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Sobre os perigos da vida de hoje

Onde começou o machismo? Lembra quando estava na escola e aprendeu sobre os Paleolíticos? Foi aí que começou o humano, viviam de caça e pesca para se alimentar, começaram as famílias, e quem ficava nas cavernas cuidando da comida que o homem trazia e cuidava dos filhos? A mulher, claro, faz muito tempo. Como dizia Raul Seixas, “Eu nasci há dez mil anos”. É realmente uma frase verdadeira, tudo isso começou há mais de dez mil anos. Muita coisa mudou, mas o machismo não. Engraçado, não é? Tudo evoluiu, menos isso. Até hoje as mulheres tentam ser respeitadas, e não é sobre cargo, salário, é sobre ser mulher, e tudo o que nos envolve.

O mundo está perigoso, não só para as mulheres, mas para as crianças e os adolescentes. Estamos cercados de pessoas perversas que manipulam, enganam, ameaçam, fingindo que apenas estão por aí brincando com vidas, testando até onde uma pessoa suporta. Atender a uma chamada é perigoso, abrir uma mensagem é perigoso, colocar seu filho na escola também é perigoso, acontecem atrocidades inimagináveis, deixar seu filho em casa é perigoso, os criminosos estão em todos os lugares, principalmente nas redes da internet. Mulher nem chamar um carro de aplicativo com segurança pode mais, é visada por todos os lados. A atenção de crianças sendo chamada por joguinhos criminosos, por trás tem alguém prejudicando a infância do seu filho. Quem está por nós?

Deveríamos ter uma proteção mais eficaz, mas não temos, até nestes casos vimos brigas de autoridades e lados políticos. Isso é sério, não tem lado, tomos somos responsáveis pelas nossas crianças, pelos nossos direitos, pela nossa proteção. Apoio, respeito e ter uma vida verdadeira, uma vida sem medo. Chega! Já deu tudo isso. A pandemia não fez as pessoas melhores, fez as pessoas enlouquecerem.

Ninguém está longe de tudo o que está acontecendo, somos todos do mesmo lugar, estamos na mesma situação em qualquer região do nosso país e no mundo, não temos para onde correr. E o ódio continua a ser destilado pelas redes, como se os caçadores de vulneráveis, sendo elas crianças, adolescentes ou adultos, que só repetem o que ouvem sem nenhum conhecimento, não terão o seu dia de azar. O seu lado político não diz nada quando o assunto é vida, se não nos movimentarmos nada mudará, chegará o tempo em que tudo será normalizado, e nós seremos obrigados a aceitar toda essa catástrofe enquanto tomam conta como querem. Quando todos se forem não terá separação de lado, terá separação do que se fez aqui, da índole, do caráter, da capacidade de fazer o mau, ou o bem. A escolha é sua, a vida da sua família depende das suas escolhas, famílias destruídas têm alguém que começou, e tem que haver alguém para parar, que seja por você. Não é na divisão, é na união que somos mais fortes, quando todos querem a mesma coisa, a não ser que goste de sofrer. Acho que não.

Vaidade ou felicidade?

São tantas questões que nos impedem de raciocinar direito que mal sabemos o que é uma coisa e o que é outra. São informações de todos os lados e, para piorar, não sabemos qual é o lado certo. Tem muito sabido de tudo falando na internet, dando dicas, afirmações que nada têm a ver com a vida de verdade. Se na realidade vamos a um hospital e não sabemos se aquele médico realmente é médico, ou se sabe mesmo te dar um diagnóstico, como podemos confiar em qualquer um que aparece com um jaleco branco e um estetoscópio no pescoço? É um tal de pode comer isso, não pode comer aquilo, isso faz bem, isso faz mal, tire isso da sua alimentação, coloque isso. Em três dias você perde 15 quilos! E o pior, tem quem acredite.

Agora imagina o que estão fazendo com a sua cabeça em relação às compras? A todo momento tem algum produto novo, mais potente, mais velocidade, mais isso, mais aquilo. Agora não usa mais cortina, tire isso da sua cozinha, isso não é mais moda para sua casa. Gente! De onde sai tanta loucura? Quem, em sã consciência, vai atrás de tudo isso? Daí as pessoas saem fazendo o impossível para ter um carro de luxo, uma casa moderna, um apartamento de alto padrão, um iPhone de última geração, e nunca acaba.

