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Vaidade ou felicidade?

São tantas questões que nos impedem de raciocinar direito que mal sabemos o que é uma coisa e o que é outra. São informações de todos os lados e, para piorar, não sabemos qual é o lado certo. Tem muito sabido de tudo falando na internet, dando dicas, afirmações que nada têm a ver com a vida de verdade. Se na realidade vamos a um hospital e não sabemos se aquele médico realmente é médico, ou se sabe mesmo te dar um diagnóstico, como podemos confiar em qualquer um que aparece com um jaleco branco e um estetoscópio no pescoço? É um tal de pode comer isso, não pode comer aquilo, isso faz bem, isso faz mal, tire isso da sua alimentação, coloque isso. Em três dias você perde 15 quilos! E o pior, tem quem acredite.

Agora imagina o que estão fazendo com a sua cabeça em relação às compras? A todo momento tem algum produto novo, mais potente, mais velocidade, mais isso, mais aquilo. Agora não usa mais cortina, tire isso da sua cozinha, isso não é mais moda para sua casa. Gente! De onde sai tanta loucura? Quem, em sã consciência, vai atrás de tudo isso? Daí as pessoas saem fazendo o impossível para ter um carro de luxo, uma casa moderna, um apartamento de alto padrão, um iPhone de última geração, e nunca acaba.

Hoje compra uma coisa, que felicidade; amanhã já passou e quer outra. É felicidade ou vaidade? Porque insistem tanto em achar que bens materiais trazem felicidade, se ela só existe em alguns momentos da vida, e nem é felicidade, é alegria. E passa. Essa tal felicidade só se encontra nas redes sociais onde todo mundo é feliz, viaja, sai, faz tudo sem nenhum problema. Exibem suas vidas com tanta veracidade que acreditam, mas a vida de verdade não é assim, e isso todo mundo sabe, até quem posta todos os dias aquele sorriso, como se por trás daquilo não houvesse tristeza, batalha, frustração, solidão.

Quantas vidas foram tiradas porque queriam ter a vida daquelas que fingem ser? E quem não pode, nem se quiser, o que faz para ter? Tudo o que a gente já conhece faz tempo. Pode até ter quem vá pensar. Já vai falar de pobre, mas essa classe social é muito maior do que quem posta tudo o que tem de material, mas em alguns casos nem sabe o que é ser feliz, sofre com coisas que um pobre não sofre. Ou melhor, se sofre é igual, só muda o lugar, as pessoas, a condição, mas se tiver um câncer vai morrer no hospital público e o outro em hospital pago, mas que não existe em nenhum lugar do mundo alguém com capacidade de não permitir que morra só porque é famoso ou tem dinheiro, o fim é o mesmo. E quem nunca teve um parente pobre?

Mas a questão aqui é que todos querem hoje tudo por vaidade, ninguém é feliz, aprenderam que é preciso mostrar o que tem, provar que pode, não é para você, é para o mundo. As redes sociais acabaram com a vida de verdade, não só as crianças e adolescentes, adultos também estão expostos diariamente a essa lavagem cerebral, com os celulares em mãos, só olhando aquele mundo de informações e condições de comprar em um clic. Presta atenção, quando está em lugar público, ninguém está conversando ou lendo uma revista, está de cabeça baixa rolando a tela. É um vício como outro qualquer, que leva à ansiedade e depressão. Antes psiquiatra era visto como médico de loucos, hoje todo mundo precisa procurar um. Só descobrimos que a saúde mental é tão ou mais importante do que a saúde física depois que nos bombardearam com tantas informações, e muitas delas falsas. Se a cabeça estiver legal, o corpo não adoece, e se adoecer será coisa comum, nada que prejudique sua vida, seu dia a dia. Escolha ser feliz, e são coisas de graça que te fazem feliz. Imagina você acordar todos os dias? Andar, falar, sentir a brisa do vento, ver o sol, ter uma mesa com comida, ter uma casa, um quarto e cobertas para dormir, poder tomar um banho gostoso, ter família, amar e ser amado. Isso não te faz feliz? ‘Mas sem dinheiro não tenho nada disso’. Tem sim, o suficiente para viver e ser feliz. Quer uma vida longa? Deixe a vaidade (material) de lado e vai ser feliz, o resto que você vê todo dia, passa batido, a realidade não é aquilo mesmo. Eu tenho celular, mas faço de tudo para esquecer o maior tempo possível do dia, às vezes saio até sem, e sabe por quê? Adoro minha liberdade, e o celular aprisiona qualquer um. Se eu precisar? Sempre vai ter alguém com um. Liberdade em primeiro lugar.

Por Maristela Prado

O sentido da música na vida

Quem me acompanha sabe o quanto amo a música brasileira, já fiz várias críticas em biografias de nossos artistas da MPB. Cantam nossa língua, a nossa cultura.

Nas biografias vi a dificuldade que encontraram e ultrapassaram para se consagrarem e serem reconhecidos como artistas. Nunca foi fácil, a trajetória também não. Fizeram história, alguns passaram por exílio numa época em que tudo era proibido, uma simples menção já era considerada uma afronta. Tudo mudou, muitos já partiram, outros estão se aposentando, mas conquistaram uma legião de fãs espalhados pelo país.

Esta semana Caetano Veloso completou 81 anos, está deixando os palcos, meu ídolo. Me apaixonei pela literatura quando estava na faculdade de letras, pois na aula de interpretação de texto tinha um professor muito descolado e culto que nos dava letras de músicas do Caetano, dificílimas de decifrar, mas de extrema cultura, um linguista brasileiro.

