Somos todos neuróticos

A neurose são conflitos internos com os quais todos temos que lidar, claro que nem todos temos crises histéricas, mas quem nunca sentiu angústia? Como podemos resolver isso? As terapias estão aí para ajudar.

Desde que nascemos começamos a armazenar uma série de informações, que vão ficando guardadas na memória, mesmo que não se dê conta disso. Basta uma palavra dita por alguém ou lida, que se houver algum gatilho guardado, bom ou ruim, ele aparece na hora.

Imagina quantas memórias temos armazenadas de uma vida inteira, sendo que às vezes temos que lidar com situações que insistem em ser recorrentes e a gente não consegue entender. Alguma coisa no seu passado, normalmente na infância, aconteceu e não vai se lembrar, por mais que se esforce. Afinal, quando algo ruim acontece tendemos a apagar, mesmo que esteja lá. Um medo, fobia, angústia, ansiedade, fobia.

Atualmente, vivemos uma coletividade de neuroses, justamente pelo mundo que estamos enfrentando. Está cada vez mais tenso, o medo tem tido espaço maior devido à nossa incapacidade de mudar as questões sociais. Nem mesmo para nos expressarmos naturalmente temos liberdade.

Isso tudo ajuda a disparar gatilhos guardados que, a qualquer momento, podem voltar à tona sem prévio preparo para enfrentá-los, e naturalmente um desses fatores relatados acima pode desencadear, embora o neurótico saiba exatamente o que está fazendo, sabe da realidade.

O preconceito ainda tem uma força grande sobre quem sofre com esses distúrbios, até mesmo a depressão. As angústias emocionais são pertinentes a qualquer um, não tem cor, posição social, credo ou qualquer coisa que possa distinguir uns dos outros.

Nossa sociedade atual vive estressada, tóxica, mexendo diretamente com nossa saúde mental/emocional. Cada vez mais vimos pessoas desanimadas, cansadas, sem saber para onde remar. Pessoas abusivas em todos os segmentos e, pior, desinformadas e querendo ter razão. É um desgaste emocional perigoso.

Nem sempre uma pessoa sorrindo está necessariamente bem e feliz, guarda atrás um descontentamento, um cansaço emocional, uma perda de pertencimento. As redes sociais mostram isso todos os dias, a família feliz, a pessoa mais sortuda, as mais lindas e poderosas. Essa é a pior mentira do século, é a pior maneira de se expressar para dizer o que gostaria que fosse, mas não é.

Gera a inveja, a falta que existe no outro que está vendo, o não pertencimento àquela felicidade falsa, e faz com que o desejo de ter também cause mais danos quando se vai em busca da perfeição que não existe. Causa o gatilho ruim que adoece.

As pessoas públicas são as que mais sofrem com ataques, não há nada que façam que não seja bombardeado. E quem ataca é o frustrado, invejoso e o que mais angústia emocional sofre, sabe por quê? Para suprir sua falta, aquilo que gostaria de ser e não é, sente um falso alívio em diminuir alguém.

Quando volta para a sua realidade, nada mudou, a vida só muda quando você se permite ser melhor, senão outros sempre parecerão melhor, enquanto não cuidar das suas emoções perdidas no armazenamento do seu cérebro com milhões de livretos guardando seus traumas e gatilhos. Trate-os, deixe as pessoas em paz e seja feliz de verdade, sem colocar nas redes sociais. Só você precisa saber quem você é.

Pequenos superdotados e o futuro

Já falei sobre a adultização de crianças, que não para de crescer nas redes sociais, isso num mundo cruel e repleto de violações. Sempre se vê recomendações sobre a exposição das crianças na internet, como não postar com uniforme, carros de luxo, em frente à casa ou condomínio, e mais que tudo, exibir rosto e colocar os pequenos em situação de extrema vulnerabilidade. Mas não é o que tenho visto.

Agora virou moda expor habilidades de inteligência de crianças. Tudo bem que você se orgulhe disso, qual pai e mãe não se orgulham, mas está havendo uma concorrência anormal quanto à capacidade cognitiva e intelectual, e com isso pais aproveitando o sucesso de crianças inocentes ganhando notoriedade à custa da exposição.

