Os perfeitinhos mais imperfeitos

Sabe aquela frase “Deus escreve certo por linhas tortas?”. Pois é, não tem nada de verdadeira, pois Ele escreve certinho em linhas certinhas, nós é que desviamos do caminho e fazemos besteira. Pensa bem, você sempre soube o que queria, do que gostava e do que não gostava, mas se deixou levar por ouvir muitas opiniões que não faziam sentido para você, e assim não foi em busca, ou procrastinou o seu desejo.

Para de culpar seus pais, eles até podem ter dado palpite, mas nós somos quem temos que ser corajosos e fortes para realizar os nossos desejos, e eles estão guardados dentro de nós. Imagina quantas pessoas morreram sem fazer o que queriam ou o que deveriam ter feito, simplesmente por não terem perseverança, determinação. Vale a pena? Claro que não, viver uma vida forçada e sem as suas realizações não fazem sentido.

Todos nós temos talentos, um propósito em estar aqui, e uma missão. Quantas vezes parou para pensar nisso? Muitas pessoas procuram uma profissão que lhes dê condições de ganhar bem para conquistar os bens materiais, mas não gostam do que fazem. Outras buscam uma forma de ganhar dinheiro fácil, mas sem aprender nada, sem dominar um assunto sequer. Esta pessoa está vivendo no caminho dela? Não, está vivendo o fluxo, o que acha que vai ser bom, mas o bom é o que a gente gosta de fazer, aquilo que te faz feliz.

O que observo é que muitos estão mais preocupados em conquistas do que em ser felizes, depois querem saber o que é a felicidade. É ser você mesmo, viver do seu jeito sem ter que dar satisfação a ninguém. Sabem falar, reparar, criticar, mas não sabem cuidar nem da própria vida e ainda querem ser felizes.

Como está acontecendo com a atriz Paolla Oliveira, que não tem um dia de paz, é uma pessoa pública, mas acham que é um ser que precisa ser perfeito. Ela é perfeita nos moldes dela, não interessa se engordou, se é bonita, se precisa melhorar. Dane-se, ela é o que quiser ser, ela chama tanta atenção justamente por ser quem quer ser. Não entrou nessa neurose cansativa da magreza extrema, sem sal e sem autenticidade, não é montada, não é artificial, é ela mesma. Querem bonecas? Manda fazer uma de plástico, porque quem é de carne e osso o tempo vai cuidar de mudar o corpo, querendo ou não, vai envelhecer, perder a jovialidade, isso chama-se vida real. Deixem a moça em paz, ela é linda com todas as imperfeições que têm, e quem fala também é imperfeito, só não é famoso.

A inveja vem dos olhos de quem não se aceita, queria ser o outro, a luz do outro resseca essas pessoas. Por isso, a cada dia temos mais notícias ruins, os milionários querem ser bilionários, os pequenos poderosos querem ser grandes poderosos, os imperfeitos (todos) querem a perfeição; e nem pensam na cultura, educação, só visual mesmo. E agora até países entram em disputas cada vez mais insanas na ânsia de provar qual é melhor, qual tem mais poder. Nunca acreditei no fim do mundo, mas olha, que está com cara de fim, está.

Por Maristela Prado

Qual é a sua história?

Acabei de escrever uma biografia sobre a história da minha família, afinal todos temos uma história a ser contada e lembrada. Quem nunca disse ‘minha vida daria um livro’. E dá mesmo, seja qual for a trajetória, pois escrevemos uma página por dia até o fim de nossas vidas. Todos os dias, ao acordar, é um novo dia que começa, um novo capítulo que não sabemos o que vai acontecer, depende de nós, podemos fazer coisas boas ou não.

Quando comecei a escrever essa biografia não tinha ideia da dimensão que isso tomaria, são minhas lembranças, minha visão do que vivi e escutei sobre o que aconteceu antes da minha existência nessa vida. Daí fica a dúvida: quem vai querer saber do que vivi? Muita gente vai querer, e sabe por quê? Ela é única, tem intensidade, curiosidade, e uma trajetória que nunca conheci outra igual. Até porque, cada um faz e tem a sua.

Entendi que desde o meu nascimento, até os dias de hoje, faço parte de uma geração que viveu e acompanhou todas as transformações do mundo. Por exemplo, lá atrás eram poucas as pessoas que tinham televisão e telefone, comíamos doces à vontade, feitos com açúcar puro, brincávamos na rua de pular corda, amarelinha, bambolê, queimada, passa anel. Nossa, nem dá para enumerar tantas brincadeiras. Não tinha TV a cabo, muito menos controle remoto, tinha mesmo era que se levantar do sofá para trocar de canal no seletor manual, e devagar, senão levava bronca. Criança era criança, adulto dava as ordens, havia hierarquia e respeito, beleza era sinônimo da natureza, ou era bonita ou não era. Os carros eram simples, e éramos felizes assim.