Hoje compra uma coisa, que felicidade; amanhã já passou e quer outra. É felicidade ou vaidade? Porque insistem tanto em achar que bens materiais trazem felicidade, se ela só existe em alguns momentos da vida, e nem é felicidade, é alegria. E passa. Essa tal felicidade só se encontra nas redes sociais onde todo mundo é feliz, viaja, sai, faz tudo sem nenhum problema. Exibem suas vidas com tanta veracidade que acreditam, mas a vida de verdade não é assim, e isso todo mundo sabe, até quem posta todos os dias aquele sorriso, como se por trás daquilo não houvesse tristeza, batalha, frustração, solidão.

Quantas vidas foram tiradas porque queriam ter a vida daquelas que fingem ser? E quem não pode, nem se quiser, o que faz para ter? Tudo o que a gente já conhece faz tempo. Pode até ter quem vá pensar. Já vai falar de pobre, mas essa classe social é muito maior do que quem posta tudo o que tem de material, mas em alguns casos nem sabe o que é ser feliz, sofre com coisas que um pobre não sofre. Ou melhor, se sofre é igual, só muda o lugar, as pessoas, a condição, mas se tiver um câncer vai morrer no hospital público e o outro em hospital pago, mas que não existe em nenhum lugar do mundo alguém com capacidade de não permitir que morra só porque é famoso ou tem dinheiro, o fim é o mesmo. E quem nunca teve um parente pobre?

Mas a questão aqui é que todos querem hoje tudo por vaidade, ninguém é feliz, aprenderam que é preciso mostrar o que tem, provar que pode, não é para você, é para o mundo. As redes sociais acabaram com a vida de verdade, não só as crianças e adolescentes, adultos também estão expostos diariamente a essa lavagem cerebral, com os celulares em mãos, só olhando aquele mundo de informações e condições de comprar em um clic. Presta atenção, quando está em lugar público, ninguém está conversando ou lendo uma revista, está de cabeça baixa rolando a tela. É um vício como outro qualquer, que leva à ansiedade e depressão. Antes psiquiatra era visto como médico de loucos, hoje todo mundo precisa procurar um. Só descobrimos que a saúde mental é tão ou mais importante do que a saúde física depois que nos bombardearam com tantas informações, e muitas delas falsas. Se a cabeça estiver legal, o corpo não adoece, e se adoecer será coisa comum, nada que prejudique sua vida, seu dia a dia. Escolha ser feliz, e são coisas de graça que te fazem feliz. Imagina você acordar todos os dias? Andar, falar, sentir a brisa do vento, ver o sol, ter uma mesa com comida, ter uma casa, um quarto e cobertas para dormir, poder tomar um banho gostoso, ter família, amar e ser amado. Isso não te faz feliz? ‘Mas sem dinheiro não tenho nada disso’. Tem sim, o suficiente para viver e ser feliz. Quer uma vida longa? Deixe a vaidade (material) de lado e vai ser feliz, o resto que você vê todo dia, passa batido, a realidade não é aquilo mesmo. Eu tenho celular, mas faço de tudo para esquecer o maior tempo possível do dia, às vezes saio até sem, e sabe por quê? Adoro minha liberdade, e o celular aprisiona qualquer um. Se eu precisar? Sempre vai ter alguém com um. Liberdade em primeiro lugar.

Por Maristela Prado

O trabalho agora é para quem não pensa.

Para você que tem mais de cinquenta anos, como está o mercado de trabalho? Se tem um emprego, agradeça e permaneça, mesmo que não goste mais, pois se perder entrará para a turma dos dispensáveis. E sabe por quê? Experiência e títulos hoje não querem dizer mais nada para quem está nessa turma de 50 mais.

Vi esses dias, pois que viralizou na internet, uma mulher bem-vestida e com um cartaz nas mãos, nas ruas de São Paulo, que dizia estar buscando emprego. Cinquenta mais, é bacharel em turismo, concierge e recepcionista bilingue, e no cartaz dava seu nome e WhatsApp. Como isso pode ser possível? Ela é capacitada e tem experiência na área hoteleira, mas tem mais de cinquenta anos.

Aí entra o etarismo que estamos vivenciando, não só para arrumar um emprego, mas, principalmente entre as mulheres, o medo de envelhecer e as loucuras para se tornar eternamente jovem e linda. Mas, voltando ao assunto, o que as empresas procuram é um profissional jovem, descompromissado, que reclama de tudo, arruma atestado para não ir trabalhar, ou melhor, querem trabalhar home! Não aceitam ordens, mas em compensação não gostam de pensar, e o que as empresas querem? Quem não pensa, mas que sabe mexer no chat GPT, que é mais rápido, agiliza tudo e, o melhor para o empregador, por um salário camarada.

