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As incoerências sobre relacionamentos

Como todos sabem, não aceito essa violência contra a mulher, não há justificativa para tanto ódio, para agressões infundadas, muitas vezes somente por ser mulher, ou outras porque estava usando uma roupa que chamava a atenção. Uma roupa não diz nada, as atitudes sim.

Tem um lado meio obscuro nesse contexto, nenhuma mulher quer ser violentada, morta, agredida por um homem, não procura um abusador, cai na armadilha do sedutor, do homem gentil, inteligente, mas que em pouco tempo começa a mostrar a que veio, ou melhor, escolheu você a dedo como a próxima vítima.

Por outro lado, já vi mulher falando que não gosta de homem bonzinho, aquele bacana que te trata bem, como mulher, o homem de verdade. Agora pergunto: qual mulher deseja um homem agressivo, que te machuca, fere seu corpo e sua alma, te causa traumas, medo? Então a lógica é dispensar o homem de verdade e procurar um que não te valoriza e nem respeita? Qual o sentido disso? Esse tipo de atitude pode atingir um número de mulheres que realmente vão achar chato serem bem tratadas, controladas, limitadas ou ameaçadas. Para muitos esses atos são ciúmes, mas não são. 

Me solidarizo com as mulheres que sofrem de verdade, que caem em mãos erradas, são tratadas como uma propriedade a qual manda e desmanda. Mulheres que precisam se esconder, medidas protetivas, as que são intimidadas, controladas e proibidas de serem mulher. Pelas mulheres que não conseguem se livrar dos homicídios, das agressões, do medo. Das mulheres estupradas pelos seus próprios companheiros ou um qualquer, pelas crianças, meninas principalmente, que desde que nascem sofrem por serem mulher. A mulher preta, pelo preconceito da cor e do gênero, sofre em dobro. Pelos inúmeros feminicídios, pelas tentativas de avisar com cuidado o que pode acontecer, caso caia nas mãos de um agressor. Por todas que perderam a vida ou o brilho dela. Muitas precisam de ajuda porque estão em perigo. 

É preferível um chato que te ama, do que ter um que no fim pode te matar, te bater e acabar com seus sonhos. Se você recebe amor e carinho e não gosta, certamente nunca recebeu, portanto não pode dar valor a quem sabe dar valor. Está bem fácil encontrar um abusador, mas também existe muita mulher querendo um chato para chamar de seu.

Os romances estão acabando, os sonhos também, falta pouco para termos uma população de idosos sozinhos. A violência contra a mulher é   um preconceito machista e misógino. De um lado ainda existem pessoas do bem, ambas procurando-se e não encontrando, porque amor nasce de uma relação em que os dois devem querer estar juntos, mesmo quando as adversidades estiverem presentes, apoiar nas horas difíceis, sonhar junto, conquistar, entender que o outro tem sentimentos e desejos que às vezes você não tem. Nem pai, mãe e filhos têm a mesma sintonia e vivem juntos, que dirá um amor. 

Essa luta das mulheres só acabará quando todas se unirem pela mesma dor. Chega de violência. Diga não ao machismo.

A mulher tem proteção contra o abuso. Mas o que fazer com o abusador?

No meu primeiro episódio do podcast sobre abuso contra a mulher, falamos muito sobre os casos que mais aparecem e como a mulher pode procurar ajuda. Uma coisa que sempre falei sobre esse assunto é o porquê de a mulher nunca achar que está numa relação abusiva quando está passando pelo abuso psicológico, sendo um dos piores. Acha que é o jeito dele, sendo ciúme, cuidado com você, mas, na verdade, é abuso.

Nenhum abuso começa com violência, claro, seria demais. Normalmente, são pessoas muito agradáveis com os outros, mas um tormento para quem vive. E o pior, isso é só o começo, depois pode passar para todos os outros, e se não souber identificar os primeiros sinais, pode ser mais uma vítima do feminicídio.

A psicóloga Solange Ferreira e a Assistente social Janaina Costa, da casa de assistência à mulher em situação de risco de morte, Vem Maria, em Santo André, falou muito sobre os casos que chegam e o estado em que a mulher se encontra, e em alguns casos mais graves, são levadas para casas de acolhimento à mulher e seus filhos, para poderem sair da zona de perigo.