O que mudou? Tudo. Passamos do telefone para o celular tijolão, depois os pequenos, agora os smartphones que fazem de tudo, até aplicação de golpes facilitam. Agora, você muda com os canais da TV sem sair do lugar, e paga alguns canais se quiser assistir coisas diferentes. As fotos não têm mais filme para revelar, o resultado se vê na hora e, se não gostou, apaga e faz outra. Carro quase todo mundo tem, um melhor do que o outro, centenas de marcas, potência, modelos. Criança? Brinca no celular ou tablete, chupeta é tela, nem propaganda de brinquedo tem mais. Ninguém mais tem telefone em casa, mas se é achado em qualquer lugar, não se tem sossego nem privacidade, tem é golpe. Respeito e hierarquia não existem mais, crianças e adolescentes sabem mais do que um adulto bem vivido. E assim vivemos hoje, com tanta tecnologia e evolução, mas não somos mais felizes do que antes.

Meus filhos já vivem essa lembrança, das fitas VHS das locadoras de vídeo, do MP3, Discman, bichinho virtual, a sandália da Sandy, a chuteira do Ronaldinho, o Nike Shocks, os estojos de canetinhas e lápis, que adoravam, a internet discada, o computador de mesa, os CDs, os programas infantis, como ‘Castelo Rá-Tim-Bum’, revistas educativas para as crianças, os grandes clássicos da Disney, a vida de verdade, enquanto doces e comidas foram modificados e agora fazem mal e causam doenças e obesidade. E hoje vivemos a vida de mentira.

A beleza é falsa, a felicidade é falsa, tudo é concorrência, tudo é como um quadro do programa do Silvio Santos, o “Quem dá/tem mais”. Será que ainda tem jeito? como diz a música do Ivan Lins? Se foi o próprio ser humano que mudou tudo isso e fez essa bagunça, por que não sabe voltar atrás e melhorar de novo? A evolução deveria ser mais humana do que tecnológica, mas infelizmente não é o que acontece, apesar de muitos torcerem para a melhora, há outro tanto que prefere que  permaneça assim, e essa pouca porcentagem estraga tudo. Se tudo depende de nós, só será possível vivermos em paz novamente se todos entrarem na mesma sintonia.

“Depende de nós
Se esse mundo ainda tem jeito
Apesar do que o homem tem feito
Se a vida sobreviverá”

(Ivan Lins)

Será ignorância ou maldade?

Quando o homem é de verdade, não foge às suas responsabilidades. Quando há separação do casal, a responsabilidade da criança continua sendo dos dois, afinal a gravidez não começa apenas com um óvulo, sem que seja fecundado; salvo a gravidez in vitro, caso a mulher não consiga engravidar.

Falando sem argumentos científicos, vamos direto ao assunto. Alguns pais, quando se separam, além de acharem que a responsabilidade é da mãe, ainda não querem pagar nada, por alegarem que a mulher vai usar o dinheiro para uso próprio. Quanta maldade e ignorância há nesse comportamento. Uma mulher vive muito bem sozinha, pode fazer tudo o que destinaram ao sexo frágil, como cuidar da casa, comida, filhos, trabalho, e ainda ser independente, inteligente e ganhar seu próprio dinheiro; para os desavisados, a pensão é para o filho menor de idade, pois apesar da separação não existe ex-filho, sua responsabilidade continua.

Quando a mulher engravida, naturalmente seu corpo se transforma, existe um ser sendo formado dentro dela, e não dentro do homem. Seu corpo muda, seus hormônios mudam, e a mulher muda também depois de ser mãe, só não muda sua essência de ser mulher, essa que carrega durante nove meses uma criança no ventre, amamenta, sente dores, vive intensamente a dádiva de ter dentro dela um ser. Mas nem todo homem dá valor a isso. Quando deixam mãe e filho, acham que jamais terão problemas pós terem filhos, mas e a mulher? Já ouvi essa frase uma vez, e hoje tenho pena de quem falou. “Ninguém vai te querer com um filho, o seu corpo já não é mais bonito”. Pois é, a praga virou para o praguejador. Hoje, essa mãe e mulher que ouviu essa insanidade está casada e o filho vive a vida de uma família que lhe foi negada. Já quem praguejou isso, está sozinho, será que é porque tem um filho, ou o corpo dele mudou e já não é mais aquele moço?

Devemos cuidar das nossas palavras, elas têm força e o Universo traz respostas, e normalmente são piores do que as que se desejou a alguém um dia. Devemos também ter amor, aceitação e dignidade para sair de uma relação sem deixar rastros malvistos, o que nos move nessa vida é o que somos, não o que temos, hoje você tem e amanhã pode não ter mais. Suas atitudes são determinantes para seu futuro, se viver com raiva ou pensar em vingança, sua vida será uma batalha sem fim. Estar mais preocupado com a vida do outro do que com a sua vida te faz perder tempo com você mesmo. A vida segue, independentemente da sua vontade. Os filhos crescem e entendem a realidade.