Ser inteligente, capacitado, pós-graduado, ter doutorado e MBA não vale praticamente nada, caso não saiba usar as tais ferramentas do mundo digital. E ainda trabalha como PJ e é tratado como CLT, que máximo chegar a essa altura da vida e não servir mais.

Tem empresas que nem dão a mínima condição de trabalho para seus funcionários, como falta de manutenção, cadeiras quebradas, chefes despreparados e descompensados, será que são as pessoas? Aprendi que se for um na turma, o problema é aquele indivíduo, se forem todos, é o chefe. Não sabe transmitir às pessoas aquilo que aprendeu, ou melhor, não aprendeu, apenas fez aquele curso ou vivenciou alguma coisa, mas não se transformou num líder, aquele que joga junto com a equipe. Chefe, geralmente, sabe apenas mandar, como se fosse um capataz da fazenda nos tempos da escravidão.

Ser inteligente é uma condição de todos os seres humanos, mas alguns não sabem utilizar sua inteligência para as coisas certas, só aprendem a usar para os erros. A princípio parecem ser bons, mas com o passar dos anos a conta é cara, e chega. Por isso não temos mais alguns serviços de boa qualidade, são pessoas despreparadas sendo comandadas por outras mais despreparadas ainda em cargos de comando.

Os experientes estão sendo jogados fora, dando lugar a quem não precisa saber muito, apenas repetir o que deve ser feito, sem muitas perguntas, senão também não serve. Tenho visto frequentemente pessoas nesta situação, e a cada dia cresce o empreendedorismo justamente por causa disso. Além da desvalorização, não se tem saúde mental sob pressão além dos limites, tem muita gente doente por causa de trabalho, e não adianta, sai um, entra outro. E a roda continua.

Precisaria haver um mutirão de saúde mental no mundo, ninguém mais aguenta tanta tolice, tanta briga, guerra, ego, discriminação, preconceito, resumindo, os deuses do mundo. Pensam que são, mas são todos problemáticos, em busca de tudo o que não lhes pertence, brigando pelo que não é para eles, inflando o ego por coisas que não servem para nada. Uma verdadeira loucura generalizada que, no fim, sai todo mundo perdendo, vai todo mundo para o mesmo buraco. Deixar história? Só se for para rir porque, para admirar, ninguém.

Quem somos nós? Seremos uma ilusão da vida?

Tudo na vida dá sinais, mas nós não identificamos todos, nem sequer seguimos nossa intuição, e deve ser seguida, você acredite ou não. Eu nunca acreditei que somos formados em seres humanos no útero de nossa mãe numa perfeição tão grande com a ajuda da ciência. Não, não é assim. Somos células que vão se transformando ao longo dos meses de gestação, sem a interferência humana, daí já se vê que somos materializados no útero. Por quem? Fica a pergunta.

Nossos filhos são pessoas diferentes, embora criados da mesma forma e pelos mesmos pais, então há um mistério na vida, senão seriam todos iguais, como uma produção em série, e não são. E amamos do mesmo jeito, embora ainda acreditem que uma mãe ame mais a um do que ao outro, ou outros. Acontece que cada um deles é um ser diferente, com reações diferentes, com pensamentos diferentes. O que não gostamos são essas diferenças no ser, não da pessoa, do filho em questão.

Então por que temos tanto problema em entender a nossa vida se ela nos dá os sinais? Não acreditamos em nós mesmos, precisamos da aprovação do outro para sentir que somos capazes, entramos em ciladas por pura falta de confiança. Cada vez mais vemos opiniões formadas no que o outro falou, no que ouviu dizer, no que a ‘boiada’ está falando. Já chegou a hora de ter a sua própria opinião, a sua visão de mundo, eu disse SUA. Com seus valores, experiências, formação familiar, quem você é de verdade.

Quando não se sente bem, sabe que tem algo de errado no seu corpo, mas ignora, acontece com o vizinho, mas não com você. Daí, quando vai ver, entende que você também é o vizinho. A vida que estamos enfrentando não é só para uma pessoa, é para todos, mas ainda há quem ignore e passe por cima, e pior, nem percebe a enganação, os truques para te enganar.

