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Estamos todos na escola da vida

A vida é uma escola que não sabemos quando acaba, aprendemos todos os dias desde o nosso nascimento. Crescemos e aprendemos na escola a ler, escrever, geografia e história, fazer contas. Educação. Mas os aprendizados da vida são vivendo, pode parecer sem sentido, mas não é. Tudo o que acontece é um novo aprendizado, mesmo quando envelhecemos, aprendemos coisas novas com as novas gerações. Então, por que reclamamos tanto deles? Também fomos de uma geração que teve suas descobertas. Agora enxergamos como se tudo estivesse errado, mas está tudo no seu devido lugar, inclusive nós.

No podcast da última sexta-feira sobre neurociência e adolescentes, o assunto gerou uma série de reflexões sobre o nosso comportamento em relação aos jovens. “Eles nasceram na era digital e certamente têm uma visão de mundo completamente mais avançada do que aprendemos. Viemos de uma geração em que tínhamos que esperar o comando, hoje eles já sabem aonde chegar, e vemos isso como indisciplina”. (Palavras do educador @joãoalmeida_vidadepreto), na verdade, é mais evoluído. E tomara que isso seja a mudança do mundo.

Trazemos ainda aquela frase: “Eu falo, você escuta”. E quem escuta o adolescente? Ele tem problemas, sentimentos, dúvidas, medos, incertezas. E quem vai falar, quem vai perguntar o que precisa? Mas criticar e culpar, isso não falta. Eles ainda não amadureceram, estão aprendendo quem são no mundo.

E como queremos mudar o mundo se nós mesmos não mudamos? Se a criação continuar a mesma, continuaremos a criar agressivos, dependentes, não daremos voz. E vai reclamar do quê? Estamos entregando esses cidadãos ao mundo com todos os problemas que ele tem. Duro encarar? Mas a verdade é dura mesmo.

Seu filho é o que aprendeu. Garanto que ele não nasceu ruim, malandro, e nem querendo aprontar ou desrespeitar os outros. Vale a pena refletir e aceitar os erros, afinal somos humanos em fase de evolução, ainda. Errar não é humano? Então, por que não aceitar o seu erro? Como disse Willian Borghetti. “Adolescente não ouve, adolescente sente”. Criou uma sigla que representa o que o adolescente precisa. (ALE) Amor, limite e estímulo. Será que estão recebendo?

Não somos perfeitos, nossos filhos também não são, o mundo não é, e está tudo bem. Ainda estamos na escola da vida, ainda dá tempo de mudar e evoluir juntos para podermos ter um mundo melhor.

https://www.youtube.com/live/flyAi6ZVtGQ?si=xBqmF6V5E8AhqioU

 

A doce saudade de quando éramos 90 milhões em ação

A doce saudade de quando éramos noventa milhões de brasileiros, alegres, sem Burnout, ansiedade, e todos juntos de mãos dadas com o mesmo coração. É, eu nasci com a Ditadura, apesar das barbáries que aconteceram, mas o Brasil era mais unido, apesar de quase ninguém ter telefone em casa, da TV ser preto e branco e só ter onze canais que pegavam com antena em cima da casa. Eram poucas as pessoas que tinham carro, o transporte público prestava, as pessoas prestavam. E tanto fazia ser rico ou não, aliás rico era ter uma família unida, alegre e feliz, ter uma casa e pais que nos ensinavam o verdadeiro valor da vida, as pessoas e não as coisas.

Hoje, os jovens são pobres, querem tudo de marca, tudo caro. Não aceitam trabalhar e ganhar pouco, tampouco serem comandados. Aprenderam a ter tudo o que quiseram, não importa se pode ou não, pai e mãe são sinônimos de conquista, ouvir não frustra. Não sabem viver, estão perdidos na vida, querem mais a todo tempo, e não satisfazem.

Somos 200 milhões de brasileiros vagando por aí, tentando conquistas, tentando ser feliz. Que felicidade é essa se não tem fim? Ataques, brigas, intrigas, disputas, ofensas. O ego tomou conta das pessoas, alguns zeros a mais na conta já são motivo de soberania. Onde foi parar o encanto pela vida? Será que tudo mudou tanto ao ponto de não enxergarem mais o milagre da vida? Ficar feliz por alguém, admirar as pessoas, sorrir sem falsidade, sentir amor de verdade?

Os cantores que ainda restam levam milhões de fãs aos shows, e sabe por quê? Falam de amor, poesia, sentimentos, músicas que tocam o coração, não estimulam e não induzem. Fizeram sucesso na raça, no talento, na vontade de ser artista. As propagandas mais famosas saíram da cabeça de um homem que tinha talento e não tinha preguiça de trabalhar, Washington Olivetto, ficou rico, mas trabalhou. Os grandes autores de novelas e da literatura escreveram clássicos que fazem sucesso ainda hoje.

Sou da geração que viu tudo começar, da máquina de escrever manual à máquina elétrica ao computador. Do telefone de discar em casa à Internet discada para a banda larga. Messenger ao WhatsApp, carro a gasolina, álcool e elétrico. Enfim, toda a evolução, um pouco mais de meio século, mas tenho orgulho de ter esse conhecimento, ter vivido e continuo vivendo tudo isso, e poder escrever com toda certeza de que tudo o que lembro com saudade é porque hoje não existe nada que deixará essa saudade. Nada será como antes.

