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A violência diária em forma de novela

Já não se faz mais novelas como antigamente. Sempre venho falar, ou comparar, o novo com o velho. Seria uma divergência de gerações, ou realmente os valores mudaram muito? Na minha opinião, acho que atualmente vivemos uma dura realidade em todos os sentidos da vida, principalmente nas opiniões. Vivemos numa democracia em que deturparam a liberdade de expressão, em falar o que quiser, doa a quem doer. Não é bem assim. Liberdade significa escolhas, e não ofensas.

Todos temos nossos direitos, mas com limites. Não posso sair por aí batendo, quebrando as coisas por raiva, isso não é direito, é falta de educação e respeito. Violência se aprende, não se nasce violento. Nunca foi na violência que se conquistou algo e nem respeito. Passamos o dia sabendo de atitudes absurdas por acharem que é assim, mas não é.

Nem mesmo no descanso se relaxa. Basta ligar a televisão e está lá noticiário de assassinato, sendo o que mais dá repercussão, sobretudo para emissoras sensacionalistas, as quais adoram causar pânico e medo. O desencanto e, de certa forma, a tensão segue até mesmo nas novelas, que milhões de brasileiros sempre amaram, pois, as tramas se passam principalmente em torno do dinheiro, da riqueza, da safadeza, da violência, do machismo, dos desejos de quem só visa a si.

Fala-se tanto em corrupção e existem tantos corruptos ao nosso redor, pois quando se suborna alguém, quando se dá um jeito de não pagar imposto, coagir, intimidar, trapacear para se dar bem, difamar um colega para conseguir seu cargo, furar fila, ser dissimulado, são atos corruptos. Tem tanta coisa que é corrupção, e os especialistas de fofoca, ou alienados sem informação, falam só de políticos.

As novelas, os jogos online, estão formando experts em violência e trapaças. Hoje, até no núcleo pobre das novelas se dá um jeito de mostrar quem não aceita a vida que leva e parte para o pior. Não tem mais a parte engraçada, o subúrbio de gente simples, só poder, poder e poder. Parece que é assim que tem que ser.

Perderam a mão, estão partindo para um lado que não está dando certo, os remakes estão aí para provar que não é esse o caminho, mas até mesmo a volta de novelas de sucesso no passado não tem o mesmo poder de sedução. E por um simples motivo: nas mãos de roteiristas atuais, que acham que aquele modelo está ultrapassado, mudam a essência, comportamentos, com a justificativa de que é preciso atualizar, pois os tempos são outros. Tudo bem que tem uma coisa aqui, outra ali que precisam ser mudadas, mas deixar de lado aquilo que deu certo é burrice.

Temos ótimos artistas dispensados, eles que deram vida a personagens inesquecíveis, mas que hoje não têm a oportunidade de poder transformar um texto ruim numa grande adaptação, como foi com a novela ‘Amor de mãe’, com artistas do nível de Regina Casé e Adriana Esteves. As duas fizeram a história fluir como se fosse real, mesmo após a retomada pós-pandemia. A partir daí, porém, a impressão que se tem é que aquele hiato mudou tudo, para pior.

O remake de Pantanal deu muito certo até agora, com artistas experientes e uma protagonista jovem e muito talentosa que deu vida a Juma. Até agora, dos remakes realizados, essa foi a melhor. Esperamos que não assassinem ‘Vale tudo’, que foi uma trama realista, mas sem os exageros atuais. Um pouquinho de ficção ainda cai bem.

Por Maristela Prado