Viver não é fácil, mas não precisa ser burro ao ponto de ser levado pela jangada. Nascemos com inteligência para sermos nós mesmos. Aprendemos e somos capazes. Agora, aprender os erros e seguir, isso não é de você, é de maus exemplos que acha válidos, como a enganação, ou a esperteza em fazer o mal, levar vantagem e ainda assim se achar mais esperto. Mas e o dia que os sinais forem desfavoráveis para essas atitudes que vão contra seus propósitos da vida? ‘Tudo o que vem fácil vai embora fácil’, já ouviu? ‘Aqui se faz aqui se paga’, já ouviu também? É, ninguém sai dessa vida sem acertar as contas por aqui, e não precisa ser uma doença, pode ser qualquer coisa que tenha feito mal a alguém, e quando o bumerangue volta, te acerta em cheio.

Estamos vivenciando a pior fase da Terra, guerras pela posse de territórios; que envolve dinheiro, como se fossem imortais, ou levariam tudo junto, é motivo de riso. O poder sobre os outros, como os mais fracos, é o que pensam. As indústrias se juntam e umas ajudam as outras a ganhar cada vez mais. Os preconceitos só aumentam, os abusos de todo tipo também, parece que virou uma doença viral, cada vez tem mais.

Onde foi parar nossa capacidade de perceber as coisas? E a nossa origem, valores, exemplos? A manada corre solta, e ninguém respeita nada, está todo mundo com muita pressa, como se o mundo fosse acabar daqui a pouco. Paciência? Não existe mais. Agora somos ansiosos, depressivos, e ainda querem encontrar a felicidade. Acho que ficou lá atrás, quando roubaram de você o seu verdadeiro ‘Eu’.

Preste mais atenção em você do que nos outros, viva a sua vida intensamente, não se preocupe demais com o que estão fazendo, aonde estão indo, quantos milhões estão ganhando. Pense no que se pode fazer para realizar seus sonhos; e não é trapacear, é conquistar. O que te faz feliz? Assistindo ao documentário da Anita, percebi que tudo o que ela conquistou não a fez feliz, ela chegou aonde queria, mas se perdeu no caminho, e não eram esses seus planos. Agora está num retiro espiritual, tentando se encontrar novamente, e sabe por quê? O dinheiro e o sucesso cobraram caro da vida dela, e o que a faz feliz é chegar em casa e ser recepcionada pelos seus cachorros e família com muito amor. A cama da sua casa, a sua vida de verdade. Não se iluda com o que mostram, pense no que não mostram, é ali que mora a tristeza daqueles que você pensa serem felizes. Felicidade sempre foi e sempre será nas coisas simples da vida, e deitar a cabeça no travesseiro em paz.

Por Maristela Prado

O sexismo cresce entre os machistas

Por que a cada dia cresce o número de machistas no mundo? Já falei sobre a regressão do Ser humano em outras crônicas, e essa é uma que está perigosa. A internet está sendo usada para criar machistas, grupos sexistas que incentivam outros homens a se convencerem de que a mulher é fraca, não sabe de nada, e precisa de um homem. Não, nós não precisamos de um homem, precisamos ser respeitadas. A esses machistas de plantão, que não têm nada mais o que fazer, apenas formarem grupos para criarem a imagem de macho escroto, nós, mulheres, dizemos que vivemos muito bem sozinhas, pois tudo o que fazemos vocês não fazem. É aí que mora o ódio contra a mulher, a capacidade que eles não têm.

O grande problema é que está ao alcance de crianças e adolescentes que acabam caindo em grupos, ou até mesmo em jogos online, se deparando com esses tipos influenciando a violência contra a mulher. Fica cada vez mais claro que a criação é o principal fator para crescerem assim. Pois é dentro de casa que temos os primeiros exemplos, como somos tratados e como os pais tratam suas mães.

As crianças estão indo para a escola violentas, se indispondo com colegas, professores, com a sociedade. Como aconteceu recentemente numa faculdade de alto nível em São Paulo, com futuros ‘médicos’ mostrando uma faixa com alusão à violência. Que tipo de criação estão dando para se tornarem tão sarcásticos? De onde vem tanta intolerância, ódio, preconceito?

A formação de um humano é muito mais importante do que qualquer bem adquirido. Formar alguém não é dar tudo o que deseja, tampouco incentivar à maldade, ao deboche, ao ponto de agredir uma pessoa como se fosse natural. “Ter paz é melhor do que ter razão”. Já ouviu essa frase? Mas como tudo, isso é totalmente o contrário do que existe, muitos não querem paz, querem é ter razão.

Não se esqueçam que podem ter uma filha, e isso que hoje você defende, agredir achando que isso lhe torna mais macho, pode ter um adolescente vendo isso e vai fazer exatamente o que você fala com sua filha, imagina que legal!