A vida virou uma eleição, tudo tem dois lados, e temos que escolher qual lado ficar. A política mundial virou uma palhaçada, estão disputando quem será o melhor do mundo, quem vai mandar em tudo. É até irônico, quem vai ser dono do que se ninguém veio para ficar? Se acha dono, morre e quem herda? O próximo trem pode passar a qualquer momento, lembra que estamos de passagem?

Por isso tenho saudades sim, mas não tenho vergonha de nada. Aprendo a cada dia, e assim vou vivendo e colocando em prática aquilo que devo passar para quem desejar aprender.

“Viver e não ter a vergonha de ser feliz” (Gonzaguinha)

Da geração de 50 para 2000

O que mudou da geração dos anos 50 até hoje? Na década de 50 foi quando tudo começou a acontecer, principalmente no Brasil. A indústria automobilística se instalou por aqui, a economia do país começou a crescer, o desenvolvimento chegou, o Brasil não era mais um lugar à parte do mundo.

Surgiu a Bossa Nova, o ‘rock’ in rol, o chiclete, a brilhantina, o rabo de cavalo, as saias rodadas, a juventude começou a descobrir um novo mundo. A rebeldia estava presente, e a perspectiva de futuro era grande, muitos foram os jovens que brilharam em suas carreiras. O que diferenciava do nosso mundo de hoje era a educação que prevalecia no meio da sociedade, a hierarquia.

A partir daí, as próximas décadas viriam com mais transformações, na vida, no comportamento, nas conquistas e lutas pelos direitos. A política era relevante, a população era engajada, mas a repressão tomava lugar preponderante, e muita coisa aconteceu. Jovens foram torturados, exilados, a imprensa não tinha liberdade, o medo predominava. Os jovens dos anos 60 e 70 que sofreram com sua coragem na mudança do comportamento, no sexo, na paz e amor dos ‘hippies’ que transformariam uma geração.

Nos anos 80 foi a revolução no modo de vida, no crescimento econômico, as diretas já, que mudaram totalmente nossa história. Em 1985, o Brasil se libertou e nossa sociedade passou da ditadura (regime militar) à democracia. Foi um período histórico, que tenho orgulho de ter vivido, hoje estudado e processo importante do nosso país.

A discoteca, as músicas inesquecíveis daquela época, a moda de lurex, calça boca de sino, os cabelos femininos, como Farrah Fawcett, o ‘glamour’, a vida de verdade sem ostentação, simplesmente com vontade de viver intensamente, estudando, trabalhando e tendo em vista um futuro num país que tinha tudo para chegar ao topo do primeiro mundo, com seu povo alegre e acolhedor. Mas a partir do fim dos anos 90 as mudanças, ainda mais radicais, nos inseriram em um novo século, que mudaria tudo o que não imaginávamos; então, o que aconteceu depois do ano 2000?

Parece que tudo virou de cabeça para baixo, ainda que nos sintamos transformados com a chegada da ‘internet’, do celular e da aposentadoria da velha e boa máquina de escrever, foi bom. Tudo começou a mudar rápido, as transformações não pararam de chegar, nem tínhamos nos acostumados com uma coisa e já vinha outra. Isso começou deixar as pessoas ansiosas, com sede de informação, e com pressa de tudo. De um ICQ e MSN só no computador passamos para um ‘smartphone’ que faz tudo. Filma, grava, manda mensagem, liga, recebe ligação, faz foto de todo tipo, fala e, ao que parece, fotografa seu cérebro também.

Imagina você lendo uma propaganda e de repente começa a aparecer em tudo o que você abre no celular! Daí você pensa. Como sabe que eu quero ver isso? Pois é, essa tal tecnologia sabe tudo mesmo, até o que você pensa. Dia desses assisti a um vídeo que falava sobre isso, fiquei assustada ao saber que esse pequeno aparelho que carregamos nossa vida dentro pode ser o maior traidor, mas no qual confiamos. Será que isso é bom? Eu acredito que não, quero ter liberdade e privacidade nos meus pensamentos, não quero que um computador tenha domínio sobre mim nem que destrua vidas por tanta facilidade.

Existem meios para tudo, te rastreiam e podem te colocar em situações bastante complicadas com toda essa modernidade, que, ao mesmo tempo que é bom, não é. Um assunto bastante difícil de falar, afinal muita gente gosta de tudo isso e não imagina como é viver sem. Mas, assim como eu, muita gente sabe como era receber um telegrama, uma carta de um amigo distante, ligar do orelhão e acabar a ficha no meio da ligação, levar convite de casamento na casa dos convidados e servir picles espetado no melão envolto com papel alumínio.

 É, era simples, diferente, mas a gente era mais feliz. As fotos que a gente tirava só ia ver depois que revelava, algumas queimavam, outras saíam sem cabeça, e estava tudo bem, porque o sorriso na foto era por pura felicidade e não para provar uma felicidade que não existe.  A discoteca era um lugar para dançar, se divertir e poder dançar aquela música lenta com seu crush, palavra que nem existia naquela época. Aliás, existia sim, mas era marca de refrigerante. Os amigos eram de verdade, a vida era mais simples, o amor era de verdade, a comida não era gourmet, ninguém tinha vergonha de gostar de pão com mortadela. A gente era feliz. E você, é ou ainda é feliz?