Acabou o carnaval

Ah! O Carnaval. Quantas lembranças boas de uma época que não volta mais, a época das marchinhas, das bandas e dos clubes. Do Carnaval de rua, que ainda existe, mas que não era sobre corpos, era sobre diversão, cultura de um país, o samba. Vinham gringos, europeus, até o Príncipe Charles se rendeu ao Carnaval do Brasil, no Rio de Janeiro, arriscando sambar com Pinah, ícone do Carnaval daquela época; e ainda se faz presente. O Carnaval da Bahia, com seus trios elétricos, Pernambuco com o frevo e o maracatu, Paraíba e suas tradições. Manaus com os ‘bois’ Caprichoso e Garantido, conhecidíssimos no País, os desfiles de fantasia que não existem mais. A diversão de forma literal passou.

E o que temos no Carnaval de 2025? Além dos desfiles de rua e de sambódromos tradicionais de Rio, São Paulo e outros Estados, cada um com sua regionalidade e tradição, nos chamados bloquinhos e salões que ainda promovem a festa temos funk, rock e alguma coisa de Carnaval, tudo misturado. Quem inventou que trio elétrico toca Anita, Pablo Vittar, MC, sei lá o quê? Axé, Olodum, ok, fazem parte dessa festa, mas, por favor, cada um no seu espaço. Façam seus shows para quem não quer curtir o Carnaval, passam o ano todo fazendo apresentações meteóricas, e na festa de Momo vão para um trio elétrico? O trio Armandinho, Dodô e Osmar fez sucesso em Salvador muitos anos, hoje só está vivo Armandinho, mas segue a tradição com o trio.  Outros grandes nomes também apareceram, como Chiclete com banana, Asa de águia, Banda Eva, Ivete Sangalo, Daniela Mercury, artistas que consagraram o Carnaval baiano. Eu mesma fui atrás do trio elétrico, e foi uma experiência muto boa. Mas o que é o Carnaval, sempre foi assim rolando de tudo, ou era apenas uma festa que ficou famosa?

As atrações mudaram muito, e é importante que haja evolução na vida. Os amores de Carnaval sempre existiram e continuarão a existir, a alegria, as fantasias, a diversão. Alguma coisa não casa mais com a data, o contexto sexual parece ser o mais importante, não é a diversão. Talvez não se toque mais as marchinhas porque hoje seriam censuradas, como uma ditadura onde não se pode contextualizar nada que possa ser considerado como preconceito, mas antes era apenas uma brincadeira de Carnaval, e ninguém se ofendia a ponto de brigar ou até mesmo matar alguém. Não existia a intenção de ofensa; algumas faziam apologia ao racismo ou à bebida, mas a intenção não era ofender. Vivi minha adolescência nos anos 80, e os carnavais de salão eram animadíssimos, com bandas tocando as marchinhas, inclusive exaltando times de futebol, mas ninguém brigava por isso, era pura diversão. Como fazer músicas para o Carnaval sem brincar? Inventaram uma maneira que foge totalmente do original, mudaram até letras de algumas marchinhas que fizeram a alegria durante anos e anos, e Carnaval virou paradas de sucesso. É a vida seguindo acelerada e cheia de mudanças. E nós, que passamos todas essas transformações, temos de seguir, querendo ou não.

 “Quem viver, verá

Que não foi em vão

Eu quero é muito amor no Coração” (Trecho da música Amor no coração’, com Simone)

Por Maristela Prado

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