Imagina sua mãe ser agredida, sua irmã. Não é só com os outros, acontece com qualquer um, inclusive você. Mulher nenhuma precisa se posicionar na crueldade para ser mulher, simplesmente é. Mulher estuda como um homem, trabalha e, não raro, com capacidade maior do que de um homem, e sabe por quê? Mulher não perde tempo querendo mostrar quem é, não precisa fazer grupinhos para falar mal de homens, vocês mesmos já fazem esse serviço, por isso cada vez mais tem mulher preferindo ficar sozinha. Não precisa mesmo de ninguém. Já os machos…

Infelizmente, sei bem o que estou falando, e acho também que os pais deveriam repensar suas posturas, pois defender filhos quando estão errados só gera ego inflado e vencedor, e quando se torna um adulto nunca aceitará a realidade da vida. Lá fora a vida é pedra sobre pedra, e nem sempre se ganha, aliás mais se perde do que se ganha. E papai e mamãe não vivem para sempre, quem vai cuidar e aguentar esse serzinho que você criou?

A biografia da minha família

Hoje vou falar de algo que mexeu muito comigo nos últimos cinco anos, a biografia que escrevi sobre minha família. Sim, levou cinco anos para ser escrita, nenhum trabalho feito com amor fica pronto em pouco tempo. Não basta contar uma vida apenas com fatos, tem que ter história, e isso leva tempo, pesquisa, entrevista com pessoas do passado, poucas ainda vivas. Os vivos ainda guardam lembranças preciosas, e ficarão registradas para sempre.

A ideia começou a partir do orgulho que tenho dos meus pais (ainda vivos), têm uma linda história para contar, mas só saberá quem ler o livro. Como podem perceber, comecei a escrever quando ainda estava finalizando o primeiro livro, “Sob a sombra do amor”, coisa que só um escritor entende. Assim como ler dois livros ao mesmo tempo, ou comprar livros que você sabe que não vai ler agora, mas não aguenta e compra. Ler e escrever é minha vida, e vou continuar a contar histórias, isso me faz feliz.

Toda família tem uma história para contar, não importa se é grande ou pequena, mas todos vieram e se juntaram num mesmo sangue que lhes pertence para a eternidade. Pode ter aqueles que você nem sabe por onde andam, porque tem um tempo que a família se dispersa, cada um segue sua vida, mas os laços jamais terminam. Temos saudades de um tempo que passou tão rápido, mas na época não pensávamos sobre isso, como não pensamos agora, mas vai passar e sentiremos saudade.

Durante a escrita, fui lembrando de coisas que estavam adormecidas na minha mente, era uma janelinha que não abria há muitos anos, e de repente comecei a reviver momentos de muita felicidade. Quanta história, quanta alegria, e como os tempos mudaram. A gente não percebe, mas muda não só aparência, muda a forma de pensar, a vida te traz desafios que te transformam sem que se perceba. As pessoas morrem! E isso não tem aviso prévio. Por isso devemos viver intensamente todos os dias, para não ter arrependimentos, brigas sem razão, não deixar a vida passar como se não pudesse, de uma hora para outra, perder alguém.

Na minha família muita gente já partiu, pessoas queridas, pessoas que a gente achava que seriam imortais, mas se foram; e tenho certeza de que muitas delas me ajudaram nessas lembranças, e de onde estiverem estão felizes em saber que estou eternizando toda nossa alegria, toda nossa história, nossa trajetória. E as próximas gerações saberão quem fomos, quais são as raízes e amores, dons que passam de geração a geração. Como foi bom contar tudo isso.

Agora parece que ficou um vazio, não tenho mais que falar nada, tudo foi aos poucos se tornando um livro. Chegou o fim desse livro, mas não dessa família. Agora é esperar chegar da maternidade, e se tornar páginas de uma biografia de família, contada em verso e prosa, na qual deixo exaltado todo o sentimento que vivemos durante todos esses anos, definido por uma única palavra, amor.

Em breve terá o lançamento, e assim como a história que conto, esse dia será muito especial e com muitas surpresas. Quem viver verá.

Por Maristela Prado

O que é ser mulher no Brasil hoje?

O que é ser mulher no Brasil de hoje? Eu, como mulher, sinto e vejo que a cada dia a mulher se destrói em sua verdadeira aparência e essência, para ser aceita, mas, ao mesmo tempo, isso tem um efeito contrário àquilo que se quer. Não apenas nas relações amorosas, mas consigo mesma.

