Estamos no fio da navalha

Ser normal é tudo o que eu não quero. Como ressoa para você essa frase? Para mim quer dizer: igual a todo mundo. Não, eu não quero ser igual a todo mundo, fazer o que todos fazem, ir a lugares que todos vão, fazer as mesmas viagens, fazer as dietas da moda, usar as roupas da moda, ter a mesma cara, cabelo, tipo de corpo. É muito chato ser normal, é falta de criatividade para si mesmo, é muito bom ser diferente, enquanto todos repetem os mesmos padrões e fazem tudo igual, eu ando na contramão, sempre fui assim, é libertador.
Quem foi que disse que ser normal é o lado certo? Entre ser normal ou ser louco é preferível a loucura. Para a maioria das pessoas ser normal é o equilíbrio do ser humano, mas a vida não tem equilíbrio, por isso mesmo vivemos entre um e outro. O ser humano não é feito só de corpo, é um ser falante, e quem fala racionaliza, e quem racionaliza analisa, e quem analisa? O louco ou o normal? O louco, claro, daí ser chamado de louco, porque o normal pensa e não analisa, só vai.
Quando se está lúcido é porque sabe o que está falando ou fazendo, foi pensado, analisado e compreendido, e isso não precisa necessariamente ter sido aceito, ao contrário, é saudável dizer não àquilo que a maioria diz sim, não é preciso fazer tudo igual como se a vida fosse um roteiro, o seu roteiro pode ser diferente, e as diferenças é que fazem de você ser a pessoa que é. Quando todos fazem tudo igual é que existe algo de errado, isso não é ser normal. Se somos seres falantes e racionalizamos, desta forma estamos sendo irracionais, seguindo um modelo de vida que inventaram, e te contaram que era assim que deveria ser.
Em tempos de influencers, que aliás virou profissão, vendem ilusão aos mais despreparados. Contam uma vida de riquezas, medicamentos milagrosos, conquistas maravilhosas, e o melhor, tudo muito fácil. Quem precisa de alguém para guiar sua vida como se fosse isso o correto? Quem disse que o que o outro diz é o correto e não você? Será que realmente um ser precisa de um influenciador na vida? A velha frase, o que é bom para mim pode não ser bom para você.
Não te contaram quantas pedras tiveram que tirar do caminho, ou até submeter-se a situações que talvez você não tenha coragem, mas falando parece ser fácil. Depois que desligam as câmeras, a realidade deles também ressurge, e você nem sabe quantos dissabores aquelas pessoas sentem. E sem saber, está tentando ter o mesmo vazio de quem te vende a vida perfeita.
“De louco todos temos um pouco”. Então sejamos loucos, e vamos assumir nossa loucura, já que entre a normalidade e a loucura estamos no fio da navalha. Uma hora escorregamos um pouco para um lado, e hora para o outro, saímos do sério, falamos sozinhos (sim, você já falou sozinho, já xingou sozinho, já riu sozinho). Para quem? Para o louco que habita em você.