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Mente, corpo e alma. É autocuidado

Dando continuidade ao podcast da última sexta-feira, ‘Cultura do cuidado e saúde mental na escola’, um tema maravilhoso e de muito conhecimento. Ainda há muito o que se falar.

Quase ninguém olha para um adolescente com cuidado, sempre falando da fase como chata e problemática, mas é aí que mora o perigo. Um adolescente está precisando de ajuda, pedindo socorro, está saindo da infância e entrando numa fase que também não é adulta, as confusões de quem é só pioram. E os adultos, pai, mãe ou responsável por aquele ser, ajudam a piorar.

As escolas preparam um ambiente, nem sempre acolhedor, mas bonito, com propostas de futuro, material atrativo. Será que os professores estão preparados? Como comandar uma classe de trinta ou quarenta alunos, cada um com problemas diferentes, necessidades diferentes, e um professor que também necessita de ajuda?

A demanda do trabalho de um professor é extremamente estressante, trabalha antes, durante e depois, e ainda tem de lidar com questões nem sempre fáceis de encarar. Muitos alunos chegam à escola desgastados, sem orientação, sem tempo dos pais que trabalham e enfrentam muitas dificuldades no dia a dia. Como fica a saúde mental desse adolescente?

São os hormônios, a desobediência, a preguiça. Não, é a falta de maturidade para lidar sozinho com toda essa ebulição de transformação de necessidades do prazer, a ocitocina, o impulso de fazer sem pensar, o autoritarismo dos adultos, medo, opressão, estresse. O córtex frontal ainda não está formado, a maturidade só chega por volta dos 25 anos.

É a fase que mais precisa de atenção dos pais, de conversa, de compreensão, da capacidade de perceber que algo está errado. Nesse momento, a segurança da família é o mais importante para seu filho. Saúde mental é autocuidado, mente, corpo e alma. Portanto, a atenção é necessária, não o julgamento.

As escolas precisam de mais amorosidade com seus alunos, não é passar a mão na cabeça para os erros, é perceber a necessidade de cada um, e para isso é necessário que os professores, os quais estão todos os dias com eles, estejam preparados pela escola para dar o apoio que necessitam.

Os moldes escolares continuam muito ultrapassados, é preciso entender que os alunos aprendem muito mais com a interatividade do que com professor, lousa e aluno. Não faz mais sentido esse processo. Se o aluno chega à escola irritado, desanimado, ele precisa de incentivo para participar, interesse para aprender, e um lugar acolhedor para ter prazer em frequentar.

O mesmo se repete em casa, ter com quem contar, quem se preocupe e compreenda. Um ambiente leve, sem opressão, sem violência, com diálogo e uma convivência prazerosa. Pais que brigam com a escola não ajudam em nada, primeiro é o ambiente familiar, a escola é a extensão que seu filho vive, portanto, é em casa que precisa mudar, a escola ensina, a família educa.

Não há mudança sem amor, não amor sem respeito.

Assista ao episódio 2 do podcast

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Brincadeira de criança virou realidade de adulto

De repente mulheres adultas passaram a brincar de boneca, os bebês reborn. Será mesmo brincadeira ou problema de saúde mental? Até que ponto devemos levar o simples fato de querer ter um bebê que pareça verdadeiro, e fazer dele uma verdade doentia? Sim, não é normal levar uma boneca no pronto-socorro, com mala, roupa, fralda e todos os utensílios que se usa para um bebê de verdade. Fazer parto, levar no parque para passear no carrinho, alguns até nos brinquedos.

Sempre falamos muito em inversão de valores, mas agora já passou do normal. Não querer ser mãe não é um problema, é uma escolha, mas quando mulheres com família, filhos e netos de verdade adotam esse comportamento, é uma situação que deve ser de preocupação para os familiares, não uma brincadeira. A saúde mental está cada vez mais explicita e sem controle.

A falta de convivência humana está deixando a população doente, só se fala por mensagem, não precisa nem sair de casa para comprar nada, é só pedir pelo aplicativo, de comida a roupa e bebida, assim como fazer transferência bancária, pagar contas e muitas outras coisas que se imaginar. Conhecer alguém também vale. Pesquisar alguma coisa, saber endereço, IA faz tudo para você. E o contato físico, um abraço, olho no olho, calor humano? Está acabando.

A falta de afeto, a agressividade das pessoas, enganações, o crescimento desenfreado da tecnologia, transformando o mundo real em tela, mentiras, ilusão, tudo isso está se transformando em alucinação, fantasia da falta do afeto que existe. É como as crianças terem amigos imaginários, aqueles que a gente tem que conversar, dar a mão, dar banho no vazio, naquilo que não se vê, mas a criança vê, sente e brinca. É o que está acontecendo com algumas mulheres, não deixa de ser um bebê imaginário, só que tem forma, e você vê e pega, mas é um boneco, não respira, não reage. Isso é uma fuga.

O inverossímil, a brincadeira, é uma forma de fugir da realidade, esses bebês não te frustram, não te decepcionam, não te tiram o sono, é como se fosse cuidar de um bebê morto. Sair da realidade é uma forma de não lidar com as frustrações que a vida trás, o vazio, torna-se um afeto que faz falta, estamos diante de um problema de saúde mental preocupante. É isso que a vida atual está trazendo, desordem, desorientação, é um apelo por amor, como se falasse: “Ei, estou aqui”. Já vi um caso que foi parar na Justiça pela guarda de um bebê reborn. Não dá para brincar com a Justiça, é hora de se tomar uma atitude.

A sociedade está doente, as pessoas se perderam entre a realidade e a fantasia, o mundo real está pesado de encarar, o mundo está se esvaindo, mas os poderosos da tecnologia não têm dó, cada vez estamos mais envolvidos e vigiados. Quando todos enlouquecerem, não sobrará ninguém para contar o que foi viver no século XXI. Ou começa tudo de novo, ou vão acabar com a vida.

Por Maristela Prado