São tantos os procedimentos estéticos para induzir à beleza fascinante, mas por trás tantas pessoas desonestas se aproveitando descaradamente, justamente para ganhar dinheiro, enganando, ludibriando mulheres que muitas vezes não têm nenhuma imperfeição a ser corrigida, mas são convencidas a acreditarem que têm.

No caso de muitas jovens, é impressionante as buscas pelas suas supostas imperfeições, que são apenas sua perfeição, sua origem natural; querer ser igual a todo mundo é falta de amor-próprio, a menos que seja um defeito corrigível, fora isso cada mulher tem sua própria beleza. No caso das mais velhas parece pior ainda, pois a falta de aceitação da idade e de suas consequências naturais está causando um impacto perigoso na saúde mental. Pode ter quem não acredite e ache que está ótima, o grande problema é quem não faz nada em nome da beleza. E eu pergunto: Do que vale a aparência de jovem se a cabeça não anda ou trabalha como jovem, se o corpo por dentro está velho? Do que vale se orgulhar dos seus cinquenta mais, se, na verdade, é só por fora?

O que você faz com a sua vivência se nitidamente está de lado para viver o bonito, o fascinante, que não traz nada além de elogios, muitas vezes falsos, invejado quando te falam. ‘Não aparenta a idade que tem’. Como assim, isso não é um elogio, no mais das vezes é uma maneira de te provocar. E por fim, qual a satisfação que há sendo que o que você sente não é o que aparenta? Como diz aquele ditado: ‘Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço’. Porque tudo aquilo que se fala e se faz ao contrário não vale nada. Então, o que você é por fora, não é por dentro.

Os casos de procedimentos que estão dando errado é um absurdo, feitos por pessoas desqualificadas, sem conhecimento algum. Colocam depoimentos de pessoas que “já” fizeram falando super bem. Será que ainda não entenderam que isso é estratégia? Por que só teria dado errado para você? Dentista cuida da saúde bucal, não é esteticista, se não gosta do que faz, faz o curso, aprende, mas seja honesto. ‘Não faça com os outros o que não gostaria que fizessem com você”.

E nada disso muda o abuso contra a mulher, ao contrário, os números só aumentam e cada vez mais cruéis. Ser linda, ‘perfeita’, fazer todos os procedimentos, nada disso faz diferença, os abusos estão aí para provar, sabe por quê? Não é o externo que faz diferença, é ser mulher. Independente, inteligente, multifacetada e, principalmente, não precisar de ninguém. Cuide-se por você, sem se preocupar em mostrar para os outros, mas cuide da sua mente, das suas habilidades. Esteja sempre por dentro de tudo, não se permita ser enganada. Quem se aceita e sabe o que quer, se ama como é. O tempo? Mostra o quanto você já sabe, o quanto é importante nessa vida, tudo o que já vivenciou. Se chegou na terceira idade, se dê por feliz, agradeça, tem quem não chega. E vamos falar a verdade, ainda tem muito o que fazer e aprender. A gente vive e aprende, e morre sem saber tudo. Aproveite sua vida e seja feliz como é, cante, dance, ouça muita música, saia e deixe a vida levar. Mais vale uma vida bem vivida do que acabar com seu mental por uma promessa que jamais será cumprida. No fim, todos que envelhecem vão sofrer com os anos que seu corpo ainda suporta. As jovens de hoje também irão chegar nessa idade, e sempre haverá mais jovens, e não podemos nos comparar mais. Viva a maturidade sem medo. O etarismo só existe porque há quem não aceite.

Por Maristela Prado

Anticultura do Brasil

 No dia 2 de março de 2025, o Brasil ganha seu primeiro Oscar de melhor filme internacional. Um filme biográfico da época da ditadura no país, conta a história de uma família que sofreu com as barbáries que eram cometidas. Rubens Paiva, eleito deputado federal por São Paulo pelo PTB, em 1962, partido do então presidente João Goulart. Com o golpe militar de 1964, seu mandato foi cassado, e teve que se exiliar na França. Quando voltou ao Brasil seguiu com sua formação de engenheiro civil no Rio de janeiro. Em 20 de janeiro de 1971, foi levado da sua casa, sem mandado de busca, acusado de manter contato com exilados políticos, e foi brutalmente torturado e morto, sem nunca terem encontrado seu corpo. Sempre foi defensor da democracia, teve sua vida e de sua família destruída.