Realmente são muito inteligentes e avançados, mas será que ninguém parou para pensar que essas crianças serão o futuro no mundo? Elas não são superdotadas apenas, elas estão chegando prontas para mudar tudo. Por isso sabem falar bem, raciocínio lógico, a cognição avançada e aprendizado rápido. Será que ninguém notou?

E não para por aí, tem jovens muito inteligentes e capazes que não são expostos desta forma, já sabem falar sobre a realidade que não querem que saibamos. Não tem graça. Como Greta Thunberg, uma ativista sueca que ouviu falar sobre o aquecimento global pela primeira vez aos oito anos em 2011 que discursou até na ONU. Foi diagnosticada com síndrome de asperger (espectro autista), porque depois que soube sobre o assunto ficou muito preocupada, não saia da sua cabeça o pavor sobre o futuro e a falta de ação dos adultos. Entrou em depressão e foi dado o diagnóstico. Agora eu pergunto. Uma pessoa carrega consigo um diagnóstico de uma doença pelo que sentiu ao saber, mas em momento algum levantaram a capacidade intelectual de ela ter tido essa compreensão de um assunto tão importante, e com pouca idade.

Assim como ela, existem outros, mas a inteligência para o bem não é notada ou valorizada, apenas quem comete o mal é que tem holofotes. Um influenciador que leva a informação falsa é ovacionado, o professor que traz conhecimento e cultura é desrespeitado. E as crianças inteligentes, quando serão notadas como possíveis seres transformadores e não por ego dos pais e instrumento de trabalho infantil?

Tanta coisa acontecendo no mundo e parece que nada disso terá qualquer repercussão, mas não vai acabar em pizza. As crianças superdotadas estão nascendo para enxergar o que os adultos superdotados de ganância não querem enxergar. O mundo está sendo destruído não só pela guerra armada, mas pela guerra do poder, o domínio, do melhor, do mais esperto.

Essas crianças precisam se tornar adultos emocionalmente saudáveis, sem o foco da famosidade, mas com foco na inteligência que lhes cabe e no quanto podem ser transformadoras para as futuras gerações. O poder de mudar o mundo para um lugar mais consciente, de não lutar por domínios que só existem na mente desses que são os verdadeiros doentes da Terra.

 A infância passa rápido demais, e estão tirando essa fase cada vez mais cedo. Deixem as crianças viverem, brincarem e serem felizes. Não precisa mostrar tudo o que acontece na vida delas, a maldade chega pelos olhos, pelos pensamentos. Nem tudo é visto com bons olhos. Deixem seus filhos no anonimato, eles precisam da atenção e orgulho dos pais e não do mundo.

O veto dos celulares nas escolas

Escolas de todo o país estão aderindo ao desuso do celular no espaço escolar. Esta medida tem urgência no que se refere à saúde mental das crianças e adolescentes, diante da falta de atenção, falta de foco nos estudos, e, principalmente, e a necessidade de estar conectado em tempo integral.

Com o passar dos anos, e a tecnologia avançando cada vez mais, tanto crianças como jovens se distanciaram da socialização entre si. É cada vez mais comum se deparar com rodinhas de amigos e todos conectados, sem interação alguma. Isso, por sua vez, destrói os relacionamentos olho no olho, conversas e convivência em grupo.

O Ministério da Educação anunciou um projeto de lei para vetar o uso de celulares na escola, algumas já baniram o uso, e o resultado tem sido positivo, tanto para as crianças como para os adolescentes, que é muito mais difícil fazer compreender, mas alguns têm achado o veto positivo, pois agora interagem muito mais com os amigos.

Há relatos de que crianças de até três anos precisam de um acompanhamento mais de perto. Segundo matéria do G1, existem crianças nessa faixa etária que não comem ou não trocam de fraldas sem o celular. Um grande perigo para o desenvolvimento cognitivo das crianças, de modo que é preciso consciência das escolas, as quais já estão se adaptando à proibição, e aos pais dentro de casa, estabelecendo hora e tempo para o uso.

Nas escolas as telas são importantes para uso nos estudos, como pesquisas, livros digitais, vídeos interativos, simulações e jogos educativos, mas sem acesso às redes sociais, sendo que são elas que mais tiram a atenção e distraem os alunos.