Ao longo da vida, conhecemos muitas pessoas, aprendemos o tempo todo, amadurecemos e tiramos nossas próprias conclusões, e a culpa não é de ninguém, é de quem fez acontecer, não tem volta. Por isso, viva para ser feliz e deixar boas lembranças, já pensou alguém lembrar de você com asco? Imagina o que foi feito para que isso acontecesse.

A vida não perdoa, quem faz o bem recebe o bem, quem faz o mal recebe o mal, simples assim. Ninguém vai sair daqui antes de rever seus erros. Todos erramos, alguns mais, outros menos, mas erramos. Afinal, estamos aqui não é de passagem, como dizem, é para aprender, por isso temos os altos e baixos. Ninguém está sempre por cima, pois a gangorra da vida não para, nós é que temos de evoluir e aprender com os erros. Tem quem não aprenda nunca, chance a vida dá, só não pega quem ainda não entendeu que a vida não é dos espertos, é de quem aprendeu a viver amando e respeitando. Nesse caso, ser um homem de verdade.

Por Maristela Prado

A violência diária em forma de novela

Já não se faz mais novelas como antigamente. Sempre venho falar, ou comparar, o novo com o velho. Seria uma divergência de gerações, ou realmente os valores mudaram muito? Na minha opinião, acho que atualmente vivemos uma dura realidade em todos os sentidos da vida, principalmente nas opiniões. Vivemos numa democracia em que deturparam a liberdade de expressão, em falar o que quiser, doa a quem doer. Não é bem assim. Liberdade significa escolhas, e não ofensas.

Todos temos nossos direitos, mas com limites. Não posso sair por aí batendo, quebrando as coisas por raiva, isso não é direito, é falta de educação e respeito. Violência se aprende, não se nasce violento. Nunca foi na violência que se conquistou algo e nem respeito. Passamos o dia sabendo de atitudes absurdas por acharem que é assim, mas não é.

Nem mesmo no descanso se relaxa. Basta ligar a televisão e está lá noticiário de assassinato, sendo o que mais dá repercussão, sobretudo para emissoras sensacionalistas, as quais adoram causar pânico e medo. O desencanto e, de certa forma, a tensão segue até mesmo nas novelas, que milhões de brasileiros sempre amaram, pois, as tramas se passam principalmente em torno do dinheiro, da riqueza, da safadeza, da violência, do machismo, dos desejos de quem só visa a si.

Fala-se tanto em corrupção e existem tantos corruptos ao nosso redor, pois quando se suborna alguém, quando se dá um jeito de não pagar imposto, coagir, intimidar, trapacear para se dar bem, difamar um colega para conseguir seu cargo, furar fila, ser dissimulado, são atos corruptos. Tem tanta coisa que é corrupção, e os especialistas de fofoca, ou alienados sem informação, falam só de políticos.

As novelas, os jogos online, estão formando experts em violência e trapaças. Hoje, até no núcleo pobre das novelas se dá um jeito de mostrar quem não aceita a vida que leva e parte para o pior. Não tem mais a parte engraçada, o subúrbio de gente simples, só poder, poder e poder. Parece que é assim que tem que ser.

Perderam a mão, estão partindo para um lado que não está dando certo, os remakes estão aí para provar que não é esse o caminho, mas até mesmo a volta de novelas de sucesso no passado não tem o mesmo poder de sedução. E por um simples motivo: nas mãos de roteiristas atuais, que acham que aquele modelo está ultrapassado, mudam a essência, comportamentos, com a justificativa de que é preciso atualizar, pois os tempos são outros. Tudo bem que tem uma coisa aqui, outra ali que precisam ser mudadas, mas deixar de lado aquilo que deu certo é burrice.

Temos ótimos artistas dispensados, eles que deram vida a personagens inesquecíveis, mas que hoje não têm a oportunidade de poder transformar um texto ruim numa grande adaptação, como foi com a novela ‘Amor de mãe’, com artistas do nível de Regina Casé e Adriana Esteves. As duas fizeram a história fluir como se fosse real, mesmo após a retomada pós-pandemia. A partir daí, porém, a impressão que se tem é que aquele hiato mudou tudo, para pior.

O remake de Pantanal deu muito certo até agora, com artistas experientes e uma protagonista jovem e muito talentosa que deu vida a Juma. Até agora, dos remakes realizados, essa foi a melhor. Esperamos que não assassinem ‘Vale tudo’, que foi uma trama realista, mas sem os exageros atuais. Um pouquinho de ficção ainda cai bem.

Por Maristela Prado