Esta não é a única história de desaparecimento e tortura registrada no país, muitas outras famílias que sofreram e carregam essa história até hoje. Foram destruídas por um sistema brutal de repressão e censura. Como o caso do jornalista Wladmir Herzog. Sua postura jornalística, relatando acontecimentos sobre a ditadura, fez com que também fosse levado para esclarecimentos, mas foi torturado e morto nos porões da repressão, em 1975.

Cinema, literatura, jornalismo, teatro, artes em geral são sinônimo de cultura. Hoje vivemos, ou tentamos viver, numa democracia, mas não é bem o que acontece, e, apesar de termos tantas informações, tem quem ignore a verdade, como se isso fosse o correto. Mas se nas guerras pelo mundo afora nos revoltamos com mortes de inocentes, ou até mesmo quando sabemos de esquartejamentos e torturas, há quem defenda uma época em que houve tudo isso e muito mais. Por que a anticultura num caso real que deixou marcas em muitas famílias?

Infelizmente me deparei com publicações de deboche pelo filme não ter ganhado todas as indicações, como se fosse um fato político atual. O que um Oscar tem a ver com a política de hoje? Qual a relação de não ter ganhado como melhor atriz; ou o que soa estranho é terem dado o prêmio para uma jovem num papel de dançarina de poli dance? Por que não Demi Moore ou Fernanda Torres?

Ganhamos um Oscar pela primeira vez na história do Brasil, deveria ser motivo de orgulho, mas infelizmente temos brasileiros que torcem contra seu próprio país. No entanto, é aqui que fazem a vida, carreira e ganhos. Foi sim muito merecido, seremos reconhecidos pelo nosso cinema. Ela, Fernanda Torres, nunca quis sair daqui para fazer carreira internacional, e é uma grande atriz. Aos quase sessenta anos ganhou um prêmio gigantesco, mas muitos dos que estão debochando sequer ganharam na escola uma medalha ou símbolo de melhor aluno.

O problema, parece, é que a história contada da realidade que queremos esquecer incomoda. Um país sem cultura não tem história, não tem um povo capaz de transformar nada. A cultura traz entendimento, posicionamento e lucidez. Quem não quer saber de cultura, não tem saúde mental, vive pelo ódio, pelo contra, pela desordem. Os americanos têm orgulho da sua cultura, o que ajuda a forjar artistas de sucesso. O artista sem reconhecimento do seu povo procura fora, e o pior é que encontra. Meu avô já dizia: “Não discuta com ignorantes, eles nunca vão entender”.

Acabou o carnaval

Ah! O Carnaval. Quantas lembranças boas de uma época que não volta mais, a época das marchinhas, das bandas e dos clubes. Do Carnaval de rua, que ainda existe, mas que não era sobre corpos, era sobre diversão, cultura de um país, o samba. Vinham gringos, europeus, até o Príncipe Charles se rendeu ao Carnaval do Brasil, no Rio de Janeiro, arriscando sambar com Pinah, ícone do Carnaval daquela época; e ainda se faz presente. O Carnaval da Bahia, com seus trios elétricos, Pernambuco com o frevo e o maracatu, Paraíba e suas tradições. Manaus com os ‘bois’ Caprichoso e Garantido, conhecidíssimos no País, os desfiles de fantasia que não existem mais. A diversão de forma literal passou.

E o que temos no Carnaval de 2025? Além dos desfiles de rua e de sambódromos tradicionais de Rio, São Paulo e outros Estados, cada um com sua regionalidade e tradição, nos chamados bloquinhos e salões que ainda promovem a festa temos funk, rock e alguma coisa de Carnaval, tudo misturado. Quem inventou que trio elétrico toca Anita, Pablo Vittar, MC, sei lá o quê? Axé, Olodum, ok, fazem parte dessa festa, mas, por favor, cada um no seu espaço. Façam seus shows para quem não quer curtir o Carnaval, passam o ano todo fazendo apresentações meteóricas, e na festa de Momo vão para um trio elétrico? O trio Armandinho, Dodô e Osmar fez sucesso em Salvador muitos anos, hoje só está vivo Armandinho, mas segue a tradição com o trio.  Outros grandes nomes também apareceram, como Chiclete com banana, Asa de águia, Banda Eva, Ivete Sangalo, Daniela Mercury, artistas que consagraram o Carnaval baiano. Eu mesma fui atrás do trio elétrico, e foi uma experiência muto boa. Mas o que é o Carnaval, sempre foi assim rolando de tudo, ou era apenas uma festa que ficou famosa?