Criança precisa brincar com joguinhos educativos, parquinho, interação com os amigos, hora do lanche sem celulares, participação nas aulas, interesse por livros, pelo aprendizado, pelo ambiente escolar. Tirar a atenção dos pequenos para as telas é uma forma de amor, para crescerem e aprenderem a conviver com pessoas, e não apenas virtualmente.

Os adolescentes estão crescendo com problemas psicológicos nunca vistos, preferem a interação pela internet, dentro do quarto e sozinhos, causando irritabilidade, ansiedade e até mesmo depressão. Dificuldade no convívio social e em lidar com suas emoções. Além de estarem expostos a abusos e conhecimentos em desacordo com a idade.

Não bastasse tudo isso, estão sendo seduzidos por apostas de jogos onde crianças estão aderindo e jogando, ou seja, um vício que não tem nenhum cuidado onde são postados. A internet tornou-se perigosa, se não estivermos atentos em qual ambiente os jovens estão tendo acesso, teremos um futuro de pessoas com severos transtornos psicológicos, vícios e completa falta de interação com pessoas.

Isso é saúde mental de crianças e adolescentes, não estamos falando de adultos que já se corromperam ao mal uso da internet e a usam para o mal. O futuro depende apenas de como essa geração está sendo exposta sem qualquer preocupação ao conteúdo ao que estão tendo acesso. O futuro a eles pertence, mas o presente somos nós que devemos preparar.

Dia da minha criança interior

Essa menininha da foto sou eu com cinco anos, mas ela ainda vive em mim. Aquela criança tímida, que não sabia se defender, hoje superou isso, mas a sede que tinha de escrever e contar histórias permaneceram até que eu entendesse que não era jornalismo o meu caminho, mas a literatura.

Contar histórias sempre foi minha brincadeira predileta, só não sabia que aquele turbilhão que rondava minha mente seria a coisa mais linda e importante que faria na minha vida adulta. Demorei para entender, mas entendi.

Observadora sempre fui, mas a timidez e o medo que me impediam de expor minhas ideias me fizeram guardar só para mim. Nunca fui vista como uma menina que pensava diferente das outras crianças, e isso me custou vários episódios de “ela é quieta, não é de falar muito”. Acontece que eu estava observando, analisando e descobrindo como era difícil lidar com as pessoas, e eu pensava: ‘O que se passa na cabeça dele(a) para falar isso? Por que age assim?

Gosto de escrever o que vejo e o que concluo sobre tantos comportamentos por trás das pessoas. Analiso com muita facilidade cada um. Aprendi com a vida, mas também com muito estudo sobre o comportamento humano, o que sempre me fascinou, mas não percebi antes.

Hoje posso falar com confiança sobre o que sei, escrevo minhas crônicas sabendo muito bem o que estou falando, leio muito, fiz e faço muitos cursos. Aliás, estou fazendo um de neurociência para me aprofundar melhor sobre o comportamento humano. Jamais falaria nada que não soubesse.

Meus pais foram os meus maiores incentivadores para que isso aflorasse em mim, fui criada numa casa com jornais, revistas e muitos livros. Aprendi desde cedo que era importante ler, e foi assim que me tornei uma escritora, e tenho muito orgulho. Esta é minha vida, é o que amo fazer, escrevo todos os dias e o repertório é vasto.

Uma vez disse para meu padrinho que um dia escreveria um livro, escrevi “Sob a sombra do amor”, lançado ano passado, sobre relacionamento abusivo, um assunto que todas as mulheres deveriam ler. Pena que ele não está mais aqui para ver, pois me incentivou muito para escrever, e já estou finalizando o segundo, em breve saberão. Não ficará só nestes, a menina que fui ainda tem muitas ideias e ideais, e não parará.

Mais mulheres no comando

‘Mulher não vota em mulher, não porque é inteligente’ (palavras de um machista querendo dizer que mulher é burra para assumir o poder), mas porque é muito difícil tirar esse estereótipo do poder sempre ter sido de homens. Isso tem que mudar.

Em vez de ficarem se atracando na internet, ou rezando no meio da rua porque o seu candidato não venceu, passe a votar em mulheres, pelo menos assim chegaremos um dia a ser maioria nos postos de comando.