Temos muitos canais de atendimento no país, cada região tem o seu, mas também existem os canais nacionais, de emergência, inclusive um aplicativo com botão de emergência para mulheres que estão com medida protetiva e o sinal com as mãos, caso esteja em lugar público e não tenha como falar. Todos foram falados.

Pois bem, temos que avisar as mulheres, orientá-las e falar muito para não permitirem que sejam abusadas, ou que cheguem a um estado de que não sabem como sair, podendo chegar ao feminicídio.

Chegamos a um momento em que falamos. ‘O que fazer com os abusadores’? Avisamos às mulheres como identificar os sinais, como se proteger, mas e como acabar com isso? Quais medidas devem ser tomadas para que os homens que se qualificam ‘machos’ entendam que a mulher é um ser humano como todos, com sentimentos.

Por que acontece tanto, qual o motivo para tanta agressão? A independência da mulher atual, a qualificação profissional, a inteligência que não fica nada atrás de um homem? Não sei a resposta, mas sei que é preciso ser feita alguma coisa. Talvez uma reeducação dos pais para criarem filhos mais humanos que valorizam suas mães, elas também são mulheres.

Honrar a sua origem, sua avó, bisavó, tataravó, a geração da árvore genealógica da qual você veio, senão nem existiria.  Todos estão ou já estiveram no mundo por uma mulher. O mínimo seria sermos respeitadas, e não agredidas.

Já existe muita mulher não querendo mais se relacionar, preferem ficar sozinhas a ser agredida, afinal pode sair de uma relação e entrar em outra igual ou pior, são tantos os casos que não dá para descartar. Se continuar desse jeito, ou acaba a população nativa, ou os homens serão apenas doadores, e descartáveis. Triste fim da sociedade humana.

Não deixe de assistir o primeiro episódio do podcast “Abuso contra a mulher”

Acesse o canal Maristela Prado escritora – YouTube

Por Maristela Prado

 Costela de Adão 

Já escrevi muitos textos sobre mulher, seus direitos e seu lugar nesse mundo machista, um mundo cada vez mais crescente. É incrível que isso ainda aconteça em pleno século XXI, ano 2023, que nem acreditávamos que existiria. Aprendemos que quando chegasse o novo milênio o mundo acabaria, não aconteceu e o machismo continua por aqui, triste realidade. O mundo não acabou, mas acabou o encanto, a simplicidade da vida que vivíamos – hoje, se não for pra mostrar aos quatro cantos, não tá valendo.

Como podemos ter alguém do sexo feminino à frente do mundo dominado por homens? Mulher ter opinião, posicionamento em discussões, liberdade, autonomia? Afinal, se nos contaram que fomos feitas pela costela de Adão é porque somos submissas aos homens, por isso eles mandam. Ah!! agora tá explicado. Não, não devemos obediência nem somos seres a servir um homem só por um pedaço de costela. O que é uma costela perto do que é uma mulher de corpo e alma? Tanto é que a responsabilidade de colocar um Ser no mundo foi dada à mulher e não ao homem.

Será que precisará de mais mil anos para que a mulher seja compreendida como um Ser livre em suas ações, com capacidade para ser e fazer o que quiser? Sem que haja machistas colocando lugares, restringindo e menosprezando só por ser mulher? Como ainda pode ter quem fale que a mulher passa dificuldade por não ter um marido, um companheiro, seja qual for a palavra usada, como pode isso?

A violência contra a mulher para ser considerada uma violência precisa ter morte, ficar desfigurada? A maldade contra a mulher não tem limites, e muitos por aí estão sossegados por não terem matado, ainda. Para os ignorantes é preciso explicar que violência não é apenas física, mas verbal, psicológica, cárcere, escravidão, todas são violências. Portanto, para quem acha que por não bater não está praticando um ato violento, fique atento, muita coisa acabou com a chegada do ano 2000, mas as mulheres ficaram mais atentas a quem são de fato.

Não podemos e não devemos aceitar insultos e desprezos. Grandes mulheres fizeram história de lutas e de conquistas, e vamos continuar mostrando que podemos mais do que nos é ofertado. O mundo não existiria se não fosse o homem e a mulher, por isso não existe o melhor. É preciso aprender a ouvir, podemos transformar, somar, dividir. Precisamos do olhar humano, do amor, do respeito daqueles que um dia chegaram ao mundo pela força de uma mulher.