As atrações mudaram muito, e é importante que haja evolução na vida. Os amores de Carnaval sempre existiram e continuarão a existir, a alegria, as fantasias, a diversão. Alguma coisa não casa mais com a data, o contexto sexual parece ser o mais importante, não é a diversão. Talvez não se toque mais as marchinhas porque hoje seriam censuradas, como uma ditadura onde não se pode contextualizar nada que possa ser considerado como preconceito, mas antes era apenas uma brincadeira de Carnaval, e ninguém se ofendia a ponto de brigar ou até mesmo matar alguém. Não existia a intenção de ofensa; algumas faziam apologia ao racismo ou à bebida, mas a intenção não era ofender. Vivi minha adolescência nos anos 80, e os carnavais de salão eram animadíssimos, com bandas tocando as marchinhas, inclusive exaltando times de futebol, mas ninguém brigava por isso, era pura diversão. Como fazer músicas para o Carnaval sem brincar? Inventaram uma maneira que foge totalmente do original, mudaram até letras de algumas marchinhas que fizeram a alegria durante anos e anos, e Carnaval virou paradas de sucesso. É a vida seguindo acelerada e cheia de mudanças. E nós, que passamos todas essas transformações, temos de seguir, querendo ou não.

 “Quem viver, verá

Que não foi em vão

Eu quero é muito amor no Coração” (Trecho da música Amor no coração’, com Simone)

Por Maristela Prado

Os perfeitinhos mais imperfeitos

Sabe aquela frase “Deus escreve certo por linhas tortas?”. Pois é, não tem nada de verdadeira, pois Ele escreve certinho em linhas certinhas, nós é que desviamos do caminho e fazemos besteira. Pensa bem, você sempre soube o que queria, do que gostava e do que não gostava, mas se deixou levar por ouvir muitas opiniões que não faziam sentido para você, e assim não foi em busca, ou procrastinou o seu desejo.

Para de culpar seus pais, eles até podem ter dado palpite, mas nós somos quem temos que ser corajosos e fortes para realizar os nossos desejos, e eles estão guardados dentro de nós. Imagina quantas pessoas morreram sem fazer o que queriam ou o que deveriam ter feito, simplesmente por não terem perseverança, determinação. Vale a pena? Claro que não, viver uma vida forçada e sem as suas realizações não fazem sentido.

Todos nós temos talentos, um propósito em estar aqui, e uma missão. Quantas vezes parou para pensar nisso? Muitas pessoas procuram uma profissão que lhes dê condições de ganhar bem para conquistar os bens materiais, mas não gostam do que fazem. Outras buscam uma forma de ganhar dinheiro fácil, mas sem aprender nada, sem dominar um assunto sequer. Esta pessoa está vivendo no caminho dela? Não, está vivendo o fluxo, o que acha que vai ser bom, mas o bom é o que a gente gosta de fazer, aquilo que te faz feliz.

O que observo é que muitos estão mais preocupados em conquistas do que em ser felizes, depois querem saber o que é a felicidade. É ser você mesmo, viver do seu jeito sem ter que dar satisfação a ninguém. Sabem falar, reparar, criticar, mas não sabem cuidar nem da própria vida e ainda querem ser felizes.

Como está acontecendo com a atriz Paolla Oliveira, que não tem um dia de paz, é uma pessoa pública, mas acham que é um ser que precisa ser perfeito. Ela é perfeita nos moldes dela, não interessa se engordou, se é bonita, se precisa melhorar. Dane-se, ela é o que quiser ser, ela chama tanta atenção justamente por ser quem quer ser. Não entrou nessa neurose cansativa da magreza extrema, sem sal e sem autenticidade, não é montada, não é artificial, é ela mesma. Querem bonecas? Manda fazer uma de plástico, porque quem é de carne e osso o tempo vai cuidar de mudar o corpo, querendo ou não, vai envelhecer, perder a jovialidade, isso chama-se vida real. Deixem a moça em paz, ela é linda com todas as imperfeições que têm, e quem fala também é imperfeito, só não é famoso.

A inveja vem dos olhos de quem não se aceita, queria ser o outro, a luz do outro resseca essas pessoas. Por isso, a cada dia temos mais notícias ruins, os milionários querem ser bilionários, os pequenos poderosos querem ser grandes poderosos, os imperfeitos (todos) querem a perfeição; e nem pensam na cultura, educação, só visual mesmo. E agora até países entram em disputas cada vez mais insanas na ânsia de provar qual é melhor, qual tem mais poder. Nunca acreditei no fim do mundo, mas olha, que está com cara de fim, está.

Por Maristela Prado