Assim como ele, Gilberto Gil, Milton Nascimento e nossa mais recente perda, Rita Lee, foram artistas revolucionários em uma época em que se arriscaram a fazer música no país, sofreram com a repressão, mas se consagraram, eternizaram músicas que são ouvidas até hoje. Lotam shows, emocionam, inspiram novos artistas, estão deixando um legado na cultura.

Música, para quem gosta, tem sentimento e te leva a um passado cheio de saudade, um presente que te mostra a vida leve e solta. Dançar, cantar, emocionar faz bem pra vida, faz a sua endorfina dar prazer, felicidade – aqui entram os momentos de felicidade, a alegria, gostar da vida como ela é. Nesse momento não tem rico nem pobre, nem poder, nem nada, existe você e seu sentimento, o viver a vida e só.

Sou de uma família totalmente musical, cresci em meio a festas de família com muita música e alegria. Meus pais se conheceram na Rádio Clube, minha mãe cantava e meu pai fazia parte de um conjunto de músicas de samba canção, tocava violão e cavaquinho, tocava não, toca ainda. Aos 86 anos, todos os dias, acompanha pela internet conjuntos de chorinho com seu violão, é uma alegria de viver! Minha mãe ainda se arrisca a cantar, e canta bem!

Meus tios também se conheceram na mesma rádio, ele tocava bateria e ela cantava (in memoriam) , nenhum deles seguiu a carreira, mas influenciaram toda a família, filhos e sobrinhos, e assim cresci e aprendi a gostar de música, de todo tipo.

Não há como se sentir triste ouvindo música, é bom esquecer um pouco as coisas ruins que acontecem lá fora, relaxar, sorrir e até chorar de emoção. Faz bem.

Abaixo deixo um trecho da música “GilGal do álbum Meu Coco” de Caetano Veloso.

“Ele me ensinou
O sentido do som
E eu quis ensinar
O sem som do sentido”

Essa tal felicidade

 Palavrinha muito falada e pouco vivida. Por que todo mundo quer ser feliz? Você sabe a definição do que é felicidade? Vamos conversar sobre o assunto?

Ser feliz, estar feliz, fui feliz. Várias conjugações de ser, estar e ter sido. Mas na vida real, sem regra gramatical, o que esse sentimento significa? Olhe para sua própria vida e defina. Você se sente feliz em tempo integral, todos os dias? Se a resposta é não, você está certo, o conceito dessa palavra é feito por momentos felizes e outras séries de fatores que muita gente pode não concordar. Um exemplo disso é a  ética com a vida e o prazer nas pequenas coisas.

A grande maioria associa felicidade a poder, riqueza, fama, prazeres. Não é. Somos seres que precisamos mais do menos, se é que me entende. Uma pessoa que busca a fama sonha com o reconhecimento, ser amado, reverenciado, assim como na riqueza, quando se conquista tudo o que é material, luxo. E o que se precisa realmente para ser feliz?

Se você se desgastar com a busca incessante desses prazeres sem deixar tempo para seu descanso, para sua paz, adoecerá seu corpo, e você precisa que ele esteja saudável para viver. Já os prazeres momentâneos são inerentes a você. Dormir, comer, são necessários e naturais, é vida.

Acontece que, enquanto se busca a felicidade naquilo que não é necessário para sua vida, na verdade está tentando não sentir dor, mas a dor também é necessária e acaba. Ela vem, você aprende, sobrevive e ela vai embora. O medo faz com que se encontre prazeres, muitas vezes destrutivos.

Se somos seres livres, por qual motivo nos apegamos às coisas e pessoas achando que assim seremos felizes? Porque temos medo de admitir nossos erros, nossas escolhas.

Mas e se focarmos nas pequenas coisas, que nem são pequenas, mas aos olhos do ser humano passam desapercebidas grande parte dos dias? A natureza, a brisa, o sol, o pé na areia, uma flor, o mar, a serenidade de um rio, a água que se bebe, a comida que te alimenta. Mas o homem parou de dar importância para isso, colocando em evidência só os seus interesses, e hoje estamos convivendo com a revolta da natureza, nosso corpo está adoecendo mais pelo ecossistema errado, pela insensatez, pelo descaso com o que realmente importa. E todos querem a tal da felicidade.

Como ser feliz num mundo em que a busca pelo prazer é mais importante do que a saúde? O dinheiro e as coisas tomaram um lugar primordial na vida. Volto a falar da tecnologia que nos levou à loucura e ao sofrimento, a frustração do Ter, porque o Ser já nem faz falta mais.

Pessoas que se inflamam por não aceitar a opinião do outro, o pensamento entra em atrito com o sentimento e vira essa baderna que assistimos todos os dias. Matam, agridem sem prudência nenhuma. É necessário medir o que importa. Está se dando mais atenção ao que não importa, por isso a felicidade não chega e nem vai chegar.

Ser feliz não é ostentar, sorrir ou mostrar o que se tem, ser feliz é estar em paz com sua vida, é entender que o essencial é o que basta. Virtude, ética, razão e emoção andam juntas, nem muito nem pouco, tem que haver equilíbrio. A felicidade é muito menos do que temos e do que somos, é uma tentativa de fugir da dor. Não mude pelo mundo externo, pense e sinta na mesma sintonia, se não houver sinergia não haverá equilíbrio.

Se preocupe mais com suas escolhas, o seu tempo aqui tem prazo de validade. Você é a sua história, os seus sentimentos, o que vai deixar na lembrança de quem te conhece. Você nasceu pelado e vai embora sem corpo.