A própria mulher acaba sendo machista agindo desta forma, dando chance para sermos cada vez mais menosprezadas. No fim, acaba que ficamos sem opção de voto, as mulheres são a minoria nas disputas, mas são a maioria no eleitorado, portanto, nós é que elegemos os homens.

O Brasil lutou tanto pela democracia, e o que estamos fazendo com ela senão brigar por candidatos que sequer conhecemos? A política se tornou um ringue, cada um fala e faz o que quer, no impulso ou na maldade mesmo. O que está acontecendo senão uma epidemia de transtornos mentais? Não é normal o que estamos vendo.

Pleitear um cargo não é na unha, existe a diplomacia e a seriedade de quem realmente deseja fazer algo, ou pelo menos mostrar sua pretensão. Quando uma mulher está lá não é levada a sério, é debochada e desqualificada. Mas não percebem que elas sempre têm argumentos e respostas firmes, não perdem a linha, não descem do salto.

Para eles, mulher deveria continuar sendo ‘do lar’, palavra pejorativa que jamais deveria existir.  Somos tudo o que quisermos ser, inclusive estar no comando, encabeçar cadeiras tidas para homens, com a capacidade de trabalhar sem precisar atacar, falar ou humilhar, porque quem usa de subterfúgios só demonstra incapacidade e medo, precisa destruir o outro para aparecer, senão será engolido. Por isso preste atenção no posicionamento, falar qualquer um fala, já fazer.

O passado é o presente

Dizem que não podemos viver do passado, nem pensar no futuro, porque o presente é onde alicerçamos o que desejamos, mas como esquecer o passado se hoje somos fruto dele?

Quando você olha para a história da sua vida, a sua infância, a sua família, o que você sente? Saudade de uma fase feliz, boas recordações, ou mágoa, tristeza, raiva? Todos nós temos boas lembranças, em algum momento ficou marcado no seu coração. Não importa se houve problema, sempre há na vida de qualquer pessoa, não existe a felicidade plena.

Se parar para pensar vai lembrar de algum momento, e verá que muita coisa mudou, mas a sua essência não muda. Ainda existe aquela pessoa dentro de você, senão não seria o que é hoje.

Somos feitos de momentos, tudo passa em um segundo e, se desperdiçar esse único segundo, já terá perdido o que há de mais importante, o tempo. Se fechar os olhos por um minuto que seja e sentir sua respiração, se acalmará e sentirá a paz que vive desejando e não encontra, pois ela está dentro de você, mas não temos tempo de perceber.

Uma criança, quando está brincando, está vivendo aquele momento inteiramente, mas por que quando crescemos perdemos esse foco? Estamos mais preocupados com o futuro do que com o presente, e o futuro ainda não chegou, e se não fizermos nada agora ele nem vai chegar. Por isso tanta frustração.

A nossa criança está sufocada em algum canto da nossa alma, com ansiedade, pânico, depressão, por viver de futuro, sofrer por uma situação que nem existe ainda. Isso mata. E o passado, onde está? Na sua memória, na sua saudade, no seu arrependimento, no esquecimento das coisas boas.

Se o meu passado me fez assim, por que devo esquecer? Se meu passado me sufoca por que não mudo agora? Se meu passado me traz boas lembranças, por que não vivo mais como antes? O que mudou?

Minhas experiências, as pessoas que conheci, os trabalhos que fiz sem querer, as dificuldades que enfrentei, as situações que não esperei, as expectativas que criei e acreditei, mas não existiam.

Cada pessoa carrega consigo sentimentos que não sabemos, atrás de um sorriso há muitos mistérios, desejos e sofrimentos que não sabemos. Por isso não julgue ou condene sem saber daquela história, conhecemos as pessoas por fora, por dentro “cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é” (Dom de iludir/Caetano Veloso).

Antes de condenar pare e pense. E se fosse comigo, eu aceitaria? Empatia.

A conclusão é que só nos sentimos felizes quando lembramos do passado que não demos a importância que tinha, só porque era o presente. Se soubéssemos disso antes teríamos lapidado o futuro, e quem sabe viveríamos a felicidade plena.