Saudosismo. Do que você sente saudade?

A saudade é um sentimento normal do ser humano, mas o saudosismo é muito maior
por se tratar de uma época, uma parte do passado da vida. Já há algum tempo isso vem
crescendo em um nível, digamos, maior do que acontece normalmente, onde o atual e o
antigo esbarram de uma forma saudável. Mas não é assim que tem acontecido.
Bem devagar começou a se falar do velho e saudoso vinil, a bolacha ou LP, como se
falava. Quem não se desfez dos seus LPs para dar lugar ao CD? Por qual motivo
acreditamos que nunca mais sentiríamos saudades? Ou que não precisava se desfazer
das relíquias das nossas vidas tão ricas de passado? Não pensamos nisso, e eles
voltaram tão intensos que os artistas do passado e os novos aderiram às gravações em
vinil, e quem guardou seus aparelhos, hoje pode ouvir seus artistas prediletos no
aparelho de som com toca discos, quem não guardou paga caro por uma relíquia.
Mas não foi só isso que voltou, é muito comum fazer uma pesquisa de decoração de
casa, ou até mesmo acabamento e encontrar os ditos retrô ou vintage, paredes de
cozinha pintadas pela metade, rádios com designer antigo, vitrolas, aparadores, cadeiras,
tudo misturado com o novo. A moda que vai e volta, as músicas que tocam e fazem
sucesso até hoje, os conjuntos antigos lotando estádios, sejam brasileiros ou
estrangeiros, e até novelas antigas regravadas e fazendo o mesmo sucesso de antes. O
que está acontecendo?
O povo está com saudades do mais simples, da felicidade de um passado que, apesar
dos pesares, era mais leve. Ostentar era ter uma vitrolinha no quarto, era ter um móvel
com o aparelho de som mais potente e muitos vinis para ouvir, ter telefone em casa;
nem todo mundo tinha. Eram poucas as coisas, mas éramos felizes.
Os conjuntos que fazem sucesso compuseram músicas imortais, letras e melodias,
fizeram história, e isso não tem preço, não tem fim, ficam para sempre. Existiam
problemas? Claro que sim, o mundo nunca foi perfeito, mas não era tão imperfeito
como agora. As novelas estão sendo recuperadas porque as histórias, apesar de terem
fatos perturbadores, saíam da mesmice, eram interativas e cativantes, coisa que agora
são meses no mesmo assunto. Cansa.
As pessoas estão em busca de algo, de recuperar uma parcela daquilo que fez um dia
suas vidas felizes. Seja um objeto, uma música, uma roupa, seja lá o que for, você foi
feliz. O saudosismo exacerbado é um resgate, é um olhar para o passado que não volta
mais, apenas faz bem, nem que seja por alguns minutos, a felicidade volta igual ao
momento que você viveu, se mistura com o presente, e molda o seu futuro. Seja feliz
agora, um dia vai lembrar desse momento como se fosse hoje.

Louco ou normal?

Estamos no fio da navalha

Ser normal é tudo o que eu não quero. Como ressoa para você essa frase? Para mim quer dizer: igual a todo mundo. Não, eu não quero ser igual a todo mundo, fazer o que todos fazem, ir a lugares que todos vão, fazer as mesmas viagens, fazer as dietas da moda, usar as roupas da moda, ter a mesma cara, cabelo, tipo de corpo. É muito chato ser normal, é falta de criatividade para si mesmo, é muito bom ser diferente, enquanto todos repetem os mesmos padrões e fazem tudo igual, eu ando na contramão, sempre fui assim, é libertador.

Quem foi que disse que ser normal é o lado certo? Entre ser normal ou ser louco é preferível a loucura. Para a maioria das pessoas ser normal é o equilíbrio do ser humano, mas a vida não tem equilíbrio, por isso mesmo vivemos entre um e outro. O ser humano não é feito só de corpo, é um ser falante, e quem fala racionaliza, e quem racionaliza analisa, e quem analisa? O louco ou o normal? O louco, claro, daí ser chamado de louco, porque o normal pensa e não analisa, só vai.

Quando se está lúcido é porque sabe o que está falando ou fazendo, foi pensado, analisado e compreendido, e isso não precisa necessariamente ter sido aceito, ao contrário, é saudável dizer não àquilo que a maioria diz sim, não é preciso fazer tudo igual como se a vida fosse um roteiro, o seu roteiro pode ser diferente, e as diferenças é que fazem de você ser a pessoa que é. Quando todos fazem tudo igual é que existe algo de errado, isso não é ser normal. Se somos seres falantes e racionalizamos, desta forma estamos sendo irracionais, seguindo um modelo de vida que inventaram, e te contaram que era assim que deveria ser.

Em tempos de influencers, que aliás virou profissão, vendem ilusão aos mais despreparados. Contam uma vida de riquezas, medicamentos milagrosos, conquistas maravilhosas, e o melhor, tudo muito fácil. Quem precisa de alguém para guiar sua vida como se fosse isso o correto? Quem disse que o que o outro diz é o correto e não você? Será que realmente um ser precisa de um influenciador na vida? A velha frase, o que é bom para mim pode não ser bom para você.

Não te contaram quantas pedras tiveram que tirar do caminho, ou até submeter-se a situações que talvez você não tenha coragem, mas falando parece ser fácil. Depois que desligam as câmeras, a realidade deles também ressurge, e você nem sabe quantos dissabores aquelas pessoas sentem. E sem saber, está tentando ter o mesmo vazio de quem te vende a vida perfeita.

“De louco todos temos um pouco”. Então sejamos loucos, e vamos assumir nossa loucura, já que entre a normalidade e a loucura estamos no fio da navalha. Uma hora escorregamos um pouco para um lado, e hora para o outro, saímos do sério, falamos sozinhos (sim, você já falou sozinho, já xingou sozinho, já riu sozinho). Para quem? Para o louco que habita em você.