Um dia desses acordei com uma enorme ventania, às quatro e meia da manhã. Todas as janelas balançavam, e o vento fazia muito barulho. Levantei e fechei todas as janelas num ato de proteção à minha casa e à minha família. Parou e voltei a dormir, mas o dia continuava com ventos fortes. Refleti sobre quem está dormindo nas ruas e não tem como fechar as janelas para se proteger, como e porque as pessoas que lutam para comandar uma cidade, um Estado e um país chegam a esse lugar e não fazem nada para que essas pessoas tenham um lugar na vida. Seja qual for o motivo por que foram parar na rua, não interessa, a vida interessa.
O lugar do poder é cobiçado, disputado como se um fosse melhor do que o outro, mas, no fundo, querem somente o mesmo, enquanto nós estamos sempre à margem, pagamos pelos interesses de rótulos, nada muda. Será que teria tanta disputa se não tivesse salário? Se fosse um cidadão comum, somente com interesse em manter leis e vida digna para a sua pátria? Acho que não, senão estaríamos vivendo num mundo sem guerras por territórios, por riquezas, homens querendo ocupar o lugar de Deus. Que blasfêmia! Todos terão seu lugar garantido na terra, um pedacinho de terra, todos terão um dia, está prometido desde o nascimento, e quem manda você para lá é Deus, não um homem qualquer.
Será que esse vento que acomete o mundo não está varrendo a sujeira que o homem está fazendo? Talvez esses sejam os ventos da limpeza, da ordem, de cada um no seu lugar. E todos temos nosso lugar, é só prestar atenção nos seus atos, nos seus pensamentos. Não adianta falar manso e agir demonstrando satisfação. Os atos falam mais do que as palavras, lembre-se sempre disso.
Uma vez ouvi de alguém muito sábio que as máscaras iriam cair, e quantas máscaras estão caindo e surpreendendo. Devem ser os ventos que estão derrubando tudo pela frente, as máscaras já não se sustentam, vão caindo todas. Como dizia a música que Elis Regina cantava, do compositor e cantor Ivan Lins.
“Cai o rei de espadas
cai o rei de ouros
cai o rei de paus
cai não fica nada”.
Está caindo tudo, até a cara de quem pensava ser sublimado, quem achava ou acha que está acima de tudo, quem manipula, quem controla, quem esquece que mentiras e boas marés acabam. A vida acaba. Caminhamos sem saber aonde vamos chegar, qual o próximo golpe, a próxima decepção, se surpreender com mais alguma coisa que não esperávamos acontecer. E sabe por quê? As expectativas que temos pelas pessoas, acreditamos no mal disfarçado de bem, nas palavras ditas com ar de verdade, mas que são mentiras. Descobrimos nos atos de cada um as mentiras faladas, ninguém sustenta uma máscara por muito tempo, na primeira oportunidade cai tudo e vai para o ralo.
Os ventos estão levando muita coisa embora, a natureza está dizendo quem é que manda, quem tem o poder, e não é qualquer mortal, porque está mudando tudo por causa dos ventos, as queimadas pelo calor excessivo do aquecimento global, derretendo as geleiras que controlavam as temperaturas e davam vez a cada estação, a devastação das matas tirando nosso oxigênio, os poluentes jogados ao ar, a revolta das águas invadindo cada vez mais seu espaço.
Mas as pessoas não aprendem, não percebem o que está acontecendo, continuam agindo como se não houvesse nada nem ninguém que possa parar tudo isso. A ganância virou doença mental, o mundo está doente. Tem gente na rua, tem gente doente, gente dando voz para enganar e se fartando de quem acredita, gente jogando comida fora, enquanto outros não têm o que comer. Mas esses eram os anos 2000 que tanto esperávamos, que o mundo iria acabar assim que chegasse. Está acabando, todos os que estão destruindo, povos, lugares, países e até mesmo continentes. Jogando tudo pela riqueza pelo ego de ser. E quando tudo acabar para onde vai essa fortuna, esses bens arrancados a todo custo? Quem sobrará para se fartar? Provavelmente os que não tiveram nada, os que sofreram pelos ‘soberanos’, a quem teve dignidade, não matou, não enganou, não iludiu.
Não se contentaram em destruir a natureza, agora querem destruir tudo. Estamos à beira do caos, olhe mais com quem você anda, olhe o que está fazendo para seu futuro. Conheça melhor as pessoas, pense mais em você, não acredite em todo mundo, filtre quem entra na sua vida. Colega não é amigo, conhecemos muita gente na vida, mas nem todas são para ficar, vem e vão. Filtre, olhe, e faça da sua vida o melhor lugar do mundo, sem precisar provar nada para ninguém. Se recolha, as redes sociais matam as amizades e os relacionamentos. Viva no anonimato e seja muito mais feliz.