringindo e menosprezando só por ser mulher? Como ainda pode ter quem fale que a mulher passa dificuldade por não ter um marido, um companheiro, seja qual for a palavra usada, como pode isso?

A violência contra a mulher para ser considerada uma violência precisa ter morte, ficar desfigurada? A maldade contra a mulher não tem limites, e muitos por aí estão sossegados por não terem matado, ainda. Para os ignorantes é preciso explicar que violência não é apenas física, mas verbal, psicológica, cárcere, escravidão, todas são violências. Portanto, para quem acha que por não bater não está praticando um ato violento, fique atento, muita coisa acabou com a chegada do ano 2000, mas as mulheres ficaram mais atentas a quem são de fato.

Não podemos e não devemos aceitar insultos e desprezos. Grandes mulheres fizeram história de lutas e de conquistas, e vamos continuar mostrando que podemos mais do que nos é ofertado. O mundo não existiria se não fosse o homem e a mulher, por isso não existe o melhor. É preciso aprender a ouvir, podemos transformar, somar, dividir. Precisamos do olhar humano, do amor, do respeito daqueles que um dia chegaram ao mundo pela força de uma mulher.